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Empreendedorismo além da remuneração reforça a identidade dos brasileiros

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Foto: Ceert

Não é de hoje que o empreendedorismo muda a vida das pessoas e permite que gente comum se torne protagonista do próprio destino, gerando empregos, fazendo os próprios horários, tendo mais tempo para conviver com a família e ajudando quem não conseguiu espaço no mercado de trabalho convencional a encontrar uma forma de manter a si mesmo e realizar seus sonhos sem precisar contar com números premiados pelo resultado da loteria federal, da mega-sena ou de alguma outra contemplação da sorte. 

Quem começa a empreender nem sempre conta com uma grande reserva de dinheiro para começar suas atividades e, muitas vezes, ainda precisa lidar com alguma resistência ou desconfiança por parte de familiares e amigos, que podem, frequentemente, tratar o trabalho do empreendedor como algo inferior ao trabalho de carteira assinada ou à estabilidade de um cargo público.

Ao contrário do que muita gente pensa, no entanto, o empreendedorismo quase nunca é uma loucura ou uma jornada descontrolada em busca da fortuna.

Muitos empreendedores começam suas empresas e suas trajetórias de sucesso sem nem ao menos imaginar o quanto poderão ser grandiosos no que estão fazendo.

Uma grande empresa de mudanças muitas vezes começa quando uma pessoa comum começa a fazer pequenos carretos com uma Kombi, um pequeno caminhão, ou, até mesmo, com uma moto.

Grandes carreiras de empreendedorismo atlético também podem começar de forma muito humilde, contando apenas com o esforço e a dedicação de quem sonha em ser um profissional bem sucedido. Vale citar um dos bodybuilders mais famosos (e ricos) do momento, Ramon Dino Pro, que saiu do Acre, onde treinava apenas com o peso do corpo, sem nenhum tipo de estrutura, e ganhou o mundo, se tornando Top 5 Mr.Olympia Classic Physique e recebendo valores especulados em mais de 100 mil reais mensais em patrocínios.

Vale dizer que Ramon Dino não é uma exceção ou um exemplo de alguém que fez o impossível. Outros atletas da musculação, como Renato Cariani, de 45 anos, também começaram sua jornada empreendedora muito cedo e conquistaram grandes carreiras de sucesso. Cariani, por exemplo, investiu nas redes sociais e se tornou um líder do seu segmento, contando com milhões de seguidores no Youtube e no Instagram e faturando verdadeiras fortunas com anúncios e patrocínios.

Segundo pesquisas, mais de 50% dos empreendedores brasileiros tem entre 18 e 34 anos, o que demonstra que muita gente nem mesmo começou a atuar no mercado de trabalho tradicional antes de apostar em si mesmo como fonte da própria renda. 

A pouca idade da maioria dos empreendedores demonstra o quanto as pessoas estão dispostas a tomar as rédeas do próprio destino ao invés de se conformar com o que já está sendo oferecido pelos empregadores tradicionais.

Empreender tem sido, entre outras coisas, uma forma de libertação em relação aos padrões da sociedade e à cobrança que é feita para que as pessoas deixem suas próprias identidades em função das exigências feitas em ambientes que, ainda, insistem em se pautar em preconceitos velados e comportamentos retrógrados, machistas, preconceituosos e, muitas vezes, desumanos.

Não são poucas as mulheres que revelam ter precisado alisar os cabelos para poder trabalhar em certas empresas, e também não são poucos os casos em que foi necessário realizar tratamento de melasma, acne, ou investir, do próprio bolso, em maquiagem, para alcançar uma aparência padrão, considerada, por algumas chefias, capaz de atrair os clientes ou “enfeitar” o ambiente de trabalho.

Embora a cobrança em relação às mulheres ainda seja muito maior, os homens também encaram certos tipos de exigências que nada tem a ver com higiene ou comportamento, como é alegado por muitas empresas.

Homens com cabelo afro, por exemplo, poucas vezes podem exercer seu direito de escolha em relação aos seus penteados e estilo, precisando atender o padrão do cabelo curto para ter uma aparência considerada mais discreta ou elegante, e atender às solicitações dos “patrões”.

Piercings, tatuagens, a forma de “fazer” a barba (ou não fazer), também podem influenciar na empregabilidade, afastando de boas vagas de trabalho pessoas muito capacitadas, mas que querem preservar seu direito à identidade e suas escolhas pessoais.

Para essas pessoas, muitas vezes, empreender não é só uma maneira de ganhar dinheiro, mas de manter sua dignidade, preservar sua personalidade e seus direitos, se desenvolver como ser pensante, social, capaz e empático a outras pessoas que passam pelos mesmos tipos de problemas e discriminações.

O Brasil é o país com mais empreendedores do mundo, superando países como a China e os Estados Unidos. Isso pode dizer muito sobre a falta de oportunidades no mercado tradicional brasileiro, onde as pessoas buscam por salário fixo e estabilidade, mas, por outro lado, revela o quanto a população do Brasil é insistente em sua luta e perseverante em relação a ir além da mera sobrevivência. 

Redação: Bruna Bozano.

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