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Clube da Paraíba admite ter cadastrado torcedores fantasmas

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O Nacional de Patos admitiu que colocou dados falsos no cadastro do programa Gol de Placa e culpou "pessoas terceirizadas" pela fraude no programa, revelada pela Folha de S. Paulo na última terça (22).

O secretário de Esporte, Juventude e Lazer da Paraíba, Zé Marco, disse que se assustou com o número de torcedores fantasmas no torneio local e que vai investigar o cadastro feito pelos clubes no programa Gol de Placa.

Ele informou que pediu os dados lançados nos últimos três jogos pelos 18 clubes beneficiados na plataforma da secretaria.

O Gol de Placa foi criado para incentivar torcedores a irem a jogos na Paraíba e ajudar a financiar os clubes. Pelas regras do programa, os torcedores podem trocar notas fiscais por ingressos. O valor das entradas é pago aos clubes por uma empresa, que, em troca, recebe desconto do governo no pagamento de ICMS.

A previsão para 2019 era de que os dez clubes da elite paraibana dividissem R$ 4,1 milhões no programa.

A reportagem, no entanto, identificou centenas de pessoas que moram fora do estado entre os torcedores cadastrados pelos clubes como beneficiários. Em contato com a reportagem, essas pessoas negaram ter assistido ao jogo.

Com a fraude, detectada em jogos de 2019 e 2015, os clubes conseguiam aumentar o número de torcedores em seus jogos e justificar um montante superior de repasse da empresa patrocinadora do programa.

Um advogado catarinense disse que vai processar o estado. O Nacional de Patos o cadastrou como torcedor na primeira rodada. Assim como ele, centenas de advogados catarinenses e beneficiários de programas sociais fora do estado constam como torcedores da partida.

No jogo em Patos, quando o time da casa venceu o CSP por 2 a 1, todas as notas lançadas no sistema eram de um posto de gasolina na capital João Pessoa, a mais de 300 km de distância.

O borderô da partida publicado no site da Federação Paraibana de Futebol mostra que 1.620 torcedores que retiraram seus ingressos pelo programa entraram no estádio. No documento, os bilhetes renderam ao time local R$ 25.200, equivalente a 78% da renda total de R$ 32.280.

Excluindo os "fantasmas", apenas 354 torcedores pagaram para assistir ao jogo.

Em nota, o Nacional de Patos disse que "os serviços pertinentes à troca de cupons do Programa Gol de Placa, assim como programa de sócio torcedor, e outros era realizada por pessoas terceirizadas, que tinham o condão de realizar as referidas trocas observadas os ditames legais."

O clube ainda afirma ter solicitado o cancelamento dos cadastros.

O Botafogo trocou mais de 4.000 ingressos do programa em apenas uma partida em 2015 e não pediu autorização ao governo, como determina a lei. Em nota, o clube não comentou o ocorrido e disse que "reitera que sempre seguiu rigorosamente os requisitos exigidos pelo governo da Paraíba".

SÉRGIO RANGEL
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) 

 

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