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Coluna 15/12/23

 

Dois pitacos sobre como se constrói uma imagem vencedora na política

Política não é um concurso público em que vence o melhor, o mais preparado, o mais capaz e inteligente. Política é outra coisa. E o leitor tem dezenas de exemplos que confirmam essa máxima, não é? No mundo real, há sempre uma necessidade e alguém que se investe, aos olhos do eleitor, da capacidade de sanar o maior problema percebido na arena pública. É preciso, de preferência ao mesmo tempo: 1) ler o que o eleitor deseja (mudança, segurança); 2) entender o contexto (onda conservadora, onda progressistas, economia em alta, em baixa, etc) e, por fim, 3) modular uma imagem que represente o que o eleitor deseja, oferecendo certeza e sonho. Se fosse fácil, todos fariam. Não é. Falemos dela, a imagem pública.

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Falemos de arquétipos

Toda campanha eleitoral precisa começar a construção da imagem de um candidato desenhando qual arquétipo ele representa. Dito de maneira bem simples, arquétipos são modelos universais de comportamento e personalidade, que remetem a padrões significativos na mente do eleitor. Para referências, procure por Roger-Gérard Schwartzenberg e Carl Jung. É como se num filme mainstream, o diretor quisesse apontar para um personagem sábio: seria mais fácil caracterizar o ator como um ancião de óculos e cercado de livros, ou um jovem tatuado com cabelos coloridos numa rave? 

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Personagens

Na política, os arquétipos mais usados no marketing são esses: 

-o herói (como Fernando Collor na campanha de 1989; usando o codinome “caçador de marajás”); 

-homem simples (como Lula ou Getúlio Vargas, que falava todos os dias ao rádio: “trabalhadores do Brasil”); 

-o líder-charme (como Juscelino Kubitschek, que tinha presença e carisma ou John Kennedy, nos Estados Unidos) 

-o “pai”, que incorpora o homem experiente, que conhece todas as coisas e é prudente (o próprio Lula, no terceiro mandato, incorporou esse arquétipo, fazendo a transição do “homem simples”).

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Bença pai

Os políticos que usam o arquétipo paterno, por exemplo, encaram a autoridade e respondem a uma necessidade do eleitor de obedecer e admirar. É o Estado que resolve e domina os impulsos. Em momentos com maior ruptura e incerteza, a população elege líderes com esse perfil. Por outro lado, uma economia em expansão e inovação, cabe melhor ao líder charme.

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WDias, de “homem simples” a “pai”

Um exemplo rápido, para aproximar o assunto da realidade piauiense: o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, foi eleito como o “homem simples” e, com os anos de experiência no Governo, virou o “pai”. O “homem simples” também é o arquétipo do prefeito Dr.Pessoa, assim como deputado Evaldo Gomes e do vereador Enzo Samuel.

 

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Ciro, o “líder charme”

O senador Ciro Nogueira, incontestavelmente, incorpora o arquétipo do “líder charme”, assim como o deputado estadual Jeová Alencar e o deputado estadual Dr. Vinícius. Sílvio Mendes, é naturalmente, o arquétipo do “pai”. Falta um herói? E se falta, o leitor quer um herói (como foi Jair Bolsonaro em 2018, e Javier Milei na Argentina)? Se o arquétipo do herói for utilizado quem será o vilão? Por hoje, só perguntas. Um bom assunto para o leitor pensar. 

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Lembra disso?

Exemplo: em 2020, o eleitor demonstrava querer como prefeito de Teresina um líder acessível, popular. O contexto era o pós-pandemia, quando medidas duras e necessárias foram tomadas pelo ex-prefeito Firmino Filho, desagradando a vários setores que historicamente apoiaram as gestões tucanos, como micro-empreendedores e grandes empresários. O candidato eleito, Dr. Pessoa, incorporava exatamente esse arquétipo. Já o candidato da situação, Kléber Montezuma, professor e gestor, caberia bem mais na imagem de "pai" (líder experiente) do que na de "homem simples". A estratégia de campanha de Montezuma foi no sentido de tentar torna-lo popular (usando o mote Klebão Pé de Chinelo), o que soou inautêntico naquele momento. Dessa forma, criar personagens alheios à realidade, não funciona. Fica a lição.

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Só uma perguntinha

Um político do MDB comentou dia desses à colunista sobre o veto ao médico Paulo Márcio como vice de Fábio Novo para a Prefeitura de Teresina em 2024. “Mas não aceitaram a Bárbara (do Firmino), que votou no Sílvio (Mendes) em 2022 e anda para todo lado com o Fábio Novo?”, questionou o emedebista. Então tá bom. 

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Não passarão

A coluna fez uma simples pergunta ao atual presidente estadual do Patriota, Gustavo Henrique, sobre o fato de que corre nos corredores do Palácio da Cidade que a legenda pode abrigar vereadores do lado de lá, ou seja, mudar de comando. A resposta de Gustavo, que apoia Fábio Novo: “Desespero. Sempre tentam. Isso já está resolvido, eles estão atirando para todo lado”, resumiu. Xiii...

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Se tá ruim, vai piorar!

Não está nada fácil a situação de um grupo político importante em Teresina. Podendo perder uma das siglas mais robustas por conta de articulações em Brasília, ainda há impasses com as outras sob o mesmo rol de influência. Um gestor partidário relevou à coluna que uma das legendes tem três meses de atraso nos compromissos firmados com a cúpula nacional, a segunda segue sem nominata (ou seja, sem comando formal). Quando tudo parece que está ruim, não esqueça: sempre pode piorar!

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O X da questão em Picos

A grande questão em Picos é se, ou melhor, quando o deputado estadual Nerinho (PT) irá apoiar o secretário estadual de Turismo e deputado Pablo Santos (MDB) na eleição de 2024. Com indicações importantes no governo do atual prefeito Gil Paraibano (Progressistas) – incluindo a secretaria de Educação – Nerinho tem uma situação delicada. Se deixar o grupo de Gil agora em janeiro, perde espaço e pode deixar de eleger um vereador a mais. Se demorar a decidir e estender a corda até abril (pós-janela partidária), desagrada o grupo de Pablo e da base governista estadual, explica uma fonte por dentro das coisas em Picos.

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Ou vem agora ou vai criar um problema

“Pelo menos 82% dos colégios do Nerinho são fora de Picos, e tem relação direta com o Governo estadual. Independente de aderir ao Pablo ou não, vai manter a mesma votação que ele teve. Mas se não aderir, cria um problema eleitoral pra base, pois comparando com Teresina e Parnaíba, com cenários muito incertos e nem os candidatos estão definidos, Picos é onde há maior perspectiva para o grupo”, analisou um político da região.

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Sabrina 2026

À parte todas essas questões, além de focar em Picos, o deputado Pablo Santos não deixará os colégios dele à toa para 2026. O deputado deve trabalhar para eleger a irmã, a dermatologista Sabrina Santos na cadeira que também já foi do pai, Warton Santos.

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Se conselho fosse bom

Você nunca deve demonstrar que leva nada para o lado pessoal. Se você deixar claro onde mais lhe dói, é lá que seus adversários vão bater de novo e de novo. Ficar na defensiva só mostra que você é vulnerável. Permaneça impermeável e mantenha um comportamento sem forma, negando aos que se opõem a você o prazer de saber que lhe atingiram no nervo. 

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Cifrada da Ameaça Inusitada

Um político importante tinha o hábito, em um passado longínquo, de cobrar a liberação dos recursos devidos nos órgãos públicos com a seguinte frase: “Se não receber, vou tirar a roupa aqui agora!”. Para evitar maiores polêmicas, pois nunca se sabe o que se passa na cabeça das pessoas, os secretários e superintendentes “ameaçados” aceitavam fazer de tudo para se livrar do escândalo e pagavam o que deviam. A coluna entende que é difícil conseguir a liberação de recursos públicos, mas não imaginava que chegaria tão longe... Que coisa!

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Para ler, ver e ouvir

Não que o leitor precise de mais problemas do que a nossa vã existência já nos proporciona. Mas quando se trata de arte (e bons filmes são isso), vale a pena ensaiar o que faríamos em cenários distópicos. Caso o leitor aceite a indicação da colunista, qual será a conclusão que terá após ver “O Mundo Depois de Nós”(Netflix), com Ethan Hawke, Julia Roberts e Mahershala Ali? O que é necessário para conflagrar e destruir uma sociedade? Uma bomba seria necessária ou bastaria um colapso tecnológico, sem nenhum tipo de comunicação digital? Como o filme é um mistério, basta essa dica para não estragar a surpresa.

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Foto do dia

Os participantes da confraternização do deputado Jeová Alencar, marcada para o próximo dia 20, estão ansiosos para saber se chegará lá também o ex-prefeito Sílvio Mendes. A coluna apurou com interlocutores de ouvidos privilegiados, que Sílvio foi convidado. Se irá ou não, é outra história. Alguns apostam que seria uma torta de climão com o prefeito Dr.Pessoa, que é um dos convidados, e um recado claro de Jeová sobre o caminho que deve seguir em 2024. Hipóteses...

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A frase para pensar

“Brasília é uma colmeia de abelhas. Metade fica voando e metade fazendo cera”, Paulo Maluf (1931-), político e ex-governador de São Paulo.

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