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Projeto inédito começa a "girar" dunas do Portinho

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Fotos: Fábio Lima/Cidadeverde.com

Linhas pretas nas dunas são tapetes de palha colocados para impedir a
ação do vento durante o período de deslocamento das areias com tratores

Com prazo para conclusão em dezembro de 2009, o projeto de contensão das dunas da Lagoa do Portinho, em Luís Correia, começa nesta semana uma fase importante. Técnicos vão implantar tapetes de palha de coco no topo das dunas para impedir que o vento desfaça o trabalho que os tratores realizaram nos últimos meses. O autor e executor do projeto, o oceanógrafo Luiz Roberto Dal Pogetto, explica que a ação para impedir a extinção da lagoa é inédita no mundo: os tratores vão "girar" as dunas.

Em poucas palavras, o oceanógrafo explica que o projeto trabalha com a reversão das dunas, trocando de lugar os lados íngremes, onde normalmente pessoas brincam de escorregar, pelo lado suave. Os paredões de areia vão formar uma espécie de "muro eólico", impedindo que o vento que trás areia das praias arraste as dunas e cubra toda a lagoa. Para que os paredões se sustentem, uma espécie de grama denominada Tifton, cultivada em laboratório será plantada no local.




"É uma metodologia que nunca foi aplicada no mundo", disse Luiz, tanto sobre a estratégia de inverter a posição das dunas como o uso desse tipo de gramínea, antes aplicada na contensão de barrancos. Na terça-feira, os tapetes de fibra de coco, ou biomantas, vindos do Pará, serão implantados para formar um grande carpete onde serão plantadas as gramíneas, muito resistentes a fogo, geadas, e qualquer intempérie. Essas só virão de Minas Gerais ao Piauí quando existirem ao menos cinco dunas preparadas. Fora da área de plantio, elas só vivem por uma semana.



"O tapete fará a cobertura na mesma área onde a grama ficará posteriormente, e vai segurar a areia no momento de ventania e preparar o solo para a chegada da grama", explicou Dal Pogetto, que trabalhou na colocação de várias palhas no topo das dunas enquanto os tapetes não chegam. Essas já podem ser vistas pelos visitantes, mesmo de longe. O trabalho, bancado com R$ 1 milhão destinados pelo Prodetur, envolve 13 pessoas, com quatro tratores e um equipamento especial de irrigação. Uma base do projeto foi montada ao lado da Lagoa.



Em dezembro de 2009, quando tudo estiver concluído, o público verá um tapete branco de dunas em frente à lagoa, e quem percorrer a parte de trás encontrará um paredão verde em todo o contorno, a ser pouco visto pelos turistas.

O oceanógrafo ainda acrescenta que o fenômeno da invasão da areia das praias de Luís Correia no Portinho tem cinco décadas, e o projeto não pode ficar restrito à lagoa. "É preciso buscar outra empresa para se fazer um ajuste no projeto da Orla de Atalaia, para que exista uma contensão da areia também da praia, cortando o alimentador principal dessas dunas do Portinho. O Governo já entendeu a importância e sinalizou positivamente", concluiu Luiz Dal Pogetto.

Fábio Lima
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