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Polícia prende dois suspeitos de 'estupro virtual' em Teresina

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Atualizada às 13h16

A  Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática, da Polícia Civil do Piauí, identificou o suspeito de 'estupro virtual' contra uma estudante universitária de 32 anos de idade. O vigilante se relacionou com a jovem por um ano e confessou que cometeu o crime por raiva. É o primeiro caso no país.

"Apesar do crime ter ocorrido no ambiente virtual, ele vai responder normalmente por estupro. A conduta é considerada 'estupro virtual' porque foi consumada através da internet. É como se tivesse ocorrido fisicamente, como se, pessoalmente, uma pessoa pegasse uma arma e exigisse que a vítima se despisse e começasse se tocar e introduzir objetos nas partes íntimas. O suspeito confessa e diz que estava com raiva porque ela se relacionava com outra pessoa e não o queria mais, não respondia suas mensagens ou ligações",  disse o delegado Daniell Pires. 

As chantagens ocorreram em junho deste ano e a vítima procurou a Polícia Civil dois dias após as ameaças. O delegado esclarece que a vítima foi fotografada em casa enquanto dormia sem roupa. 

As investigações mostraram que o vigilante criou dois perfis no Facebook e ameaçava divulgar as fotos íntimas, caso ela não cedesse às exigências. Os perfis falsos foram criados para que o suspeito conversasse com a estudante in box e fizesse as ameaças. Ele tinha nove fotos íntimas.  Em depoimento, o suspeito confessou que as imagens estão armazenadas em seu computador.   

"Ele criou dois perfis: em um deles, o suspeito se comunicava com a vítima e no outro mandava in box fotos dela dormindo sem roupa, bem como foto da família. Ele não publicou, mas a ameaçava exigindo novas fotos íntimas, caso ela não mandasse", explica.

A mulher já se relacionava com outra pessoa e não desconfiava quem fazia as ameaças. Os dois namoraram por apenas um mês, mas se conheciam há cinco anos. 

"Ele fez isso enquanto os dois ainda estavam namorando. Os dois terminaram e ela começou a se relacionar com outra pessoa, o que despertou raiva. Nisso começaram as chantagens. Ele exigia fotos da vítima se masturbando, colocando objetos nas partes íntimas. Com medo, ela cedeu", explica.

 

Terror psicológico

Em depoimento, a jovem demonstrou muito nervosismo e sequer conseguiu escrever o próprio nome.

"Assim que soubemos da denúncia, procuramos logo 'estancar' o sofrimento da vítima. De imediato, solicitamos ao Facebook que cortasse qualquer página com aquele tipo de conteúdo e que nenhum outro perfil falso fosse criado com aquele IP. Conversei com ela ontem (03) que está muito abalada. O tempo todo se vitimizando, assim como todas as mulheres que são vítimas de crimes hediondos. Ela foi vitima e busca um motivo para entender o que aconteceu. Mas isso não existe, a mulher nunca é culpada e jamais está errada. A mulher pode ter dez relacionamentos, mas nada justifica um homem fazer isso com uma mulher. Uma situação como essa causa um terror psicológico imenso. Sou casado e tenho uma filha, não consigo imaginar isso feito com pessoas da minha família. Ela chora muito. Quando a indaguei se conhecia a pessoa que podia ter feito isso com ela, a vítima não conseguia escrever devido a angústia e medo. Ela assinou o nome como se não soubesse escrever o próprio nome", conta o titular da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática. 

O delegado esclarece que um outro parente do suspeito foi preso. Contudo, não foi confirmada a participação dele no estupro que será solto ainda hoje. 

"Eles moravam na mesma casa e como não tínhamos certeza de quem comteu o crime, resolvemos pedir os dois mandados", esclarece.

O celular do vigilante e outros dispositivos eletrônicos ainda serão submetidos a perícia. A pena para o crime de estupro varia de seis a dez anos de reclusão. O suspeito declarou estar arrependido.

 

Matéria original

A Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática prendeu dois suspeitos de participação em um esquema para a divulgação de fotos íntimas de uma mulher em Teresina. Um deles estava de posse das imagens e criou um perfil falso nas redes sociais onde chantageava a vítima.

Segundo o delegado Daniell Pires Ferreira, que preside a investigação, a mulher foi fotograda, sem o consentimento, enquanto dormia em casa. 

O caso ocorreu em junho deste ano, em Teresina. Os suspeitos foram presos nesta sexta-feira (04), em cumprimento a mandados de prisão temporária. Durante a ação policial também foi cumprido um mandado de busca e apreensão. 

Foram apreendidos celulares, pen drives, um CPU e outras mídias de armazenamento. O delegado explica que, de posse das fotos, o suspeito fazia graves ameaças a vítima.

"Ele criou um perfil falso em uma rede social e iniciou com a vítima um diálogo exigindo-lhe, mediante grave ameaça, novas fotografias íntimas. A grave ameaça consistia no fato do mesmo ter criado, também, outra conta falsa, essa com fotografias de familiares da vítima, inclusive de seu filho menor de idade. Além das fotografias íntimas já em seu poder, o suspeito exigia que a vítima enviasse novas fotografias para que o mesmo não divulgasse essa conta criada na internet", explica Pires. 

Ele acrescenta que, diante das graves ameaças, a vítima cedeu as chantagens do suspeito e começou a enviar novas imagens, inclusive, durante a prática de atos libidinosos, conduta que, segundo o delegado, caracteriza-se como 'estupro virtual'. 

"O estupro virtual é um neologismo, ainda quase desconhecido no Brasil, que pode ser caracterizada como uma forma de exploração sexual ou pornográfica, em troca da preservação em sigilo de imagem ou vídeo da vítima em nudez total ou parcial, ou durante relações sexuais, previamente guardadas", explica o delegado. 


Graciane Sousa
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