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Mulher que "chora pedras" recebe colírio

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Saber o porquê das suas lágrimas se cristalizam e se existe cura para o problema são respostas que a moradora de Lins (SP) Laura Ponci espera há 19 anos. Com retorno médico agendado para esta quarta-feira (7), a educadora que “chora pedras” sentiu uma expectativa diferente na viagem até Bauru (SP). “Fico muito feliz e emocionada de sair de uma consulta com um pré-diagnóstico . Em Bauru, eles fazem de tudo para descobrir o que eu tenho. Minha expectativa é de ser curada logo”, conta a educadora.


O resultado dos últimos exames, segundo o oftalmologista que estuda o caso, sem outro registro parecido em todo o mundo, mostrou que a paciente tem no olho direito dois tipos de bactérias comuns e que em contato com uma proteína formam as placas. “A primeira hipótese de diagnóstico era que o olho de Laura estivesse formando uma cananiculite, mas o canal lacrimal dela foi aberto e foi verificado que não existe nada de anormal ali. Então o que ela tem, na verdade, é uma conjuntivite onde todos têm uma ‘remela’ mole, no caso dela, a secreção se mistura com uma proteína e cristaliza”, explica Raul Gonçalves Paula.

Na consulta de hoje, o oftalmologista percebeu que o colírio que pediu para a paciente usar durante a última semana reduziu o tempo de formação das placas. A partir de agora, Laura vai usar outro colírio reforçado e especifico.



“Nós temos que tratar a bactéria que está isolada no olho dela e se chama Staphylococcus aureus, presentes nas glândulas dos cílios. Agora ela está com um antibiótico para eliminar essa bactéria”, conta. Segundo Raul, Laura percebe que toda vez que acontece o ‘choro de pedras’, a pele do rosto fica mais oleosa.

“O colírio vai eliminar a bactéria que cria essa conjuntivite crônica diagnosticada no olho dela. A conjuntivite será eliminada pelo antibiótico e, então, não terá mais toxina para ligar com a proteína. Mas se ela tiver uma alteração genética ou química, ela poderá ter um novo quadro e vamos fazer uma análise bioquímica da lágrima de Laura para constatar qual a concentração que ela tem dessa proteína”, ressalta o médico. 

A doença

Depois de ser consultada por mais de trinta médicos, a maioria com o mesmo diagnóstico de conjuntivite lenhosa, uma doença rara e sem tratamento comprovado no país, Laura, pela primeira vez, vai saber quais as causas que formam as membranas e também como será o tratamento.

A professora tem um tipo de doença ainda não diagnosticada, há 19 anos ela expele uma espécie de membrana branca e firme e o olho direito fica vermelho e dolorido. A frequência do problema foi aumentando com o passar dos anos.

“O que nós precisamos é chegar a um consenso assim que a Laura for curada da parte infeciosa e saber por que a lágrima dela se cristaliza juntamente quando ela tem uma conjuntivite. Nós temos uma proteína na lágrima que, no caso dela, quando entra em contato, a toxina da bactéria cristaliza e por isso as placas são criadas”, afirma Raul.

Agora ela está sendo acompanhada pelos profissionais do Hospital de Olhos de Bauru. Há duas semanas, ela passou por vários exames e foi feita a coleta das placas que se formam no olho de hora em hora. Só nas duas primeiras coletas, sete placas foram colhidas. Laura contou que ela já chegou a expelir mais de trinta placas em um só dia. Uma certeza os médico já têm. O que leva a isso é um processo infeccioso. A constatação veio com as primeiras análises feitas no laboratório.

Caso raro

O médico oftalmologista ressaltou mais uma vez a importância de registrar todo o caso de Laura, pela raridade, como referência para casos semelhantes que possam surgir desafiando a medicina e chamou atenção até de um especialista que vive no Canadá.

“Nós levantamentos mais de 250 trabalhos ao redor do mundo e os casos que encontramos de canaliculite, que é semelhante ao caso dela, porém são mais simples e comuns, mas, exatamente igual ao da Laura, não encontramos nada na literatura médica, com a secreção espontânea. Por isso temos que documentar tudo com muito cuidado até para que sirva de apoio para mundo científico acompanhar se porventura acontecer com outra pessoa”, completa.

Fonte: G1
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