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Vídeo: delegado se retrata após fala polêmica sobre ciganos presos em operação

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O delegado de polícia Ayslan Magalhães, da Delegacia Regional de Esperantina, gravou um vídeo pedindo desculpas, após o Instituto Cigano Brasil (ICB) pedir retratação por falas polêmicas do delegado sobre a população cigana. 

O ICB encaminhou um ofício ao secretário de Segurança Pública, Rubens Pereira, pedindo uma retratação após declaração do delegado Ayslan Magalhães durante entrevista a um programa de televisão, na quarta-feira (23), que sugeriu que o povo cigano não trabalha. 

A declaração do delegado que gerou polêmica foi a seguinte: “Essa operação Calom faz alusão a um grupo de ciganos, e a maioria desses alvos eram ciganos, então era um povo que não trabalhava, que não tem renda fixa, mas que fica ostentando carros”, disse o delegado a uma emissora de televisão.

Através de vídeo, o delegado disse que em nenhum momento quis se referir ao povo cigano de modo depreciativo e que naquela fala fez menção especificamente aos presos durante a operação Calom. 

“Com minha fala, não quis ofender o povo cigano, estava me referindo tão somente aos alvos da operação. Peço desculpas se houve interpretação depreciativa. Em relação ao nome da operação, não quis generalizar ou denegrir o povo cigano, oportunidade em que também reitero meu pedido de desculpas”, afirmou o delegado Ayslan Magalhães. 

Instituto cobrou retratação

Foto: Arquivo Pessoal

Presidente do ICB, Rogério Ribeiro

No ofício encaminhado pelo Instituto Cigano do Brasil ao secretário de Segurança Pública, Rubens Pereira, o presidente do ICB, Rogério Ribeiro, afirmou que a declaração atingiu todos os ciganos, e que se trata de um caso de racismo institucional, discriminação e preconceito. Ele cobrou uma retratação por parte do delegado.

Ofício do ICB para Secretaria de Segurança

“Ele foi muito infeliz. Eu entendo que ele estava muito empolgado com a operação, mas não vamos aceitar esse tipo de discriminação. Ele foi muito maldoso. Não se pode generalizar e citar como se todo o povo cigano fosse assim, porque foi o que ele fez parecer. Estamos há muitos anos combatendo essa discriminação. Tem muitos ciganos trabalhando e fazendo o que é certo”, afirmou Rogério.

O Instituto Cigano do Brasil também encaminhou um ofício para a 6ª Procuradoria da República para que seja apurado o caso de discriminação.

“Não podemos deixar isso impune. Não estamos aqui falando sobre os ciganos que foram alvo da operação, isso aí é outra coisa. O que queremos é respeito pela nossa etnia. Até o nome da operação, Calom, foi escolhido porque se refere a ciganos. Então não se pode generalizar. Somos pessoas pacatas também, se a gente fosse bandido, os presídios deveriam então estar lotados, mas não é o caso, pois o índice de ciganos presos é baixíssimo. Não se pode dizer que somos trapaceiros, nós somos comerciantes, compramos e trocamos mercadorias, e não vamos aceitar qualquer discriminação”, destacou o presidente do ICB.

 

Nataniel Lima e Bárbara Rodrigues 
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