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'Pode dormir e acordar paralítico', diz pediatra alertando aos pais antivacinas da pólio

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A volta do vírus da poliomielite nos Estados Unidos acende o alerta para o risco de disseminação da doença pelo mundo. Atualmente, o Brasil é classificado como de altíssimo risco para o retorno da paralisia infantil, situação que tem preocupado autoridades em saúde . Com baixo índice de vacinação no país, a vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Isabella Ballalai, ressalta que a pólio é uma doença potencialmente grave e que menores de cinco anos devem ser vacinados antes de um possível surto. 

"O que aconteceu em Nova York pode acontecer aqui e olha que eles não eram classificados como de altíssimo risco ainda. Na maioria dos casos não se apresenta de forma grave.  Por outro lado, você pode colocar seu filho pra dormir bem e ele acordar com paralisia. É isso que a gente via até os anos 90 quando erradicamos a doença. Além de paralisar, principalmente, os músculos das pernas e dos braços, pode paralisar os músculos que permitem o movimento do pulmão, o que pode certamente levar a criança a uma UTI e o risco de morte é bastante alto", alerta a pediatra. 

A poliomielite (paralisia infantil) é uma doença contagiosa aguda causada por vírus que pode infectar crianças e adultos e em casos graves pode acarretar paralisia nos membros inferiores. A vacinação é a única forma de prevenção. Todas as crianças menores de cinco anos devem ser vacinadas.

"Peço atenção da população, dos pais das crianças menores de cinco anos, de suas famílias: não vão esperar ter um caso. Vamos vacinar agora! A campanha do Ministério da Saúde está nas ruas, independente da campanha, precisa fazer a vacinação na rotina. Não espere o surto, não espere a falta de vacina que muitas vezes acontece durante o surto", disse Ballalai.

Ela classifica a situação como preocupante devido a baixa cobertura vacinal em crianças menores de cinco anos. A vacina é totalmente gratuita e deve ser aplicada em três doses no primeiro ano de vida da criança, sendo aos dois, quatro e seis meses, a dose que é injetável. Depois com 15 meses e quatro anos de idade é dado o reforço por meio da gotinha. 

"A nossa cobertura nos menores de cinco anos está abaixo de 70% quando precisamos de 95% das crianças vacinadas com todas as doses para garantir que a polio não volte. Está muito baixo! não temos coberturas vacinais como essas desde os anos 80", alerta a especialista. Com a classificação de altíssimo risco, a pediatra orienta que mesmo as crianças com mais de um ano e com a vacinação em dia, precisam receber uma dose extra oral. 

Sobre a baixa adesão,  Isabella Ballalai acredita que como a doença havia sido erradicada, as pessoas negligenciaram a importância da vacinação.

"Isso vem acontecendo desde 2013, principalmente, 2015. Nos anos 80 e 90, a adesão às nossas campanhas era fantástica porque as famílias conheciam a pólio. Hoje nem os médicos conhecem a pólio. A gente eliminou essa doença que passou a ser teórica e esquecida. O que move a pessoa a buscar proteção, buscar vacinação, é o medo da doença. A cada surto no país as filas são gigantescas para vacinar. Pessoas que já deveriam estar vacinadas para que a gente não tivesse surto", avalia a pediatra que diz que a doença é potencialmente grave com sequelas que permanecem para o resto da vida e, em alguns casos, aparecem anos depois da pessoa ter sido infectada. 


Graciane Araújo
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