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Covid: vacina da Rússia chegará ao Brasil se o governo permitir, diz médico

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O  infectologista Kelson Veras destaca que a ciência só dá a garantia da eficácia de uma vacina quando ela é testada e os estudos publicados em jornais de confiança. Com a publicação, outros peritos irão analisar e verificar se de fato a vacina e/ou tratamento é eficaz e segura para a população.

"Infelizmente, a Rússia pulou essa etapa. Ela vai começar a aplicar sem saber se a vacina tenha eficácia. Em relação à segurança, por outros laboratórios estarem testando tecnologia semelhante, eu creio que a segurança não seria o maior problema. O problema é que se ela não testar a Rússia não saberá se está alocando recursos à toa  em um produto que não vai funcionar". 

Veras ressalta que a vacina só chegará ao Brasil para uso da população se o governo  assim permitir. O médico acrescenta que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) é o órgão regulador e determina se um produto é eficaz para ser usado em cada doença. 

"Por exemplo, no caso da cloroquina, o governo brasileiro, os governos municipais, estaduais, aprovaram o seu uso sem saber se era seguro e sem saber se funcionava. Na verdade, até tendo evidências que não funcionava, os governos aprovaram o uso. Então, vai depender dessa política". 

Vacina 

O médico explica que "a vacina aprovada na Rússia é pesquisada para várias outras doenças. Trata-se de um vírus benigno para o ser humano chamado adenovírus, no qual é incorporado material genético do coronavírus. Então, quando esse vírus benigno é injetado no nosso corpo, ele vai apresentar ao sistema imunológico componentes do coronavírus contra os quais o sistema imunológico trabalhará uma defesa que poderá nos proteger da Covid-19"

"O mundo inteiro já usa essa tecnologia. Inclusive, não é a primeira vacina aprovada para coronavírus. A primeira vacina aprovada para coronavírus com essa tecnologia é uma chinesa. Desde junho, a China já está vacinando os militares com essa vacina".

Sobre o processo de criação de uma vacina, o médico explica que primeiro, começa o estudo em animais, a fase pré-clínica, para saber se realmente fabrica anticorpos. "Depois partimos para a fase 1, 2 e 3.  O que diferencia a parte 1, 2 e 3 é a quantidade de pessoas em cada fase. Começa com poucas pessoas e a medida que vai ganhando confiança, segurança, notando que a vacina leva a fabricação de anticorpos, vai aumentando o número de pessoas". 

A fase 3, segundo o infectologista, tem um diferencial a mais das demais para maior controle da eficácia. "Na fase 3 nós usamos tanto a vacina como uma substância inerte chamado 'placebo', que é vacinado não sabe se realmente está recebendo a vacina ou simplesmente está recebendo algo comparativo, o 'placebo', algo inerte".

"O cientista que está aplicando não sabe, quem está sendo vacinado não sabe. Essa é a única forma da gente saber se uma medicação, se uma vacina, funciona. É você vê quem foi realmente  vacinado e comparar com aqueles que na realidade receberam apenas o 'placebo' e vê se houve uma maior proteção no vacinado", acrescenta o médico. 

Carlienne Carpaso
[email protected] 

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