Por Pâmella Maranhão 

Dois dias após a classificação heróica do Altos à Copa do Nordeste a ação da Polícia Militar ainda ecoa. A festa acabou machada devido a ação isolada de um policial militar, que disparou spray de pimenta na direção da torcida e fez com que muitos saíssem do Lindolfo Monteiro passando mal. O delegado da partida – coronel da Polícia Militar aposentado, Jaime Oliveira, se pronunciou e afirmou que colocou no relatório final da partida que houve ‘desobediência’ por parte da torcida. 

“Sim, eu relatei dessa forma, como desobediência, pois foi pedido para que os torcedores descessem do alambrado. Depois de pedir algumas vezes, um acabou indo para dentro do campo e foi quando o spray foi disparado e como ele se dissipa muito rápido acabou chegando a muitos setores do estádio, mas a intenção era controlar aquelas pessoas. Inclusive, pessoas da imprensa falaram em ter recebido o spray, mas isso não aconteceu e sim porque de fato espalhou muito rápido”, disse o delegado da partida. 

Segundo o coronel Jaime Oliveira, o relatório foi enviado 24 horas após o jogo, mas não é um documento de acesso público. Porém, com os relatos citando ‘desobediência’ do torcedor, o clube do Altos corre risco de ser punido pela CBF, com perda de mando de campo ou mesmo multa financeira. 

“Sem sombra de dúvidas pela repercussão será ou na verdade já está sendo investigado pela corregedoria. Mas neste caso, como foi um ato do policiamento, a federação e eu como delegado da partida não temos como nos envolver. Apenas relatamos os acontecimentos”, explicou coronel Jaime entre Altos x Asa-AL. 

Altos repudia ação da PM 

A ação que partiu diretamente do chefe do policiamento da PM, tenente-coronel José Hilton, foi bastante criticada pelos torcedores, em especial às vítimas do spray de pimenta e também pelo presidente do Altos, Warton Lacerda. 

“Para que o uso desproporcional da força, nisso?  Aqui fica meu repúdio, pois estamos falando de famílias, de crianças, de cidadãos, diante de uma vitória belíssima. Aqui não tem bandido, aqui tem pessoas, famílias, torcedores, time de futebol e paixão. Eu repudio veementemente o uso da força. Aqui só tinha uma torcida. Já é tão difícil trazer o torcedor para o estádio e quando conseguimos trazer acontece isso. Espero que o comando da polícia tome atitudes”, reforçou Warton Lacerda.