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Prefeitura exige que motoristas suspendam greve para liberar pagamentos de tíquetes

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A Prefeitura de Teresina pediu o estorno dos R$ 600 mil que seriam destinados para pagar o tíquete alimentação de motoristas e cobradores de ônibus. A categoria está em greve desde esta segunda-feira (25). 

O repasse do recurso foi anunciado ontem após reunião com os trabalhadores e empresários no Palácio da Cidade e seria a garantia para o fim da paralisação. A Prefeitura afirma que só irá fazer o pagamento se os trabalhadores suspenderem a greve de ônibus, que já dura dois dias. Para a PMT, o acordo não foi cumprido, já que nesta terça-feira a capital do Piauí voltou a ficar sem transporte público.

“Nós temos algo em torno de 150 ônibus, Dr. Pessoa transferiu R$ 600 mil que daria R$ 4 mil por ônibus, imagino que cada ônibus tenha um cobrador e um motorista, seria R$ 2 mil para cada um de tíquete refeição. É uma quantia altíssima. Mesmo assim a greve não foi terminada. Como não foi terminada, pedimos o estorno do dinheiro da prefeitura. Se o dinheiro era para resolver o problema da greve e não resolveu, esse dinheiro volta ao cofre da prefeitura. Ele foi cortado de um algum lugar importante também”, disse o secretário de finanças, Robert Rios, em vídeo divulgado pela prefeitura de Teresina (veja acima).

Segundo ele, ontem o prefeito Dr. Pessoa comandou uma reunião onde ficou acertado o pagamento e o fim da paralisação.

“Ontem Dr. Pessoa comandou uma reunião com empresários do setor de transporte coletivo, com membros que não eram do sindicato, mas eram motoristas, cobradores, pessoas que operam no setor. Eles reclamaram que no tempo da covid havia um repasse para esse setor e esse repasse terminou, não existe mais. Mas mesmo assim o Dr. Pessoa, generosamente, ofereceu R$ 600 mil para oferecer cestas básicas já que os trabalhadores pediam o tíquete alimentação”, afirmou.

Foto: Gorete Santos/ TV Cidade Verde

O dinheiro seria enviado ao Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina (SETUT) para subsidiar o pagamento do tíquete alimentação. Em nota, o Setut disse não ter recebido o recurso e que o mesmo foi depositado na conta da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (Strans).

“O SETUT esclarece que o repasse realizado pela prefeitura de Teresina foi depositado na conta da Strans e que não teve acesso ao recurso disponibilizado. A entidade reitera ainda que o executivo municipal ordenou à Strans para que o dinheiro não fosse repassado ao Setut, para posterior pagamento aos colaboradores, tendo em vista que o acordo entre Sintetro e a prefeitura, feito em outubro de 2020, previa seu cancelamento em caso de realização de movimento grevista da categoria”, informou o Setut.

Na reunião de ontem, Dr. Pessoa disse que se o problema no transporte público não for resolvido em 30 dias, vai autorizar a criação do sistema de transporte municipal. “Se isso não evoluir, no prazo de 30 dias, começaremos a montar o sistema de transporte coletivo. Não será de forma açodada. Veremos a parte jurídica para caminhar dentro da legalidade. Tomarei uma decisão, não vou deixar a sociedade de Teresina clamada e abandonada”, ressaltou o prefeito.

Segundo a Strans, apenas 16 dos 300 ônibus que deveriam atender a população durante o período de pandemia nesta terça, circularam. O número representa aproximadamente 5% da frota que deveria estar atendendo a população da capital. 

"Não recebemos nenhum centavo"

Motoristas e cobradores já haviam afirmado que só voltavam ao trabalho quando o dinheiro do tíquete alimentação tivesse em conta. "Nós nunca recebemos nenhum centavo. Como é que ele (Robert Rios) diz que botou dinheiro em conta? Ele mostrou o depósito? Estão querendo jogar a população contra a gente. Se tivesse caído ontem, a gente tinha voltado ontem ainda", afirmou o motorista Antonio Cardoso ao Cidadeverde.com.

O motorista disse ainda que, só de faltas, o valor que será pago de tíquete será descontado.

"Só as faltas que a gente já tem passa desse valor prometido. Não sei o motivo de esses juízes do trabalho não chamar o Setut pra assinar a convenção. A gente não está querendo nem aumento, só o tíquete e plano de saúde ainda de 2019", declarou.

Hérlon Moraes
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Tags: greveônibus