A relação entre transtornos mentais e afastamento do trabalho vem crescendo bastante nos últimos anos, segundo especialistas. Um levantamento do Observatório de Segurança e Saúde do Trabalho apontou que, em 2022, no Brasil, essa foi a terceira causa de afastamento das atividades laborais. Em entrevista ao Notícia da Manhã, o médico do trabalho e perito judicial, Dr. Raimundo Leal, explicou que o burnout e o assédio são fatores contribuintes para esse aumento.

"O afastamento do trabalho por motivos de transtornos mentais tem crescido muito. Antes, eram as doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho; atualmente, são os transtornos mentais. Atribui-se muito às relações de trabalho, ao assédio moral, ao burnout e à vida moderna. São diversos fatores que estão convergindo e tornando os transtornos mentais relacionados ao trabalho muito evidentes", destaca.

Entre os principais sintomas dos trabalhadores, o médico enfatiza tristeza e insatisfação, que podem evoluir para casos de depressão e estresse.

"Tristeza, insatisfação em ir ao trabalho e o absenteísmo, que é a falta ao trabalho, são pontos importantes que começam a dar sinais de que o quadro vai evoluir. Quando evolui, o primeiro transtorno caracterizado é o estresse do trabalho, seguido de depressão e ansiedade em um quadro misto", ressalta.

Raimundo Leal pontua que as empresas possuem um papel importante na melhoria desses índices, além do poder público.

"É necessária uma atenção maior por parte do poder público e também das empresas. As empresas devem oferecer melhores métodos e relações interpessoais. O transtorno mental é codificado como risco ergonômico, relacionado à maneira como o trabalho é realizado. Caracteriza-se por metas, às vezes inatingíveis, que são exigidas. A pressão por resultados tem crescido muito, e tudo isso contribui para que os transtornos mentais estejam tão evidentes", finaliza.