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Fisioterapeuta é preso suspeito de participação na morte de morador de rua após reviravolta; médico foi confundido

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Foto: Arquivo Cidade Verde


Por Graciane Araújo

Atualizada às 17h35

Um fisioterapeuta e um vigilante foram presos, nesta  terça-feira (07), suspeitos de participação na morte do morador de rua Francisco Eudes dos Santos Silva, vulgo Cabeludo, na praça João Luís Ferreira, no Centro de Teresina, em 2022. Anteriormente, um ortopedista havia sido acusado do crime. Contudo, o caso teve uma reviravolta e com o avanço das investigações que revelaram que o médico não teve participação no caso. Os advogados de defesa do médico estiveram no DHPP e falaram com a impresa, confira no final desta reportagem.

"O médico havia sido preso temporariamente, pois tínhamos duas pessoas com lastro probatório e a Polícia Civil tinha que eliminar uma. O médico prestou declarações, o juiz analisou e liberou. A investigações continuaram e a gente tinha que robustecer a investigação com elementos de provas. Chegamos a conclusão que não foi o médico, então tínhamos que dizer quem foi. Agora, ao final da investigação chegamos à pessoa que atirou no morador de rua", disse o delegado Francisco Costa, o Baretta, coordenador do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). 

Baretta não considera que houve erro na prisão do médico.

"Numa investigação criminal existe uma probabilidade e uma possibilidade, e, preliminarmente, não existe um juízo de certeza. A Polícia Civil tem o dever legal de investigar e dirimir qualquer dúvida, não podendo ficar nenhuma incógnita. Em nenhum momento foi afirmado que o médico foi o autor do crime, tanto que teve uma prisão temporária, mas tínhamos a responsabilidade de afirmar com provas que foi ele, ou dizer que não foi, mas mostrando o autor", esclarece Baretta.

Ele cita que o delegado Jorge Terceiro, que preside o inquérito policial, se baseou em depoimentos, reconhecimento por meio de fotos e até no próprio carro do ortopedista. 

"Existiam todas essas coincidências. O carro dele teve o vidro trocado do mesmo lado do carro que foi quebrado", frisa Baretta.

A investigação apontou que houve uma discussão porque o morador de rua teria quebrado o vidro do carro para cometer um furto, no dia 24 de abril de 2022, na praça João Luís Ferreira, no Centro de Teresina.

 Prisão do fisioterapeuta

O fisioterapeuta preso deve responder pelo crime de homicídio qualificado. Segundo Baretta, ele estava no carro com a mãe e o namorado dela, um vigilante, que foi apontado como autor dos disparos.

Defesa do médico confundido fala no sofrimento da família e pedirá reparação do "erro"

 

Os advogados Norberto Campelo e Gilberto Holanda, que atuam na defesa do médico ortopedista Albert Medeiros, que foi preso temporariamente suspeito do crime, em agosto deste ano, estiveram no DHPP nesta tarde para acompanhar o caso. Norberto Campelo afirmou que os advogados ajudaram nas investigações para que médico fosse totalmente retirado da culpa.

“Desde o primeiro momento a gente já tinha consciência de que havia um equívoco na investigação. O Dr. Albert é uma pessoa que jamais se envolveu em qualquer tipo de ato ilícito, estava com a consciência absolutamente tranquila e nosso papel, o Dr. Gilberto (o outro advogado), foi tentar colaborar com as investigações, já de plano comprovando que era impossível a participação do Dr. Albert, porque ele estava em um local muito distante do local da ocorrência e outras provas, também muito contundentes, foram possíveis de ser recolhidas rapidamente a comprovar a ausência total de participação neste evento que era investigado”, explicou Norberto.

Foto: Romero Holanda/Cidadeverde.com

A defesa informou que as novas prisões deixaram a família do médico, aliviadas, porém o sofrimento causou sérios danos morais e profissional.

 “Nós compreendemos que há um certo alívio para a família que sofreu muito com tudo isso. A mãe do Albert, inclusive, chegou a ter um AVC, em causa disso, com um sofrimento muito grande, ele teve um prejuízo moral muito grande, na sua profissão de médico, consultas desmarcadas, clientes perdidos, porque fica aquela dúvida. Então foi um momento de grande sofrimento”, relatou.

 O advogado reforçou que o trabalho da Polícia Civil é importante e que tem prestado relevantes serviços à população, mas que houve um “erro”, apesar da reparação feita agora. Mas, que vai procurar a reparação judicial.

 “E, agora, o alívio porque a polícia fez o seu trabalho, ao perceber que havia, de fato, cometido um erro, tinha sido induzida em erro por reconhecimentos que não eram verdadeiros, por indícios que também não se comprovaram. Acho que é importante a polícia do estado do Piauí, vir a público, para explicar com a sociedade tudo o que houve. (...) esse episódio não deve servir para o descrédito da Polícia Civil do Estado do Piauí, que tem relevante serviços prestados”.

 “É uma pena que tenha acontecido esse erro, um erro claro e muito grave para essa família, (...) mas teremos novos desdobramentos, porque é preciso que o estado responda pelo erro cometido, pelos graves danos causados a essa família, isso nós, claro, teremos necessariamente que buscar”, completou. 

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