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Daniela Mercury diz que novo CD é "provocação"

São 14 faixas gravadas que se transformam em cinco discos com capas e ordens diferentes das músicas para seguir diferentes conceito. Para Daniela Mercury, a nova proposta, que pode parecer uma loucura em tempos de crise das gravadoras, é uma provocação que convida os ouvintes a extrair sentimentos diferentes de acordo com a disposição das faixas. A cantora baiana esteve na redação do Terra nesta quarta-feira (2) e falou sobre Canibália, sua nova aposta.

"As pessoas tinham medo de colocar duas capas, me acharam louca quando falei de cinco. Já sobre as ordens foi exatamente a liberdade da arte, das pessoas ouvirem o disco de várias maneiras e exercitar a percepção", afirmou. Daniela ainda afirmou que a interação dos ritmos e gêneros, principalmente no Brasil, é um dos focos de seu novo disco. "A ideia surgiu depois que fizemos as fotos e achei que elas traduziam um pouco de cada disco, que tem um ecletismo enorme e a Canibália tem esse conceito da diversidade. Achei o máximo", completou.

A cantora ainda explica que a influência na hora de se ouvir música surge de diversas formas e Canibália é apenas uma parte dessa empreitada. "A gente percebe a música de várias maneiras e dependendo dos ambientes. Queria que as pessoas vissem as várias danielas. Meu disco é uma grande provocação. Acho que os gêneros se cruzam muito", afirmou.

Famosa por mesclar ritmos e se aventurar fora do axé, como fez com a música eletrônica no início dos anos 2000, a cantora ainda afirma que luta para acabar com a ideia estigmatizada que o Carnaval de sua terra natal possui para as pessoas em geral. "As pessoas cristalizaram a imagem minha com músicas dançantes e o relacionamento com Carnaval. Carnaval é algo muito maior do que se vê naqueles dias na TV, faz parte da nossa cultura. Fazer música de Carnaval é que nem cantar no Rock In Rio, é o nosso palco", disse.

Em Canibália, independente das ordens das músicas, Daniela Mercury explora campos distantes do axé, como o samba e o hip-hop. Além de uma parceria com o badalado produtor Wyclef Jean, ex-integrante do grupo The Fugees, a baiana regrava sucessos como O Que Será (À Flor da Terra, de Chico Buarque, e faz um dueto digital com Carmen Miranda em O Que É Que a Baiana Tem usando os fonogramas originais de 1939 liberados pela família da cantora.

Segundo Daniela, a ideia inicial era colocar mais material inédito no disco, mas acabou criando vínculo com as regravações. "Precisamos olhar o James Brown, João Gilberto, Stevie Wonder, Gilberto Gil cantar para continuar a ver o que interesse. Tenho um afeto enorme por essas canções. É uma responsabilidade enorme gravar uma música como O Que Será (à Flor da Terra).", disse. "Fazer uma música com sonoridade nova e profundidade não é fácil. Vejo passado e presente muito lineares. Os grandes artistas do passado continuam sendo referência para os artistas do presente", completou.

Para Daniela, fazer esse resgate e apostar em novas empreitadas, como é o caso de Canibália, é remar contra a corrente lutando contra uma imagem estigmatizada da música produzida em Salvador. "O axé tem muito funk, rock, reggae, hip-hop. Todos olham para a Bahia e acham que é uma cidadezinha parada no tempo sem internet e sem cinema. É uma terra matriz e berço de muita coisa. Onde a arte nasce das ruas", contou.

O plano da cantora baiana vai além. Daniela Mercury planeja colher depoimentos para um documentário que visa explorar o Axé e mostrar suas raízes no Brasil. "A ideia é botar os panos na mesa. Abrir a compreensão entre as pessoas do que há de interferência musical, pelo menos aqui no Brasil. Conversei muito com amigos músicos. Fiquei horas batendo papo com artistas como Adriana Calcanhoto, Ana Carolina para gente criar conversas sobre isso para mostrar o que essa mistura de coisas, essas sínteses rítmicas", disse.
 
 
Fonte:Terra
 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

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