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Lula volta a dizer em Abu Dhabi que Ucrânia e Rússia são responsáveis pela guerra

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Foto: Ricardo Stuckert

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a responsabilizar neste domingo (16) também a Ucrânia pelo conflito que se arrasta no Leste Europeu há 13 meses. A declaração foi feita em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos (EAU) , onde o líder brasileiro fez uma parada ao retornar de viagem à China.

"O presidente [russo, Vladimir] Putin não toma a iniciativa de parar. [O presidente ucraniano, Volodimir] Zelenski não toma a iniciativa de parar. A Europa e os Estados Unidos continuam contribuindo para a continuação desta guerra. Temos que sentar à mesa e dizer para eles: 'basta'", disse Lula antes de encerrar sua visita à nação árabe. Ele acrescentou que a "decisão pelo conflito foi tomada por dois países".

O petista voltou a defender sua proposta de um "clube da paz" para o fim da Guerra da Ucrânia --formado por países que, na visão do governo brasileiro, não estariam alinhados a nenhum dos lados do conflito. Lula disse que as negociações deveriam ser conduzidas por um grupo semelhante ao G20, que reúne as maiores economias do mundo. A iniciativa até agora não gerou entusiasmo entre líderes ocidentais.

"Ontem conversei com o xeique [do EAU, Mohammed ben Zayed al Nahyan] sobre a guerra. Falei com o [líder chinês] Xi Jinping sobre paz. E acho que estamos encontrando um grupo de pessoas que prefere falar sobre paz do que guerra. Acho que teremos sucesso", disse o brasileiro.

Lula desembarcou em Abu Dhabi no sábado (15), depois de se reunir com Xi em Pequim e fechar 15 acordos comerciais com a nação asiática. Pouco antes de sair do país, o brasileiro cobrou dos EUA que "parem de incentivar a guerra e comecem a falar em paz".

A declaração incomodou integrantes do governo americano ouvidos pela Folha de S.Paulo, cujas percepções são de que a política externa do Brasil tem adotado um tom aberto de antagonismo contra Washington e de alinhamento com Moscou e Pequim. Nesta segunda (17), o chanceler russo, Serguei Lavrov, desembarca em Brasília para uma viagem de dois dias ao país na qual discutirá, entre outros assuntos, o conflito provocado por seu país.

Para o Itamaraty, a visita é uma prova de uma saudável independência brasileira. Dois meses antes de ir à China, Lula visitou o presidente americano, Joe Biden, na Casa Branca. Na ocasião, seu governo cedeu à pressão do democrata e aceitou uma declaração conjunta que condenava nominalmente a Rússia pela violação territorial na Ucrânia, pelo desrespeito ao direito internacional, pelas mortes e pelos ataques à infraestrutura essencial do país.

No mês passado, porém, o Brasil não assinou a declaração final da segunda edição da Cúpula da Democracia, evento promovido pelo mesmo governo Biden. O texto trazia uma série de críticas à invasão da Ucrânia pela Rússia. Lula ainda se opôs recentemente ao envio de armas e de munições aos ucranianos por Brasília, e é contra sanções a Moscou.

Em Abu Dhabi, Lula foi recebido ainda no aeroporto por Suhail bin Mohammed Al Mazrouei, ministro de Energia e Infraestrutura dos EAU. Depois, foi ao encontro do xeique Mohammed bin Zayed Al Nahyan no palácio presidencial. A reunião foi saudada por uma salva de 21 tiros de canhão, e a Guarda Nacional tocou o hino brasileiro. Os líderes participaram de alguns compromissos e de um jantar.

"Os Emirados são o país da região que mais investe no Brasil, serão sede da COP-28 neste ano e irão ampliar investimentos em biocombustíveis e energias renováveis", escreveu o petista nas redes sociais. "Volto ao país 20 anos depois para reforçar a [nossa] relação".

Antes da viagem, o Itamaraty havia anunciado que nela seriam discutidos temas relacionados ao comércio, transição energética, mudanças climáticas e segurança global. Integravam a comitiva brasileira cerca de 30 empresários de diversos setores, como mineração e carne.

A pasta informou ainda que, desde 2008, os Emirados Árabes Unidos estão entre os três principais parceiros do Brasil no Oriente Médio. Em 2022, ele foi o principal destino das exportações brasileiras entre as nações árabes, e o comércio entre os dois países somou US$ 5,7 bilhões (R$ 27 bilhões) --um aumento de 74,5% em relação ao ano anterior. Brasília registrou superávit de US$ 740 milhões (R$ 3,6 bilhões).

Dos US$ 3,2 bilhões (R$ 16 bilhões) faturados, o principal produto de exportação brasileiro foi a carne de frango (29% do total), seguida de açúcar (14%), ouro (14%), celulose (8,2%) e carne bovina (8%). Já nas importações, 89% do valor total correspondeu à compra de petróleo e materiais derivados de hidrocarbonetos.

 

Fonte: Folhapress 

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