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Estudo mostra que 10% de quem tem entre 5 e 17 anos faz xixi na cama

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Foto: Freepik


A enurese, quando a criança faz xixi na cama, é um dos problemas urinários mais comuns na infância. Um estudo revelou que 10% das crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos sofrem de enurese, como é mais conhecida a incontinência urinária noturna.

Publicado pelos urologistas Ubirajara Barroso Jr., chefe da disciplina de Urologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA), e José Murillo Netto, coordenador do Departamento de Urologia do Adolescente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), o estudo mostra que o problema ocorre três vezes mais em meninos do que em meninas.Aproveitando o Dia Mundial da Enurese Noturna, na próxima terça-feira (31), os médicos alertam pais e cuidadores que urinar na cama não é culpa da criança, mas sim uma condição médica que requer tratamento. A data foi criada pela International Children’s Continence Society (ICCS).

Os especialistas entendem que ela faz parte do amadurecimento e desenvolvimento infantil normal. “Diz respeito à criança não ter controle urinário à noite, até os 5 anos de idade. A partir daí, progressivamente, ela vai ganhando controle da bexiga com o tempo".

De acordo com os pesquisadores, aos 5 anos, entre 15% e 20% das crianças urinam na cama; aos 7 anos, 10%; aos 10 anos, 5%; e, aos 15 anos de idade, por volta de 1% a 3% ainda não controlam a bexiga durante a noite.

“Há uma melhora progressiva, porém, não a custo zero”, alertou Ubirajara Barroso Jr., em entrevista à Agência Brasil. Isso se explica porque, caso os pais esperem muito tempo para tratar a enurese, ela pode trazer consequências para a criança e a família.

 

Tratamento

Além da medicação, indica-se o alarme de enurese ou neuroestimulação elétrica transcutânea (TENS). O alarme funciona como um sensor que dispara ao primeiro sinal de urina para acordar a criança para ir ao banheiro fazer xixi.

Barrroso Jr. conta que a criança com enurese tem mais dificuldade de acordar do que as demais. O alarme permite aos pais levar a criança ao banheiro para urinar e faz com que ela aprenda, no longo prazo, a não fizer xixi na cama. Os pais têm que ter paciência e dar suporte ao filho, porque esse é um tratamento mais demorado que leva, às vezes, meses.

Um dos precursores da técnica de neuroestimulação sacral no tratamento da incontinência urinária infantil, Barroso Jr. disse que o tratamento de TENS é associado a medicações.

“Tem sido utilizado fazendo parte de todo um processo. Tratar enurese não é igual a tratar uma infecção, que dá um remédio e passa. É um processo. O TENS é uma ferramenta que pode ser utilizada e tem mostrado que reduz o número de ocorrências de xixi na cama”.

A principal medicação é a desmopressina, que age sobre a vasopressina, hormônio antidiurético mais produzido à noite. Ele diminui a diurese (quantidade de urina produzida em um determinado momento), o que leva o ser humano a urinar menos à noite do que de dia.

Segundo o professor de urologia, quem faz xixi na cama tem um déficit da produção desse hormônio, o que leva as crianças que fazem xixi na cama a urinarem mais à noite.

A substância desmopressina é análoga ao hormônio antidiurético. Por isso, ela diminui a diurese à noite. A bexiga vai se encher lentamente e o cérebro consegue processar o enchimento lento da bexiga e controlar sua ação à noite.

Segundo o urologista, essa é uma medicação segura e usada há mais de 40 anos. O único senão é que, como ela diminui a diurese, a pessoa não pode beber muito líquido à noite. “Ela deve ser utilizada sob orientação de um médico. E é bem tolerada pelas crianças”.

Barroso Jr. disse, ainda, que existe associação entre 60% e 70% dos casos de pessoas que fazem xixi na cama com sintomas durante o dia. Crianças passam a ter urgência para urinar, que é urgência miccional, pequenos escapes durante o dia.

Nesse caso, o tratamento envolve também questões de orientação miccional durante o dia, com intervalo correto para urinar e, às vezes, também fazer um tratamento específico para urinar durante o dia.

Existem centros de apoio gratuitos para o tratamento da enurese em todo o Brasil. Em Salvador, o Centro de Distúrbios Miccionais na Infância (CEDIMI), na Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, presta esse suporte gratuito a famílias com crianças com enurese, bexiga neurogênica e incontinência urinária. 

O estudo foi publicado no Journal of Pediatric Urology, em 2019, e envolveu 804 crianças residentes na Bahia e em Minas Gerais. 

 

Da Redação com informações da Agência Brasil

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