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Empresário e irmão são condenados por estuprar e assediar funcionárias de supermercado em Piripiri

Por Roberto Araujo

O empresário Francisco das Chagas Silva Machado e o irmão, José Maria Carvalho Silva, foram condenados após funcionárias que trabalhavam no supermercado de propriedade de Francisco das Chagas denunciarem serem vítimas de assédio, importunação sexual e até estupro. Os crimes ocorreram em Piripiri, no Norte do Piauí. A sentença, expedida pelo juiz da 1ª Vara da Comarca de Piripiri, Antônio Oliveira, é desta segunda-feira (6). A defesa nega que os réus tenham cometido os crimes e alega que vai recorrer da decisão. 

Em um dos relatos, a vítima aponta que o suspeito a chamou para o depósito do supermercado fora do horário de trabalho, cobriu uma câmera de segurança com o tapete, e começou a praticar o crime. Outra mulher relatou que o empresário chegou a oferecer uma promoção para que ela trabalhasse na mesma sala que ele, e que tentou agarrá-la, mas que ela conseguiu fugir. 

O empresário foi condenado a 37 anos de prisão, somando as penas pelos crimes de estupro consumado, estupro tentado, importunação sexual e três crimes de assédio sexual. O irmão, foi condenado por 11 anos e 4 meses pelos crimes de assédio sexual. Seis denúncias chegaram à justiça, no entanto, cinco foram levadas em conta na sentença porque uma prescreveu.

O advogado Antônio Mendes, que acompanhou o caso como assistente do Ministério Público em defesa das vítimas, afirmou que as mulheres sofrem sequelas e estão mais aliviadas com a decisão. 

“O crime causou um pandemônio. A decisão é um alívio, mostra que não houve impunidade, mas não vai apagar as sequelas deixadas pelos crimes. No processo há provas de que houve estupro, tentativa de estupro, assédio e importunação sexual”, disse o advogado.


Vítima foi estuprada em depósito do supermercado

Uma das vítimas relatou que sofreu estupro após o chefe pedir para que ela fosse até o depósito do supermercado onde trabalhavam fora do horário do expediente, à noite, para conferir uma carga da mercadoria e que, chegando lá, o patrão fechou o portão do depósito, cobriu as câmeras de segurança com um tapete, e passou a rasgar as roupas da vítima e iniciar o crime, mesmo com ela chorando e implorando para que parasse. Ela ainda relatou que ele colocou dinheiro no sutiã dela, que abandonou a quantia e saiu.

Ela disse que uma semana após o ocorrido, o suspeito ainda teria feito outra tentativa de estupro no depósito, mas que dessa vez não consumou porque a vítima conseguiu fugir.


Suspeito ofereceu "mudança de cargo" para dividir sala com a vítima

Outra vítima que também denunciou o assédio sexual à polícia relatou que, menos de 30 dias da contratação, o suspeito ofertou uma "mudança de cargo", fez perguntas íntimas e se colocou "a disposição". Ela também relatou que, em outro momento, quando trabalhava em um escritório junto com ele, houve uma situação em que ele a puxou pelo braço e insistiu para que ela o abraçasse, mas ela conseguiu fugir. Ela relatou que, em seguida, pediu para voltar para o cargo anterior porque não queria mais dividir sala com o  réu, mas que ele a ameaçou que se não quisesse permanecer na função, teria que pedir demissão.


Irmão de empresário tentou puxar vítima para beijar

Uma outra vítima relatou ser vítima dos dois suspeitos, o empresário e o irmão. Segundo o relato dela na sentença, o empresário teria feito um convite para que ela fosse ao escritório e fez perguntas sobre a vida íntima e o relacionamento. Ao sair da sala, ela relatou que o suspeito fechou a porta da sala e tentou agarrá-la, pedindo que levantasse a blusa. Após a recusa, ele passou a tratá-la de forma grosseira e colocando para trabalhar em setores com condições inadequadas.
A mesma vítima relatou que o irmão do empresário teria a assediado sexualmente, ao abraçá-la e tentar beijá-la. Ele teria chegado a empurrá-la na frente de outros colegas.

Réus negam os crimes

A sentença aponta que, em seus interrogatórios, os réus negaram os crimes. "Relatou também que todos os fatos narrados pelas vítimas são mentiras, que a intenção delas é apenas financeira", diz trecho da sentença.

O advogado dos réus, Eugênio Monteiro, disse ao Cidadeverde.com que a sentença não aponta provas dos crimes, acusa o juiz de ter se baseado unicamente nas denúncias das vítimas e que as acusações são "falácias".

"A defesa ingressará com apelação para o tribunal para que ela seja feita a devida correção a gente acredita piamente que houve um engano e que dentro dos autos não tem uma prova sequer, uma testemunha sequer que comprova o delito a eles atribuídos. Infelizmente, foram falácias, e as palavras da próprias vítimas tiveram mais força do que as palavras das testemunhas e dos denunciados", disse o advogado.

A defesa também informou que está ingressando com uma ação contra o assistente da promotoria. "Ingressamos com ação contra ele por falta de ética e por ter divulgado uma decisão de um processo que corre em segredo de justiça. Pedimos a retratação dele, uma multa que seja aplicada, e que ele retire das redes sociais e faça pronunciamento pedindo desculpas aos réus do caso", citou Eugênio Monteiro.

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