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Coluna 31/05/24

"Está gravando?" Acusações de jogo baixo e desespero tensionam pré-campanha em Teresina

Há muitas, criativas e complexas maneiras de expor um adversário. A gravação de conversas, desde que a tecnologia passou a permitir, é uma delas. Quem vive na política, considera o ato execrável. Todos ficam expostos. Se os fins justificam ou não os meios, isso não vem ao caso. O que vem ao caso, isso sim, é o fato de que um político relatou à coluna que nunca confiou e vai continuar sem confiar em ninguém: “Fui levar duas lideranças minhas para conversar com o X e o cara ia tratar com eles cru, do jeito que veio. Eu disse: ‘não, meu amigo’, peguei os quatro telefones, levei pra fora da sala e aí a gente tratou”. Outra fonte, completa, indignada: “Se todo mundo for gravar todo mundo, acabou-se a política!”. 

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O caso: Gustavo e Chico Pança

O fato é que um grupo de pré-candidatos da oposição, que apoia o pré-candidato a prefeito do União Brasil, Sílvio Mendes, anunciou que acionará o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PI) contra o presidente do Agir, Gustavo Henrique. Apontam que ele tentou convencer, com oferta de vantagem econômica, a liderança Chico Pança a desistir de concorrer à Câmara Municipal e aderir a Fábio Novo (PT). Tudo teria sido gravado. A coluna não entra na seara jurídica, longe disso. Nosso negócio é a repercussão no mundinho da política. E esta foi grande...

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Avalanche

“Toda eleição tem isso. A diferença que é que antes tinha-se uma espécie de acordo branco (não formal) entre Firmino (Filho) e o governador (Wellington Dias) e nunca houve um enfretamento direto em Teresina, tão grande como está sendo agora nessa eleição. Agora não tem acordo nenhum e está essa guerra”, analisou um político sobre o ocorrido. 

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Só não tem santo

Vereadores, suplentes, pré-candidatos e coordenadores de pré-campanha proporcionais de todos os lados (todos mesmo!) temem ser gravados. “Essa semana o A. (político que disputa cargo majoritário) me ligou me chamando pra tomar um café. Na mesma hora pensei: ‘Esse cara tá me gravando’.” O político ouvido pela coluna desconversou e não foi para o café... por via das dúvidas, não custa ter cautela, não é mesmo? Outro pré-candidato a vereador, afirma que pelo sim e pelo não, vai ter que confiar (sempre com um olho aberto): “Já pensou, a gente que é vereador, dizer que a liderança não pode levar celular pra uma reunião? Não dá. Isso não faz parte do jogo”.

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Ganha um prêmio quem emplacar a narrativa

Narrativas políticas são histórias convincentes para atingir algum fim político. Há um tema, enredo e personagens (herói, vilão e vítima). As narrativas são a essência da política. E as ideias, é claro, são movidas por interesses. Dessa forma, o eleitorado do Nordeste, tem particularmente o histórico de se solidarizar com o “coitado”. Esse papel é bastante disputado...

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Só tem lugar pra uma vítima

A narrativa que vingará é a de que um grupo de grande poder econômico está abusando dele para desequilibrar o jogo? Ou é o contrário? Um candidato tem sido alvo do desespero pelo viés de queda de um adversário, sofrendo todo tipo de ação, inclusive judicial, para prejudicá-lo? O final da novela, só em outubro. Peguem a pipoca!

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Vem pra cá

Em evento do PL, repercutiu a fala do prefeito Dr.Pessoa dizendo que convidou a ex-secretária municipal de Economia Solidária, Gessy Lima (PL), para ser sua vice. Gessy confirmou à coluna: “Sim, toda vez que ele me vê, repete essa história e toda vez eu dou a mesma resposta: não”. Bom... Se certamente não é por Gessy, o alinhamento do prefeito com o PL é segurado pelo líder de Dr.Pessoa na Câmara, Luís André e o presidente municipal, Leonardo Eulálio. 

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Ou fica com a gente ou fica calado, faz favor

“Quem não for alinhado com o Dr.Pessoa no PL, que pelo menos não fale mal nem atrapalhe”, destacou um filiado à sigla, em reserva, à coluna, sobre a orientação recebida dos cabeças. Em tempo: os pré-candidatos do PL estão sendo monitorados para verificar posturas discordantes. “Não recebo nada de estrutura da Prefeitura, mas o que me resta é sair candidato pelo PL por questões ideológicas. Vou me preocupar com a minha campanha de vereador”, admitiu, em tom de desabafo, à coluna um pré-candidato bolsonarista (e pragmático).

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Faltou o do gás

Os dois ou três gatos pingados que leem a coluna acharam que a análise do mercado do voto na capital (volte uma coluna) até que foi no rumo certo, mas como nada é perfeito, fizeram algumas ressalvas. Uma delas foi sobre o fato da colunista não ter incluído o “pedido do gás acabou” como um dos principais quando os pré-candidatos a vereador chegam nas casas. “O do gás tem que ser dado e é rápido. Aja gás!”.

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Os caras começaram a moer 

Um vereador que promete estourar a boca do balão prevê muitas desistências nos próximos dois meses na capital: “Tem o Y (vereador), que pegou aquele baque grande. E o Z (suplente) que deve apoiar o W (vereador), ambos na mesma chapa”, revelou um interlocutor privilegiado. 

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Se eu ganhar, te dou o restante

O foco agora é buscar a adesão de vereadores e suplentes que “já sabem onde buscar o voto”. Coisa pequena, na casa do milhão... Um parlamentar que está em plena negociação para um colega aderir a ele, abre o jogo: “Eu já digo logo, isso é seu e isso é pra gastar comigo e depois lhe dou tanto se eu for eleito”. Sinceridade é importante mesmo...

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Saia, pra você ver o que acontece

Réplicas, após a coluna publicar a fala do presidente estadual do Cidadania no Piauí, Mário Rogério, que decidiu sair do barco da pré-candidatura a prefeito do ex-senador João Vicente Claudino em Teresina. Jorge Lopes, próximo a JVC, e presidente da Federação PSDB/Cidadania, retrucou o seguinte: “Torcemos para que o Presidente do Cidadania reflua da sua decisão, senão estará incorrendo nas transgressões previstas nas regras estatuárias, onde cabe ao Colegiado Nacional analisar as questões éticas e disciplinares dos partidos federados”. Entramos no tema “carta da expulsão à vista”?

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Para ler, ver e ouvir

O leitor que resolver ir ao cinema assistir “Furiosa: uma saga Mad Max”, precisa preparar para cenas violentíssimas, belamente filmadas pelo diretor George Miller e competentemente atuadas por Anya Taylor-Joy, a personagem título do universo Mad Max. É uma montanha russa de eventos de um universo distópico, onde não há água e comida para todo mundo e o pior do ser humano aflora em uma sequência caótica, perversa, brutal e fascinante, filmada num fôlego intenso. Um épico moderno, que justifica a imersão em tela grande. De preferência, veja antes o filme “Mad Max: estrada da fúria”, para se contextualizar do universo Mad Max. Cinema de ação, em qualidade. 

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Se conselho fosse bom

Você tem dois caminhos pela frente: um que demora mais tempo, é custoso, difícil, particularmente incerto e complicado de executar. O outro é o caminho mais fácil, geralmente tendendo à manutenção das coisas como estão, o destino que lhe economiza energia, você sabe do que estamos falando. Pois bem: escolha o que parece ser pior e mais complexo. O caminho que não tem garantias é aquele evitado por muitos. A concorrência é menor por um motivo: o ser humano foge da dor e busca o prazer rápido, a ilusão de segurança. Busque a dor do crescimento e da dificuldade. Só assim a satisfação da realização virá.

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Cifrada do Tapetão na Presidência

Se há mesmo um acordo para a sucessão na presidência da Câmara de Teresina para 2025, é bom que os nomes interessados se atentem às movimentações de bastidores que ocorrem antecipadamente. Há pelo menos três fortes vereadores/suplentes que, se conseguirem êxito no pleito deste ano, já começaram a chamar colegas para tomar um café forte e fazer aquela perguntar capciosa: “Posso contar contigo?”. A coluna pede que o leitor mantenha discrição sobre o tema. Shhhh, ninguém pode saber! 

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Foto do dia

Para onde será que vai o presidente da Assembleia Legislativa do Piauí, o deputado petista Franzé Silva, após deixar a cadeira que foi, por tantos anos, do atual vice-governador, Themístocles Sampaio, e será logo mais do deputado emedebista Severo Eulálio? Ora, quem entende de política sabe que não cabe bem ao ex-presidente de um Poder sentar de novo no plenário como um reles mortal... Franzé tem sido parceiro do Governo em pautas importantes na Alepi, isso ninguém pode negar. E, sem Franzé retirar a pré-candidatura a prefeito, o petista Fábio Novo não ganharia a indicação da sigla no PT. Dessa forma, será demais projetar que Franzé possa assumir uma secretaria estadual? Qual, qual, qual? 

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A frase para pensar

“Plágio, plágio – tudo em política é plágio, porque, para ser um bom representante do povo, a primeira coisa que o indivíduo deve perder é a personalidade, é o caráter próprio”, Lima Barreto (1881-1922), jornalista e escritor.

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