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Curso de agentes da Polícia Civil não tem munição, denuncia alunos

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Os alunos do curso de formação dos agentes da Polícia Civil do Piauí denunciam uma série de irregularidades no curso, realizado na Academia de Polícia Civil desde novembro do ano passado. A principal, segundo eles, é que não há munição para que pratiquem a disciplina de armamento e munição, a última que seria ministrada. Atualmente, estão na Acadepol 123 alunos do concurso de 2012 para agentes de polícia e 34 fazendo curso de aperfeiçoamento de peritos criminalísticos.  

Os alunos reclamam também que a formação deveria ter sido concluída no dia 06 de março, mas se estende por quase seis meses por conta dessa situação, e que agora a ameaça é de dispensá-los porque não há a munição necessária para terminar a disciplina. 

“Tem professores de disciplinas teóricas que estão protelando as aulas porque não tem munição. Eram só dez horas aula, e vão no dia que quer”, denuncia o grupo de alunos, que preferiu não se identificar. 

O Sindicato dos Policiais Civis de Carreira já recebeu as denúncias dos alunos e de professores, segundo Constantino. 

Segundo Constantino, a reivindicação para conclusão é porque mais de 30 alunos são de outros estados e correm risco de perderem seus empregos por abandono já que estão há seis meses fora. 

“São pessoas que possuem empregos em outros estados, que pediram licença sem vencimentos, por quatro meses e já estão a quase seis fazendo o curso. Correm risco de perderem por abandono, porque vieram fazer um curso de formação que nunca acaba”, afirmou Constantino. 

Bolsa formação nunca saiu

Os alunos também estariam passando necessidades, já que muitos que eram do setor privado tiveram que pedir demissão e confiaram que teriam uma ajuda de custo. Porém, a bolsa, no valor de R$ 600 que deveriam ter recebido no primeiro mês nunca saiu. 

“Nunca recebemos ajuda de custo e tem gente de Pernambuco, Alagoas, Ceará, Paraiba que deixou de trabalhar, foram demitidos ou estão de licença sem vencimentos e os daqui estão sem trabalhar porque as aulas não terminam e não tem horário certo, tem dia que vai e tem dia que não vai”, declara um dos alunos que não quis se identificar. 

O presidente do Sinpolpi disse que o valor da bolsa é irrisório, pois todos os cursos de formação pagam pelo menos 50% do salário do profissional “Nosso agente de terceira classe ganha hoje R$ 4 mil e deveria ser pelo menos 50%, vamos pleitear isso, juridicamente”, disse Constantino.  

Poucas munições

Além de não haver munição para terminar o curso, tanto o sindicato quanto os alunos reclamam do treinamento precário que irão receber. Segundo Constantino, nas últimas duas turmas de agentes do concurso de 2012, os alunos deram somente 20 tiros. Enquanto na Polícia Civil do Maranhão, no curso os alunos dão 400 e na Polícia Federal são pelo menos 800. 

Um policial morreu ao manusear a arma no sul do Estado, porque ele tinha pouca prática. É um absurdo a gente só pegar na arma no final do curso e dar somente 20 tiros. Foi solicitado que os policiais fossem melhor preparados, mas sem munição é pior ainda, é curso sem fim, aulas de tiro totalmente teóricas. Um absurdo!”, destaca o mesmo aluno. 

Outro agente em formação afirma que “estão brincando de fazer segurança pública. O curso já tem seis meses e nunca demos um tiro. Tem gente que nunca viu uma arma e quanto mais contato tivermos melhor. A culpa é de gestão e do governo que não está nem ai e a coordenação aceita”. 

Direção da Acadepol

Segundo o diretor da Acadepol, delegado Roberto Carlos, o curso deve terminar em dez dias. Ele assegurou que as munições estão reservadas e que os 123 alunos do curso de agentes não teriam terminado as aulas porque a Delegacia Geral irá utilizar o estande de tiros para as comemorações do Dia do Policial, que ocorre no dia 21 de abril.

“Vamos ter esse recesso e depois voltaremos com as aulas. As munições já estão reservadas e serão usadas depois do feriado”, afirmou o diretor da Acadepol. 

Sobre a bolsa do curso de formação, a Secretaria de Segurança afirmou que os alunos irão receber a bolsa agora no final deste mês, com toda a diferença desde o início do curso. O órgão reconheceu o atraso, mas disse que não terá parcelamento, será todo de uma vez.  


Caroline Oliveira
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