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Coluna 19/02/24

A adesão de Luciano a Fábio Novo muda o jogo? Análise

“Não se trata de uma simples adesão, isolada e sujeita a críticas, mas de uma adesão do partido como um todo”, avaliou à coluna um político com décadas de experiência sobre a aliança do ex-deputado Luciano Nunes com pré-candidato do PT, Fábio Novo, oficializada nesta segunda-feira, 19. A adesão isolada e sujeita a críticas, pode-se supor que seja tanto a da deputada Bárbara do Firmino, como a do deputado Marden Menezes, ambos do Progressistas. Com Luciano, a história é outra.

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Tucanos vão, partido fica

A ideia é dar peso à entrada do grupo no núcleo petista, com a previsão de pelo menos 15 ex-secretários de Firmino Filho e mais 50 ex-gestores de gestões tucanas. A questão nacional está “alinhada”, mas incerta. O ex-prefeito Sílvio Mendes (União Brasil) e o grupo do senador Ciro Nogueira não devem abrir mão do número 45, dos recursos e do simbolismo, mesmo que esvaziado, de marchar com o partido. A disputa pela sigla será feroz, mas isso é assunto para outra coluna. 

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Mundos e fundos

Teve sim uma reação na última semana por parte do Progressistas para tentar reverter a inevitável perda de um aliado de todas as horas. “Depois de muito tempo, o Progressistas entrou em campo e tentou barrar, mas já era”, revelou um tucano emplumado, em reserva. Como não funcionou, até segunda ordem Sílvio deve manter o discurso de não atacar diretamente Luciano, minimizando sua saída. Esse é o tom.

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A foto é o que importa

O que importa mesmo será a histórica foto da adesão do ex-adversário Luciano, vista pelos petistas como um marco da eleição de 2024 no Piauí. Pode reforçar a ideia de frente ampla para Fábio Novo e conquistar de vez os votos dos críticos eleitores teresinenses que nunca quiseram o PT no Palácio da Cidade. Ou pode dar ao ex-prefeito Sílvio Mendes, a base para o discurso: “eu contra o blocão”, que já funcionou no Piauí, usado pelo próprio PT no passado. Só um dos lados vence nessa. 

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Xeque-Mate

Em xadrez, se o leitor me permite a divagação, o que importa é capturar o rei (a peça mais valiosa) do adversário. Para isso, é necessário chegar no centro do tabuleiro e por lá permanecer. É a presença no centro que garante maior margem para manobra. Mesmo que um lado tenha mais peças que o outro, o que vale mesmo é o valor das peças. Se você tem três peões e eu tenho um cavalo, uma torre e uma dama, nós dois temos três peças, mas as minhas valem mais. Extrapole as metáforas para a política e o leitor terá compreendido o ponto da colunista.

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Pedra 90

O ex-prefeito Firmino Filho não está mais entre nós, mas sua imagem ganhou ares míticos eleitoralmente e todos querem ser ou parecer com Firmino: calmo, firme, resoluto, olhando para frente. Aqui, a colunista não está falando de fatos objetivos. Mas de ideias e discursos que permeiam a teia do tecido social. 

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Quem tem a legitimidade

À parte alguns excessos na apropriação da imagem de Firmino (que correm o risco de soar como oportunismo e mau gosto), a disputa dessa eleição é a seguinte: quem tem mais legitimidade para levar à frente um governo com espírito tucano, Fábio Novo, um petista (ex-tucano) que tem ao seu lado o grosso dos ex-secretários do PSDB, ou Sílvio Mendes, ex-secretário de Firmino e vice-versa, ele próprio ex-prefeito do PSDB? 

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Algoritmo

Política também é ciência? Um forte grupo político realmente está começando a formar chapas de vereadores em Teresina. O diferencial é que eles têm um super professor, matemático, que trabalha com um algoritmo criado apenas para distribuir os candidatos nas chapas adequadas. O homem está por dentro das tratativas direto com os pré-candidatos. “Dizendo eles que tem um algoritmo aí. Os caba são bons em matemática”, relatou à coluna uma fonte, ainda um pouco desconfiada da novidade.

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 Sem desperdício

A meta é não ter “quebra”, ou seja, perda de votos. Assim, é possível eleger até dois vereadores a mais. Por exemplo: em 2020, se perderam 40 mil na capital. O PMB fez 18 mil votos, mas ninguém na chapa tinha 1,5 mil votos (o mínimo necessário) e nenhum vereador do grupo foi eleito. A meta é somar e multiplicar!

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Senta que lá vem história

O ex-presidente Itamar Franco era mercurial, impulsivo, cheio de manias, mas também intuitivo, avesso aos holofotes e preocupado com o trato da coisa pública. Os aliados diziam que ele “tinha estrela”. Como bom mineiro, sabia dar recados. Quando ninguém em Brasília queria brigar com o todo poderoso presidente do Senado, Antônio Carlos Magalhães – que amedrontava os adversários - ele comprou o embate.

ACM disse que tinha um “dossiê do Jutahy Júnior”, político do PSDB baiano e indicado para o Ministério do Bem-Estar Social, o que ACM não gostaria que acontecesse. Itamar decidiu que receberia pessoalmente as denúncias de corrupção contra Jutahy, mas surpreendeu ACM chamando ao encontro jornalistas e o ministro da Justiça como testemunhas. ACM não tinha dossiê, apenas recortes de jornais. O todo poderoso do Senado ficou irado com Itamar, como conta a jornalista Cristiana Lôbo. Porque política também se faz com jeito matreiro...

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Se conselho fosse bom

Mesmo que você tenha todos os motivos para reclamar da vida e das circunstâncias, demonstre sempre um leve ar de neutralidade ou felicidade (não exagere nesse último). Se você não tiver nada objetivo a ganhar com uma briga, economize tempo e energia , esqueça seu ego e não brigue. “Mas se...”: corte esse tipo de linguagem da sua vida de uma vez por todas. O que você poderia ter feito, sido ou falado não importa. A vida é injusta e a única coisa que vale é o que você faz para reverter hoje as desvantagens que possui. 

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Cifrada da Desconfiança

Dizem que são das hostes aliadas que surgem os mais ferozes inimigos, procede? Um político – vamos chamá-lo de Y - que é conhecido por ser um trator de votos, tem recebido uma leve (eufemismo) desconfiança do grupo político ao qual pertence. Ao mesmo tempo em que é tratado como aliado de primeira hora, também não custa nada ter uns dois pés atrás com o homem. “Vou falar com o X (líder maior do grupo) que quero estar com ele é pra matar, não é pra morrer não. Ao contrário do Y, que se romper os outros (pré-candidatos) vão com ele, eu sou leal”, relatou um político, antevendo o que se fala de Y quando ele não está no recinto... 

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Foto do dia

A coluna trouxe na edição do final de semana, as possibilidades de batedores dos grupos de Sílvio Mendes e Fábio Novo em Teresina. Pois o vice-prefeito da capital, Robert Rios, respondeu na lata: “Vai ter outro batedor (do lado de Fábio)”. Quem, quem, quem? – retrucou a colunista. A tréplica: “Um demolidor” e mais não disse. O leitor arrisca quem seja? Para fechar, uma fonte do andar de cima do Progressistas também entrou no assunto “batedores” e disse torcer para que o batedor de Novo seja o secretário estadual de Planejamento, Washington Bonfim: “Seria ótimo!”. Em breve, a coluna trará mais desdobramentos sobre o tema. 

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A frase para pensar

“Estou numa fase da vida em que fico fora de discussões. Mesmo que você diga 1+1=5, você está certo. Divirta-se”, Keanu Reeves, ator norte-americano. 

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