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Moradores do Torquato Neto falam sobre transtornos de viver em meio a lama e o abandono

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Por Adriana Magalhães

Os moradores do bairro Torquato Neto, na zona Sul de Teresina, vivem o pesadelo de mais um período chuvoso sem que o local tenha recebido a infraestrutura necessária para o escoamento da água da chuva. Além disso, o esgoto, que corre ao ar livre em algumas ruas, piora a vida de quem vive no bairro.

Nitelícia Araújo está no bairro com sua família há mais de uma década e reclama da falta de infraestrutura.

"Quando chegamos aqui não tinha nada, nem essa escola aqui. Somos do grupo dos primeiros moradores, quando chegamos aqui acredito que ninguém sabia desse problema de alagamento das ruas. Fomos todos pegos de surpresa", relembra a moradora.

Foto: Renato Andrade / Cidadeverde.com

Ela é uma das famílias que recorreu à Justiça para que o problema seja resolvido.

"Nós queremos que o problema seja resolvido. Para nossa família não adianta ter o dinheiro que já investimos aqui ressarcido. Queremos continuar morando aqui, mas com saneamento e dignidade. Não adianta tentar vender para ir embora, até porque ninguém vai comprar um imóvel nessa situação", disse a moradora apontando para a lama na porta da sua residência.

Os dois filhos de Nitelicia precisam retirar os veículos da família, um carro e uma moto, da garagem para trabalhar, mas a moradora explica que essa é uma tarefa muito difícil.

"Depende da sorte. Se tiver chovendo é preciso esperar meia hora, 40 minutos, para poder entrar ou sair de casa. Meu filho já ficou horas de pé, nas calçadas das ruas próximas daqui esperando a água baixar para entrar em casa", afirma.

Rua sem prefeito

A moradora Débora Brito precisa passar na rua, que foi denominada pelos moradores como "Rua sem prefeito", para ir ao trabalho e acompanhar seus filhos até a escola. Ela relata que as crianças precisam retirar os calçados e são carregados pela mãe, nas costas, para não sujarem o uniforme.

Foto: Renato Andrade / Cidadeverde.com

"Eu levo meus filhos nas costas, para passar aqui nessa rua. Entrar e sair da escola é um transtorno diário", diz a moradora.

No bairro, pelo menos três ruas estão destruídas pela força das águas das chuvas. E inúmeras famílias acionaram a Justiça pedindo uma solução para o problema.

Uma decisão da Justiça Federal obriga a Caixa Econômica Federal a pagar o valor recebidos pelas prestações dos imóveis de 144 moradores, que não desejam mais residir no local. Outro grupo, que deseja continuar morando no bairro, quer a solução imediata dos transtornos.

Em 2018, Carla Daniela Moares Rodrigues, 32 anos, morreu nessa rua. Ela foi arrastada pela enxurrada durante um temporal e seu corpo só foi encontrado 12 horas depois pelos moradores da região.

Em mais de uma década de existência do bairro, as famílias colecionam lembranças tristes, mas não perdem a esperança de ver a galeria construída.

Foto: Renato Andrade / Cidadeverde.com

Alecsandro Nunes mostra o nível que a água alcança na rua nos dias de chuva no bairro Torquato Neto

"Todos os anos eles arrumam essa rua. Tem menos de três meses que eles estiveram aqui e consertaram, mas bastou uma chuva para que o calçamento voltasse a ficar nessa situação", lembra o comerciante Alecsandro Leal, que mora no bairro há três anos.

Segundo os moradores, a rota do transporte coletivo foi alterada, porque os ônibus não passam pelas ruas danificadas pela chuva.

Foto: Renato Andrade / Cidadeverde.com

"São três ruas paralelas nesta situação. O ônibus passava aqui, na nossa porta, agora quem precisa do transporte coletivo tem que andar, com os calçados na mão e o pé na lama. E quando chega na avenida depende da boa vontade dos moradores para conseguir um pouco de água limpa para lavar os pés", disse Jacimar que mora no residencial há três anos.

A moradora diz que somente a galeria vai resolver a situação.

"A solução é fazer a galeria e passar asfalto nestas três ruas para poder segurar", disse.

Há cerca de 10 dias, a moradora Fátima, sofreu um acidente no local.

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"Estava chovendo e tinha água na rua, os paralelepípedos haviam sido levado pela água e não consegui ver. Meu carro caiu no buraco e foi preciso oito homens para retirar meu carro do buraco. Estou doente e assustada com a situação dessa rua", relembrou a moradora.

Os imóveis fechados são outro problema relatado pelos moradores da região.

Segundo Jacimar, os apartamentos perdem o valor e os moradores não conseguem vender e acabam abandonando, para morar em outros bairros.

"Aqui só mora quem tem necessidade, quem não tem para onde ir. Os apartamentos não têm valor de venda. E sem os moradores fica até perigoso morar poucas pessoas aqui", alerta.

Alecsandro Nunes disse, também, que os imóveis fechados são invadidos por pessoas que não têm moradia.

"Isso aqui virou uma favela, nada funciona direito, nem a coleta de lixo tá certa, porque o caminhão tem dificuldade para entrar aqui. Olha a condição dessa lixeira, tem que colocar uma caçamba, do jeito que está aí traz muita doença para todo mundo", alerta. 

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