Circulam na internet imagens que mostram populares "torturando" um jovem acusado de assalto no bairro Dirceu Arcoverde, zona Sudeste de Teresina. No vídeo, o suspeito tem pés e mãos atados e é jogado em um formigueiro. Ele chega a pedir ajuda, mas as agressões continuam.

Para discutir o assunto, o Jornal do Piauí desta terça-feira (18) promoveu debate entre o radialista Weyden Cunha, o sociólogo Arnaldo Eugênio e o advogado João Washington, coordenador de comissões da OAB/PI.

O modo de fazer justiça com as próprias mãos tem sido colocado em pauta após vários casos registrados nos últimos dias. Para o sociólogo Arnaldo Eugênio, o fato é preocupante e se trata de uma "desumanização". 

"Essa desumanização vai se alastrar ainda mais. É o espetáculo da tragédia alheia. O linchamento é o primeiro sinal de ameaça ao processo democrático. Quem é considerado bandido ali? A gente não consegue mais se colocar no lugar do outro", comentou o sociólogo.

Para o radialista Weyden Cunha, o ato foi resultado da falta de paciência da sociedade com o aumento da incidência de crimes. "A selvageria tem limite, mas a paciência também. O adolescente pode matar, estuprar, roubar e não vai preso. As pessoas não confiam mais na justiça", argumenta.

O advogado João Washington acrescentou que toda e qualquer pessoa que seja suspeita de um crime tem direito à ampla defesa e ao processo judiciário. "Se acharmos certo linchar e fazer justiça com as próprias mãos, vamos entrar em colapso e o Brasil será um país sem lei. O problema é que no Brasil temos que mudar a política de Estado. As leis têm que mudar porque isso é barbárie. Aquilo que fizeram é crime de tortura", finalizou.