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Rita Cadillac mostra lados A e B no cinema

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De dia, ela usa moletom para ir à feira e levar o poodle para passear. De noite, sobe no salto alto e vai de vestido justo trabalhar. Rita de Cássia Coutinho se transforma quase como uma heroína de história em quadrinhos, ainda que de uma trama latino-americana, nas cenas em que o diretor Toni Venturi a filma se trocando, se montando, virando Rita Cadillac.


"Esse lado A e lado B me estimularam, foi por isso que fiz esse filme", disse Venturi, 54, diretor do documentário sobre a ex-chacrete mais famosa, "Rita Cadillac - A Lady do Povo". "Quando digo que fiz um filme sobre ela, todo mundo dá uma risadinha, imediatamente pensa alguma malícia [...] Esperam logo que ela tenha uma vida particular devassa. E, ao contrário, encontrei uma pessoa muito simples, uma avó."

Rita Cadillac, em cena do documentário de Toni Ventura


Mas calma, a faceta picante está lá também, abundante. Rita revela que se prostituiu antes da fama, quando passou necessidade, diz que casou virgem e traiu logo no dia do casamento, que teve uma ou duas noites de amor com Pelé etc. E também fala dos filmes pornôs, aos quais se dedicou nos últimos anos. "Precisava ter minha casa, a casa do meu filho, um apê para ter uma renda", diz Rita, hoje com 55 anos, que ainda canta e dança em shows pelo país. "Me senti baixa, ruim."


Já a Rita lado B é aquela que faz a feijoada de domingo, que estudou em colégio de freira no Rio, cujo pai morreu quando ela tinha 13 dias de vida. Cresceu com a avó, que "bebia uma garrafa de uísque por dia", e morava em frente a um quartel general, em plena ditadura.


"Se ela não tivesse entrado pro showbiz, não tivesse se destacado como chacrete, como dançarina, teria sido mais uma entre as milhares de brasileiras sem oportunidade, com pouca educação, muito pobre, meio sem opção na vida", acredita.


O filme também aborda os anos loucos do garimpo, quando Rita e seu empresário voaram até Serra Pelada, no Pará, para fazer um show para milhares de trabalhadores, que jogavam pedrinhas no palco improvisado --pedrinhas que depois ela descobriu serem ouro. "A mina de ouro é essa", diz o empresário que colocou Rita para cantar e dançar em carreira solo, nos anos 80. "O Brasil gosta mesmo é de ver uma bunda."


Venturi, diretor do filme de ficção "Cabra Cega" (2005) e do documentário sobre mulheres líderes dos sem-teto "Dia de Festa" (2006), termina o filme em 2007, quando Rita se preparava para adentrar a política. Em 2008, ela tentou se eleger vereadora de Praia Grande (SP), mas os cerca de 380 votos não foram suficientes.


RITA CADILLAC - A LADY DO POVO
Diretor: Toni Venturi
Produção: Brasil, 2008
Onde:Cine Bombril, Frei Caneca Unibanco e circuito
Classificação: 18 anos

 

Fonte: Folha Online

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