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Cappelli promete ajudar Lewandowski na transição, mas sai de férias e recebe aceno de Paes

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Foto: Carlos Humberto/ SCO/ STF

O atual secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, afirmou, nesta quarta-feira (11), que sairá de férias com a família e negou que tenha pedido demissão da pasta.

A declaração, feita nas redes sociais, ocorreu no mesmo dia em que o presidente Lula (PT) anunciou o ministro aposentado do STF (Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandowski como o novo titular da pasta.

A intenção do secretário é ficar fora entre os dias 15 a 27 de janeiro e voltar a Brasília para os dias finais da transição. Segundo Lula, o futuro ministro será formalmente indicado no dia 19 e tomará posse em 1º de fevereiro.

"Não pedi demissão. Vou sair de férias com a minha família e voltar para colaborar com a transição no Ministério da Justiça e Segurança Pública. União e Reconstrução", escreveu.

Auxiliares de Lula dizem que a tendência é que o secretário deixe o governo após esse período.

Uma das hipóteses levantadas sobre o futuro de Cappelli é a de que ele passe a integrar a equipe do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD). Procurado, Paes afirmou que a informação procede, mas não detalhou qual cargo considera oferecer a Cappelli. Tampouco informou se já realizou o convite.

O ministro Flávio Dino --que deixa a Esplanada para assumir uma vaga no STF-- tentou interceder por Cappelli em diferentes ocasiões, na esperança de alça-lo ao comando da pasta ou ao menos mantê-lo na Secretaria-Executiva. A última investida de Dino em defesa do aliado ocorreu na reunião na noite de quarta-feira (10) no Palácio da Alvorada, com Lula e Lewandowski presentes.

O argumento usado por Dino foi o de que Cappelli desempenhou papel importante na resposta aos ataques do 8 de janeiro e tem conhecimento do funcionamento interno do ministério.
Lewandowski, no entanto, reiterou o desejo de contar com uma pessoa de sua confiança no segundo posto mais importante da pasta.

Cappelli chegou a ser cogitado para assumir a Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública). O número 2 de Dino, no entanto, disse a interlocutores não ter interesse em ficar numa função desidratada.

Ele ainda avisou a aliados que não aceitaria um convite que representasse um rebaixamento hierárquico.

O nome de Cappelli passou a circular até mesmo para algum cargo no Ministério da Defesa ou em outros postos da administração pública federal, mas rapidamente as opções foram descartadas.

Homem da confiança de Dino, Cappelli ganhou notoriedade no início do governo por ter sido interventor na segurança do Distrito Federal após os ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023.
Também assumiu interinamente o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) no lugar do ex-ministro general Gonçalves Dias, que saiu em abril passado após a divulgação de imagens que colocaram em xeque sua atuação durante o ataque golpista.

De acordo com pessoas próximas, Cappelli tem pretensões eleitorais e julga importante desempenhar um papel que o mantenha em evidência até 2026.

Ainda durante a especulação de que Flávio Dino poderia ocupar uma vaga para o STF, Cappelli passou a ter protagonismo nos anúncios da pasta sobre o tema da segurança pública, numa tentativa de dar visibilidade ao seu trabalho.

Ele passou a tomar frente das reuniões que ocorreram durante a crise de segurança no Rio de Janeiro.

Em todos os discursos, fazia questão de destacar a implantação do Susp (Sistema Único de Segurança Pública), cuja legislação foi aprovada em 2018. Especialistas em segurança argumentam, no entanto, que o programa ainda não foi colocado em prática da forma que a lei estabelece.

Foi ele também quem esteve à frente do lançamento do programa "Celular Seguro", medida que bloqueia de forma mais rápida celulares roubados ou furtados.

Nos últimos meses, o governo se equilibrou em uma corda bamba na área de segurança pública entre ações que envolvem a defesa dos direitos humanos e acenos a policiais militares, além de declarações sobre o enfrentamento ao crime organizado apontadas como desastradas e de viés bolsonarista.

Cappelli foi anunciado como o número 2 da Justiça ainda em dezembro de 2022, durante a transição. Ele era secretário de estado de comunicação do Maranhão na gestão Dino. Ele é jornalista e especialista em administração pública pela FGV (Fundação Getulio Vargas).

Fonte: Folhapress

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