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Procurador diz que “negacionismo” marca combate ao trabalho análogo à escravidão no Piauí

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Por Paula Sampaio 

O procurador do Trabalho Edno Moura afirmou que o combate ao trabalho análogo à escravidão é marcada pelo “negacionismo” no Piauí. A fala foi dada, nesta segunda-feira (13), durante evento onde foi instituída a Comissão Estadual para a Erradicação do Trabalho Escravo e do Tráfico de Pessoas no Estado (Coetrae), que reúne representantes de mais de 20 instituições. 

“Há uma série de fatores históricos que acabaram forjando gerações e gerações de trabalhadores presos à uma mentalidade de trabalho degradante, de condições absurdas de trabalho. Então, obviamente que esses trabalhadores têm essa dificuldade natural, portanto, da sua formação histórica. E os empregadores, muitos têm essa concepção também, não podemos negar, mas outros aproveitam essa situação para submeter aqueles trabalhadores à exploração”, declarou. 

De acordo com dados do MP do Trabalho, pelo menos 1,7 mil pessoas foram resgatadas em condições análogas à escravidão desde 2004 no Piauí. Em 2022, foram 180 trabalhadores resgatados, colocando o Piauí como o primeiro do Nordeste e o terceiro no Brasil com maior número de resgatados. Em 2023, foram 159 trabalhadores resgatados.

Foto: Renato Andrade/ Cidadeverde.com

Na avaliação do procurador, a criação da comissão representa o reconhecimento do Poder Público da existência deste problema no Piauí. 

“Um dos grandes problemas que a gente enfrenta, e isso foi uma, na verdade, o Estado brasileiro enfrentou durante muito tempo, é o negacionismo, a negação da existência do trabalho escravo. Com a criação da Comissão Estadual para Enfrentamento do Trabalho Escravo, o Estado do Piauí acaba reconhecendo e assumindo um compromisso público de que efetivamente o trabalho escravo existe no território piauiense, e a partir disso que precisa se movimentar para que nós possamos combatê-lo com políticas públicas”, disse. 

Em paralelo à instituição da comissão, também houve o Plano Estadual de Erradicação do Aliciamento e Prevenção ao Trabalho Escravo e ao Tráfico de Pessoas no Piauí. 

“Antes tivemos lançamentos meramente formais que não surtiram os efeitos que nós desejávamos. Nesse momento, não, nós temos uma Coetrae, que vai acompanhar a execução desse plano, e a partir disso a gente vai cobrar resultados por parte das autoridades, inclusive da própria comissão”, disse.