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Empresária alvo da PF por desvios de recursos da pandemia recebia auxílio emergencial

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Atualizada às 11h50

O delegado Murilo Matos, chefe de investigação da Polícia Federal, informou que a Operação Ratio faz parte de um desdobramento da Operação Caligo, que foi deflagrada em setembro de 2020 em Teresina. Durante a investigação onde foi constado que uma das empresas investigadas estava passando recursos expressivos para uma microempresa.

“Essa operação de hoje tem como foco a lavagem de capitais provenientes de desvio da Caligo, foi um trabalho e parceira da PF e CGU, e hoje o intuito é descobrir o destino desse dinheiro que foi desviado, e de impedir que o criminoso se beneficie desse recurso que ele indevidamente se apropriou”, informou.

Segundo o delegado a proprietária de uma das empresas estava repassando recursos no valor de R$ 1,6 milhão para uma microempresa, sem qualquer justificativa, e nesse período ainda estava recebendo auxílio emergencial.

“Foi identificado que uma das empresas investigadas na operação Caligo transferiu mais de R$ 1 milhão e 600 mil para uma pessoa jurídica, aparentemente sem nenhuma justificativa para essa transferência. A pessoa jurídica que recebeu não tem nenhuma capacidade operacional para tanto, não tem sede física e não emitiu nota fiscal nesse período. Inclusive a sua proprietária nesse período recebeu auxílio emergencial do governo, enquanto a empresa em seu nome movimentava mais de um milhão de reais”, explicou. 

Murilo Matos disse que a investigação segue em andamento. “Os investigados podem ser enquadrados no crime de lavagem e capitas, ocultação de bens, além de associação criminosa, fora qualquer outra ação que a gente identifique no decorrer da investigação”, destacou.

Foto: PF-PI

Segundo a CGU, "uma microempresa de representações recebeu recursos expressivos de outra empresa alvo da Operação Caligo. Essa empresa de representação, no entanto, não existe de fato, o que pode configurar possível ocultação de recursos desviados de contratos públicos e indícios da prática de crimes de lavagem de dinheiro. Os documentos apreendidos demonstraram, ainda, que a pessoa responsável pela microempresa possui ligações com um dos alvos investigados naquela operação e aparenta ter participação ativa nas práticas de lavagem de dinheiro. As investigações revelaram, também, a possível participação de outros empresários e contadores envolvidos no esquema".

A Controladoria-Geral da União informou que a empresa investigada tem grande atuação junto aos órgãos públicos. “A empresa utilizada na possível prática de lavagem de dinheiro tem ampla atuação junto a órgãos públicos piauienses. Os crimes investigados à época da pandemia de Covid-19 demonstram a ocorrência de diversas contratações com sobrepreço por esses órgãos públicos, além da não entrega de parte dos equipamentos contratados. Além da tentativa de dissimular o real destinatário dos valores, os crimes investigados resultam na gestão inadequada de recursos públicos, tendo em vista o fornecimento com sobrepreço de medicamentos e EPIs a órgãos públicos municipais e estaduais piauienses identificado na Operação Caligo”, informou.

Matéria Original

Foto: Polícia Federal


A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quarta-feira (24) a operação ‘Ratio’ com objetivo de investigar um esquema de lavagem de dinheiro e bens, além de ocultação de patrimônio relacionado a desvios de recursos destinados à pandemia da Covid-19. Ao todo, sete mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos em Teresina. 

Os alvos são empresas, supostamente, envolvidas em fraudes em licitações, corrupção de servidores e desvio de recursos públicos. Segundo a PF, as investigações apontaram para movimentação suspeita de cerca de R$ 1,6 milhão sem justificativa aparente, decorrentes de licitações e contratações envolvendo o poder público e recursos destinados à pandemia do coronavírus em 2020. 

Ainda segundo a Polícia Federal, os principais sócios das empresas citadas seriam pessoas beneficiárias de programas assistenciais do Governo Federal.

Os investigados poderão responder pelo crime de lavagem de bens e valores, associação criminosa e as demais infrações antecedentes identificadas durante a investigação.

A operação mobilizou 30 Policiais Federais e Auditores da CGU no estado do Piauí para o cumprimento de sete mandados judiciais de busca e apreensão, expedidos pelo Juízo da 1ª Vara Federal de Teresina/PI, sendo todas as ordens judiciais cumpridas na capital.


Natanael Souza e Bárbara Rodrigues
[email protected] 

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