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Após três meses de retiradas, dólares voltam a entrar no país em agosto

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Após três meses de retiradas de recursos da economia brasileira, os dólares voltaram a entrar no país em agosto, segundo números divulgados pelo Banco Central nesta quarta-feira (9).

No mês passado, a entrada de dólares no país superou a retirada de valores em US$ 4,11 bilhões. Em maio, junho e julho, respectivamente, US$ 2,07 bilhões, US$ 4,69 bilhões e US$ 3,93 bilhões haviam deixado a economia brasileira.

Na parcial de 2015, até 4 de setembro, a entrada líquida de recursos (acima das retiradas) somou US$ 11,61 bilhões. Em igual período do ano passado, apenas US$ 2,39 bilhões haviam saído do Brasil.

Impacto no dólar

A entrada de recursos registrada em agosto e também neste ano favoreceria, em tese, a queda do dólar. Com mais moeda norte-americana no mercado, seu preço tenderia, teoricamente, a ficar menor. No mês passado, porém, a moeda norte-americana subiu 5,91%, cotada a R$ 3,62. No ano, a valorização está em cerca de 40%.

Além do fluxo de recursos, outros fatores também influenciam a cotação do dólar no Brasil. Entre elas, estão as sinalizações sobre a política de juros dos Estados Unidos, os indicadores da economia brasileira – que registraram desempenho ruim em 2014 e na parcial deste ano – além de tensões políticas e notas das agências de classificação de risco.

Também influenciam o patamar do dólar no Brasil as declarações de integrantes da equipe econômica e a oferta de contratos de "swap cambial" (que funcionam como venda de dólares no mercado futuro) pelo BC brasileiro, entre outros fatores.

O BC observa que o dólar responde a vários fatores, tais como as percepções e expectativas sobre a economia, além das incertezas presentes. Também varia de acordo com fatores externos, como a percepção do mercado que a economia chinesa está desacelerando mais.

Retirada de estímulos nos EUA

Nos Estados Unidos, a expectativa dos analistas é de continuidade da retirada de estímulos à economia, que começa a dar sinais de recuperação. Em 2015, a previsão é de que pode haver até mesmo aumento de juros nos Estados Unidos, o que tenderia a gerar retirada de dólares do Brasil, em direção aos EUA.

Indicadores da economia brasileira e tensão política

Os indicadores da economia brasileira, que pioraram nos últimos anos e os fracos resultados dos últimos meses, também impactam a cotação do dólar no Brasil. As contas externas e, principalmente, as contas públicas têm exibido desempenho ruim.

No caso das contas públicas, o déficit nominal (após a contabilização dos juros da dívida pública) chegou a quase 9% do PIB em 12 meses até julho – acima de boa parte dos países emergentes.

Recentemente, o governo a proposta de orçamento federal para 2016 contemplando, pela primeira vez, um déficit (despesas maiores do que receitas), no valor de R$ 30,5 bilhões, o que foi mal recebido por analistas e contribuiu para aumentar as tensões nos mercados.

Além disso, o clima de tensão no Congresso Nacional, e nas ruas, também não colabora para a queda do preço da moeda norte-americana, assim como o rebaixamento da nota do país pela agência de classificação de risco Moody's.

Swaps cambiais

Outro fator que influencia a cotação do dólar é a decisão do Banco Central de não renovar o programa de oferta diária de swaps cambiais (que funcionam como uma venda futura de dólares), que venceu no dia 31 de março. O programa vigorava desde agosto de 2013.

O Banco Central, no entanto, informou que está renovando os contratos que vencem a partir de 1º de maio, "levando em consideração a demanda pelo instrumento e as condições de mercado". Segundo a instituição, os leilões de venda de dólares com compromisso de recompra "continuarão a ser realizados em função das condições de liquidez do mercado de câmbio". Neste mês, o BC voltou a renovar integralmente os vencimentos.

Os swaps cambiais são contratos para troca de riscos. O Banco Central oferece um contrato de venda de dólares, com data de encerramento definida, mas não entrega a moeda norte-americana. No vencimento deles, o BC se compromete a pagar uma taxa de juros sobre valor dos contratos e recebe do investidor a variação do dólar no mesmo período.

 

Fonte: G1.

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