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Ibovespa tem instabilidade, mas temor com recessão global prossegue

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Foto: A7 Press/Folhapress 

O medo de uma recessão mundial segue crescente nos mercados, deixando a maioria das bolsas em queda, enquanto as commodities têm sinais divergentes. É neste clima cauteloso que o Ibovespa começou o pregão. A proximidade da eleição no Brasil também reforça a cautela, bem como volatilidade. Porém, não se pode descartar recuos menos abruptos, dado que o indicador vem de três fechamentos seguidos de baixa, sendo que ontem cedeu (0,68%) para os 108.376,35 pontos.

O Ibovespa opera com instabilidade, em dia de agenda de indicadores menos robusta aqui e no exterior. Após subir 0,43%, com máxima indo aos 108.838,80 pontos, o índice da B3 passou a alternar leve alta com moderada queda, defendendo o nível dos 108 mil pontos. Em Nova York, o sobe-e-desce também vigora.

"A cautela é o nome do jogo. É volatilidade lá fora é aqui dentro. O nível de volatilidade em Nova York está muito alto, é muito difícil aqui escapar", avalia Thiago Calestine, economista e sócio da DOM Investimentos, ao lembrar que como o Brasil começou o processo de aperto monetário antes de outras partes do mundo, que iniciam recentemente, pode ser que fique em posição de menos deterioração, caso lá fora o clima piore.

"O que os bancos centrais dos países desenvolvidos estão vendo é que não estão encontrando uma saída para combater a inflação se não gerar uma recessão. Há um cenário global de estagflação", afirma Calestine.

Para André Luzbel, head de renda variável da SVN Investimentos, a indefinição dos mercados reflete dúvidas a respeito de como se dará o processo de recessão mundial aventado. De todo modo, ressalta que "tudo o que se tinha imaginado começa a se concretizar. Os mercados estão entrando em uma espiral de pânico que pode começar a levar a um nível de atratividade", diz.

"Tem toda uma briga no câmbio mundial, as bolsas e europeias e americanas alcançando mínimas. Tanto lá fora quanto aqui pode começar a ver no fim da semana uma melhora técnica, algo bem pontual", completa Luzbel.

Os investidores aguardam novos sinais de política monetária, principalmente dos Estados. Vários dirigentes do Federal Reserve falam nesta quarta-feira, incluindo o presidente Jerome Powell.

Apesar do anúncio de novas compras de títulos pelo Banco da Inglaterra (BoE), o temor recessivo prossegue. Com mais recursos no mercado e em um ambiente de elevado de inflação, a autoridade monetária terá que continuar atuando por meio dos juros, com as taxas ficando altas por mais tempo. Este é o mesmo sentimento em relação ao Fed, de que terá de ser duro em suas decisões monetárias para conter a persistência inflacionária.

"Colocando mais liquidez no mercado, melhora a economia, mas gera mais inflação, aumentando mais a pressão sobre o banco central inglês. Com isso, pode voltar o debate sobre uma reunião extraordinária de política monetária pelo BoE", avalia o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, em comentário matinal.

Os juros dos Treasuries, em especial os de longo prazo, acentuaram a queda há pouco, em linha com o movimento dos bônus europeus, que ainda respondem ao anúncio de compras de Gilts pelo BoE.

Na China, o yuan atingiu mínima histórica frente ao dólar, e o governo chinês apela a bancos para que ajudem a conter a queda da moeda local. Na Alemanha, a confiança do consumidor deve cair em outubro para o nível mais baixo da história, à medida que as expectativas de renda caem devido à alta inflação.

Outro fator de incerteza é a paralisação do gasoduto que distribui gás da Rússia para a Europa, por conta de suspeitas de atentado. "O vazamento de gás no complexo Nord Stream eleva as preocupações em torno do fornecimento do insumo e as tensões com a Rússia, dada a suspeita de sabotagem", ressalta o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria.

Apesar da alta do petróleo no exterior, as ações da Petrobras cedem, bem como após a empresas anunciar que registrou na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) uma operação de emissão de Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI) no valor de R$ 1,5 bilhão. O montante pode chegar a R$ 1,8 bilhão.

O mercado ainda avalia as declarações do candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que reiterou ontem seu desejo de alterar a política de preços da Petrobras. Atualmente, a política de preços é atrelada à cotação do petróleo no mercado internacional.

Já o minério de ferro caiu na China, limitando alta das ações ligadas ao setor na B3.

Às 11h26, o Ibovespa subia 0,08%, aos 108.458,34 pontos.

 

Fonte: Estadão Conteúdo 

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