O nível dos rios Parnaíba e Poti está baixando e isso provocou um acontecimento inusitado no município de Palmeirais, a 108 km de Teresina. A travessia pelo rio Parnaíba do município piauiense para o município de Parnarama, no Maranhão, é feita através de uma balsa que acabou encalhando, porque o nível das águas está muito baixo. 

A última medição do nível do rio - próximo ao local - foi feita às 10h45 desta quarta-feira (25) e mostrou que a altura das águas estava apenas em 1,71m. Um longo congestionamento acabou se formando, já que veículos e pedestres precisam usar a balsa para fazer o traslado. 

O engenheiro hidrólogo, George Fernandes, explica que essa vasão atual na localidade não é considerada tão baixa se observados anos anteriores. George diz que o que deve ter acontecido foi um acúmulo maior de sedimentos no local por onde a balsa passa.

"A gente observa que ao longo do tempo é muito comum que tenha cotas parecidas com as que estão sendo verificadas agora, até um pouquinho mais alta. A que está acontecendo agora não é extraordinária, é até regular, que acontece normalmente todo ano. Como o Parnaíba é um rio que carreia muitos sedimentos, de levar muitos sedimentos ao londo do seu leito e sair depositando, formando coroas, essa cheia desse ano acabou por levar mais sedimentos e isso mudou um pouco o leito lá em Palmeirais, o que provavelmente provocou o encalhe", observou.

De acordo com George, o rio Parnaíba sofreu essa queda brusca de nível de água porque na Barragem de Boa Esperança as águas começam a serem contidas nesse momento, o que acarreta a diminuição do desemboque de água para o Parnaíba.

“Acabaram as chuvas e a maioria dos nossos rios, tirando os da região sul, como o Parnaíba e Uruçuí Preto, têm uma resposta muito rápida para precipitação. Então quando chove eles sobem de nível e depois descem rapidamente, mais ou menos como o Poti aqui em Teresina, que a gente observa que no período chuvoso ele sobe muito rápido, mas também desce muito rápido. Então o Parnaíba e o Uruçuí Preto são os rios principais que têm uma dinâmica um pouco diferente. Eles conseguem manter o nível por mais tempo.

Ele acrescenta: "No caso do Parnaíba, ele também tem a influência da barragem de Boa Esperança. Praticamente o que a gente tem hoje no Rio é exatamente a quantidade de água que está sendo liberada pela barragem.  A Chesf já está no processo de enchimento final do reservatório, no final do período chuvoso, e o que estão tentando fazer agora é montar o reservatório no máximo nível possível, liberando uma vasão mínima, de forma a gerar mais energia durante o ano”, explicou. 

Além disso, o engenheiro falou que a tendência é que haja mais estabilidade do rio a partir de agora, que conseguindo ser armazenado o maior número de água possível na barragem, a partir de maio, mais vasão deve ser liberada para os rios.

Lyza Freitas
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