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Pandemia fez aumentar os casos de miopia

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São inegáveis a gravidade e a extensão dos impactos da pandemia de Covid-19 na sociedade brasileira.  Há quase um ano, a população convive com regras e normas impostas para coibir o avanço do novo coronavírus como, por exemplo, com o distanciamento social, que exige das pessoas outras formas de convivência e de trabalho. 

Se por um lado a permanência maior e restrita dentro de casa, o home office, as aulas, os encontros e reuniões on-line contornam e resolvem inúmeras situações, por outro intensificam a exposição de adultos, adolescentes e crianças às telas de computadores, tablets e celulares. Porém a falta de controle na utilização desses dispositivos, acarreta riscos à saúde ocular, acelerando a prevalência da miopia em adultos, adolescentes e crianças.

Um estudo realizado na China com mais de 120 mil crianças no ano de 2020 apontou que houve um aumento de três vezes nos casos de miopia em crianças chinesas de 6 a 8 anos em comparação com os cinco anos anteriores. Coordenado pelo professor do Departamento de Oftalmologia da Universidade Emory nos Estados Unidos, Jiaxing Wang, os resultados foram publicados na JAMA Ophthalmology, revista científica dedicada ao campo da oftalmologia.

O oftalmologista Mateus Vilar, explica que esse aumento está diretamente relacionado ao excesso de tempo em frente às telas digitais. "O uso excessivo de equipamentos eletrônicos como celulares, tablets e computadores, ampliado durante o isolamento social, contribuiu para esses dados. Isso porque esses aparelhos muito próximos ao rosto, forçam a visão de perto forçando um remodelamento do formato dos olhos o que acelera o aparecimento da miopia. Muitas deixaram de realizar atividades ao ar livre e de estimular a visão à distância", comenta.

Esse foi o caso do pequeno Henrique Manoel, de apenas três anos, que já sofre como o problema. A mãe relata que ele reclamava de dodói na cabeça. "Levamos ao pediatra e ele recomendou procurar um oftalmologista e um neurologista. Após exames, descobrimos a miopia de um grau, segundo o profissional, provocada pelo mau uso de celular e tablet. Como ele é muito novo, esses aparelhos emitem uma iluminação que prejudica a visão nessa fase de desenvolvimento. Agora além de adotar os óculos, ele também deixou de usar esses aparelhos", revela Antônia Moura.

O oftalmologista alerta ainda que esse problema é verificado também entre adultos. "Muitos profissionais começaram a trabalhar em casa, e mesmo com a flexibilização do isolamento ainda continuam em home office. Alguns chegam a ficar em frente às telas o dia inteiro, seja no computador, tablet ou celular. Isso acaba agravando o quadro de miopia já existente".

Tanto para criança quanto adultos, a recomendação são as consultas regulares ao oftalmologista para indicação do tratamento adequado para cada caso. Além disso, Mateus Vilar finaliza com outras dicas.

"A regra do 20-20-20 deve ser realizada sempre. Consiste em a cada 20 minutos de uso do equipamento, fazer uma pausa de 20 segundos e olhar para um objeto que esteja a cerca de 20 pés, ou seis metros. As atividades ao ar livre também são fundamentais, principalmente para as crianças, por pelo menos 40 min por dia. Impor limites na hora do uso de eletrônicos também é fundamental. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, não é recomendado a exposição a telas, antes de dois anos de vida. Para crianças entre dois a cinco anos, o limite é de uma hora por dia. Entre 6 a 10 anos no máximo duas horas diárias. Já os adolescentes ente 11 e 18 anos, o limite é de 3 horas diárias", pontua.

Miopia no Brasil

A doença não tem cura, mas possui tratamentos para não progredir. Sua repercussão na saúde ocular é relativamente simples, se leve ou moderada, mas quadros graves estão associados a um risco de descolamento da retina, catarata precoce, degeneração macular e glaucoma. A doença ocular afeta 2,7 bilhões de pessoas, ou seja, aproximadamente 39% da população mundial; estima-se que 57 milhões de brasileiros sejam míopes.

 

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