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Niède Guidon recebe título de Doutora Honoris Causa da UFPI

Por Redação

Foto: Reprodução UFPI

A arqueóloga e cientista Niède Guidon recebeu o título de Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal do Piauí (UFPI) na manhã desta quarta-feira (10). O título é o mais importante concedido por uma universidade a personalidades eminentes que tenham se destacado por sua contribuição à cultura, à educação ou à humanidade. A cerimônia aconteceu na cidade de São Raimundo Nonato, localizada a 520 km de Teresina, onde mora Niède.

Diferente das convencionais cerimônias de concessão de título de Doutor Honoris Causa, a solenidade foi restrita, na própria casa de Niède. Contou com a participação, além do reitor da UFPI, Gildásio Guedes, de alguns representantes da comunidade acadêmica que representam o segmento da arqueologia, área do conhecimento que teve, nas pesquisas lideradas por ela na Serra da Capivara, verdadeiras mudanças de paradigmas.

Niède Guidon agradeceu a honraria e ressaltou a importância do reconhecimento de seu trabalho. Ela também destacou que ainda há muito a ser explorado na região.

“É uma gentileza imensa receber este reconhecimento pelo meu trabalho, mas quem realmente merece isso é o homem pré-histórico, que deixou esse patrimônio fantástico na região da Serra da Capivara. Ainda há muitas áreas a serem completamente pesquisadas e um número fantástico de sítios arqueológicos a serem explorados”, completou.

O reitor da UFPI, Gildásio Guedes, enfatizou a importância da Universidade no reconhecimento do trabalho científico: “Este é um momento de preservar, reconstruir e construir o conhecimento aqui aplicado e o legado da doutora Niède. Estamos mostrando um trabalho científico, para que as pesquisas sejam ainda mais reconhecidas, agora no âmbito da Universidade, através da concessão deste título”, comentou.

Foto: Reprodução UFPI

Niède Guidon e as descobertas na Serra da Capivara

Niède Guidon foi homenageada em decorrência de suas pesquisas arqueológicas no Piauí, sendo responsável pela descoberta de mais de 800 sítios pré-históricos na área e vestígios dos primeiros habitantes humanos da Terra. Os vestígios de presença humana foram descobertos em escavações arqueológicas realizadas principalmente em abrigos rochosos naturais com muitas pinturas rupestres, no Parque Nacional Serra da Capivara, no Piauí, que foi declarado Patrimônio Mundial pela UNESCO em 1991.

A partir da exploração de sítios arqueológicos no Piauí e das datações realizadas na Serra da Capivara, Guidon deu forma à hipótese de que os humanos teriam chegado ao continente americano pela África. Segundo Niede Guidon, conforme artigo publicado em 2008, na revista Fapesp, o material arqueológico resgatado no Piauí até o início dos anos 2000 indica que o homem chegou à região há cerca de 100 mil anos.

Foto: Yala Sena

A teoria de Guidon sobre a chegada do homem às Américas causou ruptura com o consenso científico tradicional da arqueologia, cristalizado pela dominância da visão norte-americana, que posiciona a chegada do homem nas Américas há cerca de 13 mil anos, vindo da Ásia, com passagem pelo Estreito de Bering, localizado entre a Sibéria e o Alasca, e que de lá, teriam migrado para o sul.

Niède Guidon atuou na área por cinco décadas, sendo diretora-presidente da Fundação Museu do Homem Americano (FUMDHAM). Atualmente, ela é presidenta emérita. Em 2018, a pesquisadora também foi condecorada com o título de Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF).

Foto: Yala Sena

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