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Violência atual é "herança maldita" da ditadura, afirma pós-doutora

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Durante palestra realizada na noite desta segunda (06) em Teresina, a pós-doutora em História Social pela UFPI, Deusa Maria de Sousa, fez um paralelo entre a violência vivida hoje pela sociedade brasileira com o que foi vivenciado na época do regime ditatorial no país. Segundo a historiadora, os atos de violência ocorridos atualmente são uma "herança maldita", também frutos da intolerância, do preconceito e da individualidade.

Em suas pesquisas, Deusa constatou que a violência contemporânea é "institucionalizada". Na época da ditadura é que, antigamente, o Estado usava de mecanismos para "legalizar" as torturas e desaparecimentos de presos políticos. Hoje, o Estado, segundo a historiadora, continua fazendo parte do processo. Porém, as pessoas permanecem inertes diante dos casos que são noticiados. 

"Quando você desaparece com uma pessoa, quando você arrasta uma mulher na rua, isso se torna ou um acidente, ou um excesso, que são determinadas situações que a gente vê, se indigna, mas que grande parte da sociedade como ou eu e você, faz pouco ou nada para resolver essa situação. Apenas desliga a televisão e vai dormir, finge que não está acontecendo nada, e isso passa para a sociedade um senso comum, como se o brasileiro fosse assim, como se a sociedade brasileira aceitasse esse tipo de coisa", disse.

Em sua palestra, Deusa Maria de Sousa comentou sobre os vários tipos de violência comuns entre a sociedade brasileira e citou o caso Amarildo, os atos de intolerância que geram agressões e homicídios de homossexuais, travestis e transexuais, principalmente. Ela afirma que esse tipo de violência contra a população LGBTTT é o reflexo da não aceitação da orientação sexual das pessoas.

"Essa violência contra a população LGBTTT passou a ser um estigma do inaceitável, de não aceitar o outro e não aceitar diferença. Isso não é gratuito também. O preconceito, a intolerância é advinda de regimes de exceção ou regimes totalitários. O Brasil, por ter passado apenas 50 anos no regime militar, também não aceitava esse tipo de orientação sexual. Então, quando a sociedade também não se indigna, ela, de certa maneira, também corrobora com esse tipo de coisa e há algumas pessoas que dizem que era porque estava fazendo alguma coisa errada. O que você faz do seu corpo não é o Estado que tem que dizer. O corpo não é uma propriedade do Estado, é uma propriedade do indivíduo", afirmou.

Da Redação

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