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Operação Mister Hyde investiga participação de 50 médicos em máfia

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Com 17 pessoas denunciadas à Justiça, promotores do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e policiais civis miram mais profissionais de saúde envolvidos na Máfia das próteses. Há indícios de que mais de 50 especialistas, entre neurocirurgiões, ortopedistas e cirurgiões buco-maxilo-facial, estão envolvidos no esquema de fraude em cirurgias. As suspeitas estão baseadas em denúncias e em algumas evidências que fazem parte da estratégia de investigação. Após a segunda fase da Operação Mister Hyde, quatro possíveis vítimas procuraram a Delegacia de Combate ao Crime Organizado (Deco) entre quinta-feira e ontem para prestar depoimentos sobre os procedimentos cirúrgicos feitos no Hospital Daher, no Lago Sul, alvo da ação. A polícia também recebeu uma denúncia anônima.

Os envolvidos na organização que pode ter movimentado R$ 30 milhões participavam do esquema em diversos níveis. Por isso, a responsabilidade de cada um varia conforme a gravidade e o comprometimento na divisão das tarefas. Investigadores garantem que novas fases podem ser desencadeadas. “Não é mais a ponta do iceberg, porque temos um desenvolvimento razoável, mas a atuação desse esquema ainda não foi esgotada e há expectativa de novas ações. Existem algumas características da atuação desse grupo, com envolvimento de empresas e médicos”, explicou o titular da Deco, Luiz Henrique Sampaio.

Até agora estão identificados quatro grupos, todos eles com a participação de empresas e médicos. No primeiro, estavam profissionais que encaminhavam pacientes para cirurgias desnecessárias. Em outro, especialistas e companhias que trocavam os equipamentos — no protocolo de operação, por exemplo, eles descreviam o uso de uma prótese ou órtese de um determinado padrão, mas as substituíam por materiais inferiores. No terceiro segmento, havia profissionais que acrescentavam equipamentos para que a cirurgia rendesse mais. E, no último, aparecem as pessoas que agiam na recompensa com o pagamento de propina aos envolvidos.

Entre as fraudes, a Polícia Civil investiga estelionato, crime contra a saúde pública e organização criminosa. “Prisões são adequadas para médicos e empresários que estão praticando os crimes mais graves, como troca de equipamentos, substituição por inferiores e indicação de cirurgias sem necessidade”, destacou o delegado. Durante a ação no Hospital Daher, na quinta-feira, os investigadores encontraram, ainda, um consultório usado como sala de cirurgia clandestina. Em nota, a unidade de saúde informou estar “colaborando com as solicitações realizadas”.

Armas


Nas buscas realizadas na casa do dono do Hospital Daher, José Carlos Daher, 71 anos, policiais civis encontraram oito armas, entre espingardas, carabinas e um revólver. Sete delas tinham documentação. Mas uma, modelo Colt 45, de uso restrito, estava em situação irregular. Por esse motivo, o médico e empresário foi preso, mas a Justiça acatou o pedido dos advogados e, na madrugada de ontem, determinou a soltura por causa da idade. O cirurgião plástico não tinha a documentação da pistola, que ganhou de presente do ex-sogro.


Fonte: Correio Braziliense 

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