Cazuza em capa de DVD

Mesmo passados 20 anos da morte de Cazuza, Lucinha Araújo contou que ainda chora todos os dias, por cinco minutos, trancada no banheiro. "Não quero que a dor diminua. Vou tirando a faca aos poucos, se tirar de uma vez dói demais. Deixo para superar e tirar a faca inteira no dia em que me reencontrar com ele", disse ela ao "Diário de S. Paulo".

Lucinha relembrou quando Cazuza, já com AIDS, disse na imprensa que Lauro Corona também tinha a doença. "A mãe dele não deixou ele se tratar. Tanto que Glória Pires, que era muito amiga, desesperada, me ligou pedindo que eu falasse com a mãe dele e pedisse para ela deixar ele se tratar com o mesmo médico de Cazuza em Boston".

A mãe de Cazuza disse ainda ao jornal que acha que o filho seria vanguarda ainda nos dias de hoje, pois ele não tinha vergonha de nada. Ela se lembrou de quando ouviu, em um show, pela primeira vez, "Só as mães são felizes", com o polêmico verso "Quem nunca pensou em comer sua mãe?".

"Quando abro o jornal, vi que perguntaram se ele tinha complexo de Édipo. E a resposta dele foi mais absurda ainda: 'Eu comeria, sim, papai e mamãe porque eles são muito gostosos, mas um pouco velhos demais para meu gosto'. Liguei pra ele e perguntei se ele estava maluco. Cazuza me disse: 'Mamãe, para esse tipo de pergunta tem de responder algo mais absurdo ainda'".

Lucinha confessou ainda que morre de saudades do filho e pensa em reencontrá-lo em no máximo, dez anos. "Acho que mais dez anos dá para encaminhar, mas não quero ficar gagá". Ela diz que, quando está com alguma dúvida, vai ao cemitério fazer perguntas. "Sinto ele por perto. Vou ao cemitério, pergunto alguma coisa, e espero por um sinal".

Ela lembrou do que o filho lhe disse em seu último Natal, no hospital em Boston. "Ele estava muito magrinho, mas continuava com os dentes lindos. Pedi para ele dar um sorriso e ele disse: 'Mãe, aconteça o que acontecer, vou estar sempre junto de você'".

Fonte: Ego