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CPRM constata riscos no Cânion do Poti e pede suspensão de visitas durante chuvas intensas

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O CPRM (Serviço Geológico do Brasil) recomendou ao governo do estado que suspenda, durante o período de chuvas intensas, os passeios no Parque Cânion do Poti, na cidade de Buriti dos Montes, no Norte do estado. 

A vistoria constatou riscos em algumas áreas, que terão que passar por estruturação, mas não recomenda interdição do Cânion.

O relatório da avaliação técnica do Cânion do Poti foi divulgado nesta quinta-feira (14) e a equipe técnica do CPRM, Semar e Corpo de Bombeiros, fez a vistoria utilizando drones para registro de imagens aéreas, além de vistorias terrestres. 

Ao todo foram inspecionadas 15 trechos do Cânion entre os dias 14 e 25 de fevereiro de 2022. Desse total, sete trechos foram destacados por apresentarem algum tipo de risco. 

O pesquisador em geociência, Sidney Barros, coordenador de projetos nas áreas de riscos do CPRM, ressaltou que não há nenhuma recomendação para o fechamento do Cânion do Poti, porém algumas áreas terão que passar por estruturações como sinalizações e mudanças de pontos de visitação.

“Não existe nenhum cânion que não há risco, pois está associado a condicionantes naturais. Vai cair pedras, rolamento de estrutura. O risco aumenta com fatores como ventos, chuvas intensas, temperaturas elevadas que faz a dilatação das rochas, essa intervenção do homem, nossa sorte é que não temos chuvas intensas em períodos longos”, explicou o pesquisador.

No relatório, o CPRM recomenda que os visitantes usem coletes e capacetes, além de proibir avançar em determinados locais no Cânion.

“Três locais indicados para banhos terão que ser realocados, devido a estrutura está em risco. As pessoas querem chegar próximo das pedras, tocar nelas, e é preciso ter uma estrutura para que o turista não avance em determinados locais”, completou Barros.

CONFIRA OS TRECHOS

Trecho 04 

Nesse trecho, a equipe do CPRM encontrou "casa de pedras" sujeitas a quedas por ação da gravidade. Esses locais são comumente utilizados como abrigo temporário por pescadores locais e oferecem algum risco por conta dos deslocamentos, segundo conclusão apresentada pelos estudiosos.  

Trecho 05 

Este é um ponto com parada para banho que não é recomendado em período chuvoso. Isso porque, segundo o estudo, há a presença de blocos em balanço sujeitos a quedas por ação da gravidade. O que coloca em risco a integridade física dos banhistas. 

Trecho 09

Nessa área há um ponto de banho onde está situada uma extensa “casa de pedra”, nas proximidades de uma encosta íngreme fortemente movimentada com cicatrizes de queda de blocos na porção média e blocos instáveis no topo.

Esse trecho costuma ser utilizado para banho e prática de rapel com encosta fortemente movimentada. O local não é recomendado em períodos chuvosos e pós-chuva, com necessidade de monitoramento.

Trecho 10 

Este é um outro ponto de parada para banho onde são visíveis blocos rolados e soltos e completamente instáveis. Observou-se no estudo o forte efeito causado pela erosão da água na base da encosta ao deixar estas porções sem sustentação e com possibilidadede queda ou desmoronamento. Portanto, é outro trecho que precisa ter atenção por parte do poder público. 

Trecho 11

No local há  fraturas abertas, com presença de abrigos, blocos em balanço e cicatrizes de queda de blocos. No local, os pesquisadores notaram a presença de blocos rolados desde o topo até a base da encosta. 

Este trecho caracteriza-se pela presença significativa de blocos instáveis no topo de toda a encosta e sujeitos a processos de tombamento em local utilizado como abrigo por pescadores locais. 

 

Trecho 13

Este ponto limita o trecho até onde o canal do cânion pode ser utilizado para visitação. Este local é marcado pela presença de um bloco rochoso de dimensão considerável que caiu no leito do rio, obstruindo parcialmente a trafegabilidade. 

Neste trecho, o topo da encosta apresenta um índice de perigo de rolamento de blocos elevado. É um trecho que precisa de monitoramento e não utilização para paradas e banho.

Trecho 14

Essa é a parte mais estreita do cânion com fortes indícios de movimentação, instabilidade de blocos, cicatrizes de queda de blocos e muito fraturado. 

Neste trecho os pesquisadores encontraram paredões com evidente desgaste erosivo na base pela ação da movimentação da água, facilitando a queda de blocos por gerar estruturas em balanço ou que sob o efeito da gravidade podem sofrer quedas de
blocos. Trecho inadequado para visitação em período chuvoso.

Da análise dos trechos mapeados pela equipe do CPRM fica evidente a necessidade de um monitoramento e atenção constante por toda a extensão da área utilizada para atividades turísticas. 

 

RECOMENDAÇÕES 

Com base nos resultados encontrados na avaliação técnica, os pesquisadores recomendam ao poder público que: 

  1. Desenvolver estudos geotécnicos e hidrológicos com a finalidade de embasar os projetos e/ou obras de contenção de encostas ou de blocos rochosos;
  2. Fiscalizar e proibir a construção ou visitação em áreas protegidas pela legislação vigente;
  3. Instalar sistema de alerta para as áreas suscetíveis,
  4.  Fiscalizar e exigir que novos empreendimentos turísticos apresentem laudos técnicos ou estudos correlatosque autorizem a visitação turística ao local.
  5. Adequar os projetos de engenharia às condições geológicas e topográficas locais, evitando realizar escavações e aterros de grande porte.

“É importante ressaltar que nunca haverá risco zero nas atividades turísticas a serem realizadas em áreas de cânions, mesmo após a implantação das contenções e do plano de monitoramento com instrumentações, já que o ambiente geológico natural tem processos de movimentos gravitacionais de massa complexos, intensos, dinâmicos e com evolução quase que diária. No entanto, deve-se ressaltar que risco baixo não significa impossibilidade  de movimentos de massa na região”, diz trecho da conclusão do estudo. 

 

Yala Sena e Nataniel Lima
[email protected] 

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