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Aspartame é cancerígeno? Confira as recomendações de consumo

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Foto: Freepik

 

Há duas semanas, a Organização Mundial da Saúde (OMS) provocou uma reação internacional ao classificar o aspartame – adoçante artificial de baixa caloria que é 200 vezes mais doce do que o açúcar – como “possivelmente carcinogênico” para humanos (grupo 2B).

O aspartame é um dos principais ingredientes utilizados pela indústria de bebidas e alimentos desde a década de 1980 na produção de refrigerantes sem açúcar, sucos, balas, chicletes, sorvetes, gelatinas, entre outros. Por isso, costuma ser usado por pessoas com obesidade, diabetes e por quem quer perder peso em substituição ao açúcar comum, já que fornece um sabor adocicado aos alimentos.

Para se ter uma ideia, uma lata de refrigerante diet, por exemplo, tem de 200 a 300 mg de aspartame. Assim, uma pessoa com 70 kg teria que consumir de 9 a 14 latas de refrigerante por dia para exceder o limite tolerável e ser considerado prejudicial.

“As pessoas não devem parar de usar o aspartame por causa dessa nova classificação, mas sabemos que ele também não contribui para a diminuição da obesidade ou do diabetes no mundo, pelo contrário, os casos só aumentam. O que nós recomendamos é a ingestão de menos alimentos processados e mais alimentos in natura. As pessoas devem consumir menos açúcar e, se forem adoçar algum alimento, usar uma quantidade muito baixa de adoçante”, afirmou o endocrinologista Paulo Rosenbaum. 

A nutricionista Luna Azevedo, que atua nas áreas de nutrição comportamental, familiar e materno-infantil, sugere que o aspartame deveria ser excluído da rotina alimentar por não existir nenhuma vantagem nutricional que justifique o consumo de adoçantes artificiais.

“Ao contrário do que muitos pensam, adoçantes sem açúcar afetam a nossa microbiota intestinal e, inclusive, a nossa resistência à insulina. Este último fator, a longo prazo, pode se agravar para um caso de insuficiência hepática, pré-diabetes, diabetes, bem como outras doenças cardiometabólicas, a exemplo da obesidade”, alertou.


O que significa a classificação 2B?

Ao anunciar a nova classificação do aspartame no grupo 2B, a OMS justificou dizendo que o câncer é uma das principais causas de morte no mundo e, por isso, a ciência busca continuamente identificar possíveis fatores desencadeadores ou facilitadores da doença para tentar diminuir esse número (a entidade estima que 1 em cada 6 pessoas morre de câncer por dia no mundo). 

A classificação de força de evidência no grupo 2B é o terceiro nível entre os quatro existentes: grupo 1 (cancerígenos para humanos); grupo 2A (provavelmente cancerígeno); grupo 2B (possivelmente cancerígeno); grupo (não classificável quanto à sua carcinogenicidade). No grupo 1 estão o tabaco, bebidas alcoólicas e radiação solar, por exemplo. No grupo 2ª entram as frituras, pesticidas, carne vermelha. No grupo 2B – onde está agora o aspartame – estão chumbo e fumaça de escapamento de motor e, no grupo 3, estão café e óleo.

A classificação 2B geralmente é usada quando há evidências limitadas, ainda não convincentes, da possibilidade de câncer em humanos, ou quando há evidências convincentes de câncer em animais experimentais, mas não ambos. Por isso, a própria OMS ressalta a necessidade de novos estudos, com acompanhamentos mais longos, ensaios controlados e randomizados, para que seja possível refinar o entendimento sobre os riscos do aspartame.


Existem outras opções?

Segundo a endocrinologista Paulo Rosenbaum, para pessoas com diabetes ou obesidade que precisam usar adoçantes para reduzir o consumo de açúcar, a recomendação atual diante da publicação da OMS ainda é baseada nas diretrizes das agências regulatórias que consideram o aspartame seguro em doses permitidas. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), no Brasil, manteve a recomendação existente de consumo diário de até 40 mg/kg de peso. 

“O aspartame pode ser uma opção para ajudar a reduzir a ingestão de açúcar em substituição ao açúcar refinado ou outros adoçantes calóricos, desde que seja utilizado dentro dos limites recomendados. Lembrando que existem outros tipos de adoçantes [entre eles sucralose, sacarina, acessulfame K, entre outros], porém o ideal seria não adoçar os alimentos ou usar adoçantes naturais”, frisou a médica.

Rosenbaum ressalta que o açúcar é o principal vilão. “O que temos que incentivar é evitar adoçar os alimentos e consumir mais produtos in natura ou minimamente processados. Em vez de tomar suco de frutas, comer frutas, por exemplo. Ter uma alimentação mais regrada e balanceada”, disse.

A nutricionista defende que ainda que os açúcares mais saudáveis como o de coco, demerara, orgânico ou mascavo sejam preferíveis em relação aos adoçantes artificiais, o ideal mesmo seria não adoçarmos as nossas preparações com nenhum dos dois.

“O ideal é investirmos em outras em fontes naturais de para trazer o gosto doce, como canela, chocolate 70%, banana ou outra fruta bem madura, maçã (inclusive em pó), frutas secas (tâmara, passas, damasco), geleias 100% fruta, mel”, sugeriu.

Segundo a endocrinologista, existem várias substâncias alimentares que foram classificadas como possíveis riscos à saúde, mas nem todas tiveram a mesma repercussão que o aspartame recebeu. Entre elas estão alguns corantes alimentares, aditivos e alguns pesticidas, extrato de aloe vera, óleo diesel, ácido cafeico (encontrado no café e chá).

“A maioria dessas classificações também é baseada em estudos em animais ou dados limitados em humanos, e as agências reguladoras estabelecem limites seguros para o consumo dessas substâncias”, afirmou.

Diante desse cenário, a principal recomendação dos especialistas é que a pessoa prefira uma alimentação mais saudável, com alimentos naturais ou minimamente processados, em vez de usar o aspartame. Mas, o seu consumo ainda tem doses consideradas seguras. “O fator determinante à toxicidade, em qualquer que seja o caso, é o excesso e a frequência com a qual esse excesso ocorre. É aquela velha máxima: a diferença entre o remédio e o veneno está na dose”, completou a nutricionista.

 

Fonte: Agência Einstein

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