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Coluna 14/06/23

R$1,5 milhão para eleger um vereador em Teresina - por baixo

“Eu não ouvi nenhum vereador de mandato falando em menos de R$ 1,5 milhão”, relatou à coluna um político que transita em todos os polos do espectro ideológico. Como ele não pediu segredo da informação, apenas da identidade, é sabido que uma campanha com potencial de vitória na capital, daqueles que já estão sentados na cadeira almejada por centenas, é feita com estrutura acima do milhão (de reais, para que não restem dúvidas). 


Venda pipoca ou gaste um milhão e meio

“Se não for gastar acima disso, melhor vender pipoca”, respondeu um outro suplente de vereador bem votado e que, dessa vez, promete que entra. A coluna registra que os pipoqueiros fazem um trabalho digno e que merecia melhor reconhecimento e remuneração.


Deixa baixo

Oficialmente, o teto de alguns partidos bem fornidos, como PT e Progressistas, é um pouco mais de R$ 200 mil para fomentar as campanhas proporcionais mais competitivas, se tratando de capital. Fora do oficial, mais ajudas são dadas e, além dela, cabem aos candidatos majoritários contribuírem. Pronto, agora o leitor entendeu o tamanho do problema que é ser um candidato majoritário: tem que formar chapa. E por formar, leia-se, custear.


No mínimo, R$ 230 mil

Mas calma, leitor, tem espaço para todo mundo. Um pré-candidato que não tem mandato e almeja ter uma média de 1,5 mil votos em uma chapa média, abriu as contas para a coluna: R$ 55 mil de material gráfico, R$ 15 mil de aluguel de van, R$ 17.400 com 12 panfleteiros, R$ 6 mil de aluguel de comitês, R$ 8 mil de despesas extras, R$ 4 mil de carro alugado, R$ 5 mil de combustível, R$ 13 mil de alimentação e R$ 6 mil em comunicação, somando R$ 129,4 mil em 45 dias de campanha. “Isso é só estrutura de campanha, com os votos quero gastar R$ 100 mil. Disso, o partido me dá uns R$ 60 mil e o restante estou buscando para investir”. Ao todo, então, são R$ 230 mil para um candidato pequeno. Eita!


Com quantos votos se elege um vereador em Teresina

A coluna adora matemática, pena que o amor não é recíproco. Mas, em nome da informação, apresenta os cálculos: o quociente eleitoral para vereador de Teresina é de 13 mil votos. Há poucas mudanças na legislação, já que antes todo mundo participava das sobras. O partido que não fizer o quoeficiente, precisa de mais de 20% dos votos para eleger um vereador, o que dá cerca de 3 mil votos. Se faz o quoeficiente, só precisa de 10% disso, cerca de 1400 votos.


Tentando entender até agora

Dúvida: a segunda vaga da sobra tem que ter 20% ou não? Quoeficiente cheio ou não? Reposta de um advogado eleitoral à coluna: a segunda vaga tem que ter 10% do quociente. Pode parecer pouco voto, mas com tantos candidatos, é um desafio e tanto. Em algumas cidades no interior do estado, essa é votação capaz de eleger até prefeito.


Bala na agulha

Adesões de peso ao deputado estadual Fábio Novo (PT) à Prefeitura de Teresina só devem mesmo ser anunciadas com o retorno do governador Rafael Fonteles da Europa. É que, nos termos em que as organizações de chapas estão se formando, alguns movimentos (o leitor me entende) precisam ser chancelados apenas pelo próprio Rafael. 


E que vença o melhor

A segunda missão de Fábio Novo é fazer agora as adesões que estão ao seu alcance firmar. Já a primeira missão, antes de tudo, é chegar a 20% de intenções de voto até o final de junho. Pertinho. Já o grupo de Franzé Silva é mais comedido, e aguarda que o presidente da Assembleia Legislativa alcance pelo menos os 12% até agosto. 


Caminho das pedras

Um petista lembra à coluna que Franzé está com boa parte do grupo que fez parte das gestões tucanas. “Isso quer dizer o que?”, perguntou a colunista, fazendo o seu trabalho. A resposta: “Eles (tucanos) estão fora do poder há apenas três anos, é pouco tempo. As lideranças amam o PSDB e eles ainda têm muita capilaridade, isso ajuda a levar o nome do Franzé pra frente”, relatou.


O chapão do PSDB com o Progressistas

A troca de chapas federal e estadual consagrada – e bem-sucedida – entre PSD e MDB está fazendo escola no Piauí. A coluna apurou que pode ser formado um chapão unindo os nomes do PSDB e Progressistas. Seria assim: Bárbara do Firmino se filiará ao PSDB no final do ano, em uma big festa, e todos os candidatos a vereador que sairiam pelo PSDB devem migrar e formar um chapão no Progressistas. Em outras palavras: PSDB fica com a cabeça de chapa, Progressistas fica com a chapa forte de vereador.


Clima bom, até que...

O clima estava ótimo na reunião entre os secretários municipais e o prefeito Dr. Pessoa. Obras, metas, listas de quem faz o quê... até que no momento da divisão, ficou patente que o superintende da Saad Sul, Jeová Alencar (Republicanos), tinha o triplo de recursos e obras em comparações aos demais. Pesou.


Cabisbaixos

Os muxoxos começaram discretamente, mas, segundo um bem informado secretário municipal presente na reunião, o prefeito sentiu o pulso dos interlocutores e foi direto ao ponto, respondendo às reclamações que ninguém teve coragem de fazer em voz alta: Jeová fez o sacrifício de deixar o mandato na Alepi, acomodou o suplente Gessivaldo Isaías e é natural que tenha essa compensação de uma estrutura maior na Saad Sul que, aliás, engloba uma região de fato bem mais extensa. Ah, Dr.Pessoa também teria deixado Jeová à vontade para indicar alguém ou não tocar mais para a frente a divisão da Saad Sul. A coluna não faz apostas, mas se fizesse, apostaria que tudo fica como está.   


Vruuum

A agenda que conversa entre o meio-ambiente e a indústria tem seus defensores no Congresso. A Medida Provisória 117/2023, que prevê incentivar a produção de veículos movidos a biometano, em tramitação na Câmara, tem emenda de piauiense, especificamente do deputado federal Jadyel Alencar. A proposta emenda estende à isenção das alíquotas de contribuição do PIS/Pasep e da Cofins para a linha de operação de biometano, que é o gás extraído de matéria orgânica em decomposição, e apresenta um custo 56% menor que o diesel. O deputado tem vestido mesmo a camisa do Partido Verde.


Fio desencapado

É para ser um dia normal na pouco polêmica Comissão de Desenvolvimento Regional (CDR), presidida pelo senador Marcelo Castro, mas calhou do emedebista receber nesta quarta-feira, 14, a ministra do Turismo, Daniela Carneiro, para uma audiência pública. Teoricamente, ela vai apresentar as ações do ministério para os próximos dois anos. Na prática, já é tratada como ex-ministra, deixando a cota do União Brasil para que Lula consiga algo mais próximo da governabilidade no Congresso. A ministra pode até cair, mas promete cair atirando.


Post scriptum

A coluna vai quebrar a quarta parede agora porque sabe que é lida por pessoas meticulosas, inteligentes e com apetite insaciável por política. É partindo desse pressuposto, sem subestimar o leitor, que inicia cada texto: pensando na objetividade e na informação – especialmente de bastidores, cuja circulação é sempre restrita – o mais limpa possível. A colunista pensa nesse espaço como uma síntese do briefing diário do que há de mais interessante na política em meio a uma montanha de informações. E agradece aos feedbacks recebidos e aos leitores que compartilham a coluna, fazendo a corrente crescer. Amanhã tem mais.


Foto do dia

Três pontos da live do presidente Lula que estreou ontem, 13, nas redes sociais: 

1-O horário, 8h30, é ruim. Lives e podcasts costumam ser divulgados à noite, não por acaso, já que esse é o turno em que as pessoas geralmente estão livres de obrigações profissionais, domésticas ou acadêmicas.

2- A live era para ser surpresa? Ninguém sabia, e os próprios petistas reclamaram que foram pegos de surpresa com a baixa divulgação prévia, essencial para fazer o “esquenta”, gerando expectativa e, claro, audiência.

3- Ponto positivo: Lula é um excelente orador e ótimo contador de histórias, especialmente quando fala no palco e de improviso. O melhor comunicador dos feitos do seu governo sempre será ele mesmo e a ideia de criar um canal de diálogo direto com o público, pautando a agenda de temas, além de mostrar informalidade e proximidade, é necessária. Não reproduzir o estilo de Jair Bolsonaro também é o mais indicado, cada um no seu quadrado.


A frase para pensar

“Se há mais de uma forma de fazer um trabalho, e uma delas redundará em desastre, então alguém fará o trabalho dessa forma”, Capitão Edward Murphy (1918-1990), da Força Aérea dos Estados Unidos, concluindo uma perícia técnica que deu origem à expressão Lei de Murphy.

 

 

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