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Coluna 13/06/24

O “trem”de Dr.Pessoa: guinada em pré-campanha quer colocar prefeito no “centro”

A prefeitura de Teresina é uma máquina. Certo, quem nunca ouviu essa comparação? Com seus problemas, sem dúvidas, mas se fossem insolúveis ninguém estaria brigando para operá-la em 2025, não é? Sabendo disso mais do que ninguém, o núcleo duro do prefeito Dr.Pessoa (PRD) reagiu. Após uma série de reuniões na última semana, decidiu que a máquina irá funcionar à pleno vapor nessas eleições. “Pessoa tem estrutura, não vai com mãos abanando”, avisou um defensor com olhos de águia. Vai nadar com a maré a favor ao invés de contra a corrente? 

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Eu sou o caminho do meio

A coluna apurou que há um esforço para que o prefeito - que figura em terceiro e até quarto lugar nas pesquisas de intenção de votos divulgadas até agora - se reposicione não apenas politicamente, mas também em termos de imagem e de gestão. Para isso, mudanças inevitavelmente serão feitas na composição da administração (abordaremos em outro momento). No frigir dos ovos, a ideia é muitíssimo simples: Dr.Pessoa é o representante do centro, o caminho do meio entre Fábio Novo (PT) e Sílvio Mendes (União Brasil).

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Chega!

São muitos os motivos para que o prefeito mude a estratégia que vinha tendo até agora. Um aliado admite: “Chega a ser uma série de desrespeitos acumulados, que estamos vendo que estão ultrapassando já os limites”, pontuou. São eles (os desrespeitos): pressão, inclusive interna, para que Dr.Pessoa desista de disputar a reeleição, que não apoie ninguém, que apoie o ex-senador João Vicente Claudino, recados malcriados do próprio partido, o PRD, ameaçando não dar a legenda, aliados fazendo jogo triplo (jogo duplo é só para amadores)... A coluna tem espaço limitado, vamos parar por aqui. 

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Amigo, ou você ajuda ou sai 

Um secretário municipal forte, compara o prefeito a um trem: “Dr.Pessoa é um idoso, de 78 anos, que sempre puxou esse trem, com outros políticos, familiares... independente de qualquer coisa, ele sempre seguiu em frente. Não seria agora que ele iria deixar algumas engrenagens paradas, subutilizadas, sem manutenção. Ele vai botar pra andar. Voltou aos trilhos e está andando. Os passageiros que estão atrapalhando, que saiam do trem, para dar espaço aos novos que vão entrar. Vamos seguir a viagem”. Como disse Adoniran Barbosa em “O trem das onze”: “Não posso ficar nem mais um minuto com você...” 

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Contra o preconceito

Mas o prefeito vai parar de brincar, vai deixar o estilo mais descontraído? Do que se trata, necessariamente, essa mudança? “Existe muito preconceito. O prefeito é uma pessoa idosa, que leva a vida com alegria e as pessoas querem colocar como alguém que não fez nada ou só fez dançar. Na Caminhada da Fraternidade, vimos os adversários em passagens apáticas, e o Dr.Pessoa sendo abraçado por muitas pessoas, senhoras que agradecem algum serviço prestado. É um voto que é dele, independente do trabalho na campanha”, retrucou um gestor que rebate previsões pessimistas sobre o desempenho de Pessoa em outubro.

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Barriga cheia do lado de cá 

Os vereadores que estão fazendo corpo mole do lado do prefeito, foram avisados de que, se os adversários ganharem, eles têm muito a perder. Pensar que vereadores gostam de perder é um pensamento débil, evitemos: “Os vereadores vão voltar a ser líderes comunitários. Quem tá no grupo do X (pré-candidato adversário), por exemplo, nunca perdeu suas coisas... Todo mundo que estiver com a gente vai estar bem calçado, viu?”. Até onde a colunista sabe, a lei da oferta e da demanda impera – aplicando-se às commodities e às pessoas!

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Temos discurso

A força da maré alta é um negócio impactante. Mas não basta. Para vencer uma disputa de votos, tem que ter máquina e discurso. “Temos discurso. Vamos dizer que fizemos e fizemos mais. Um candidato só fala da Teresina do futuro e outro da Teresina do passado. De um lado tem um grupo que quer dominar tudo e do outro um mão de ferro (a fonte não disse quem era o quê...) Vamos falar da Teresina do presente. Temos dados: escola em tempo integral, galeria, fizemos mais em tudo”, elencou um pessoísta por dentro das engrenagens do trem.

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Conclui-se, portanto, que...

Pelas fontes ouvidas pela coluna, conclui-se que: 1) o trem de Dr.Pessoa não desiste. 2) O prefeito tem as peças para acelerar o trem. Sendo assim, tem condição de chegar aos dois dígitos (mais de 10 por cento de intenção de voto) e impedir uma resolução da eleição no primeiro turno (nem os grupos de Sílvio Mendes nem de Fábio Novo querem isso). A política é fluida, não há previsões estáticas porque os atores mudam o comportamento. Ninguém que vive de política quer ficar segurando vela para os rivais mais fortes, concorda leitor?

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Ele tem que cuidar do dele

A coluna odeia ter que ser leva e traz, mas o trabalho duro tem que ser feito, sem queixas. Após publicação da fala do deputado federal Jadyel Alencar (Republicanos) criticando fortemente o deputado estadual Georgiano Neto (volte uma coluna), Georgiano respondeu que “preferia responder com trabalho”. Ok. Mas completou, para deleite do leitor: “Deputado Jadyel está com calundu. O povo tá esperando é o resultado do mandato dele. Se não corresponder, pode perder aliados...”. Deputado Jadyel, quer fazer a tréplica ou deixa pra lá?

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Se conselho fosse bom

Você pode se ver preso numa situação idiotizante, numa cidade morta, cercado de pessoas que exalam uma insegurança subjacente irritante. Acontece. Ao invés de cair no ceticismo e esgotamento, relembre que você nasceu e morrerá sozinho. Em todas as 24h do seu dia, você ouve uma única voz dentro da própria cabeça. Preencher o espaço com outras pessoas ou diversões entorpecentes, é fugir de si. Uma fuga que não leva a nada. No fundo, todos os problemas são problemas de autoestima e necessidade de validação externa. Se livre da vontade de agradar os outros, aperfeiçoe a si mesmo e verá sua vida melhorar substancialmente.

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Cifrada da Fábula do Príncipe Podado

Em um reino distante, onde as colinas eram banhadas pelas águas de dois rios, havia um jovem príncipe que possuía um poder incomparável. Filho do rei, sua influência se espalhava por todo o território. No entanto, em meio aos sussurros das noites, conselheiros do soberano o alertaram de que o príncipe trabalhava contra a presença do pai numa batalha marcada para breve. O poder do príncipe seria podado, suas asas, aparadas e seu reino encolhido? O rei era mais esperto do que demonstrava? O verdadeiro poder reside em saber para onde os ventos sopram, diz o oráculo.

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Foto do dia

O Governo Lula tem dois problemas – dentre outros, mas a coluna só vai citar dois. 1) Precisa levar a sério, com estratégia, a eleição de deputados e senadores progressistas em 2026, só assim vai parar de apanhar no Congresso do futuro (porque esse, do presente, já está precificado: é conservador). 2) O projeto que venceu nas urnas em 2022 foi o do PT, mas nem parece. Ninguém na Esplanada dos Ministérios demonstra estar realmente comprometido na defesa da agenda. Falta ocupar espaço na arena. É a comunicação, estúpido! (parafraseando James Carville,  estrategista da campanha de Bill Clinton, que na frase original falava de economia). Na foto, o algoz, Arthur Lira, presidente da Câmara, que votou ontem a urgência para o projeto que equipara aborto feito após 22 semanas de gestação a homicídio.

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A frase para pensar

“Não acredite em nada até que tenha sido oficialmente negado”, Claud Cockburn (1904-1981), jornalista britânico.

 

 

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