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Caminhada da Fraternidade: o abraço acolhedor em Teresina

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Por Carlienne Carpaso
[email protected]


A Caminhada da Fraternidade abraçou Teresina ou Teresina abraçou a Caminhada da Fraternidade? A resposta para as duas perguntas possui um sentimento em comum: a união do amor e da solidariedade, que levou cerca de 60 mil fiéis às ruas da capital piauiense, neste domingo (09), e renovou a fé daqueles que acreditam em um mundo melhor, unidos pelo tema “Abraço, nosso laço com o outro”. 

Para o Padre Tony Batista, da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, que coordena a Caminhada da Fraternidade, o tema deste ano é uma resposta fraterna e de amor diante dos casos de violência e de ódio que se alastram de uma ponta a outra do Brasil, seja no noticiário ou pelas redes sociais.

O pároco reforça que as pessoas precisam se curar e curar o outro, pois o mundo está doente, precisando de um abraço carinhoso e de ações concretas para mudar esse cenário. Por isso, as últimas edições da Caminhada da Fraternidade, assim como a deste ano, trabalharam temas voltados para a dignidade da pessoa humana e da cidadania, que, por sinal, são princípios fundamentais da República Federativa do Brasil.



“Sempre nós falamos que o Brasil é um país fraterno, acolhedor, sem preconceitos; só que, de alguns anos para cá, podemos observar que o Brasil perdeu a sua origem e está intolerante, cheio de violência. Se você toma as redes sociais, se observar ao nosso redor, as pessoas estão distribuindo e acolhendo ódios”, comentou Padre Tony, lembrando que as caminhadas de 2017 e 2018 tiveram como temas “Somos da Paz” e “Diferença, Nós Respeitamos”, respectivamente.

Os temas da Caminhada da Fraternidade, segundo Padre Tony, buscam incentivar o respeito e a convivência fraterna, além de dialogar que o outro não é inimigo só porque pensa diferente. Sobre o tema deste ano, o padre ressalta que “abraçar é um ato humano”.

“Temos que aprender que o outro não é inimigo; ele pode pensar diferente, pode estar do outro lado, mas não se tornou nosso inimigo porque é diferente. É isso que queremos trabalhar. Ao mesmo tempo, eu não posso considerar o outro meu irmão se não sou capaz de abraçá-lo. O abraço é muito humano. E queremos abraçar não somente as pessoas, mas abraçar as causas que ajudam a derrubar muros”, diz.


Superar barreiras

Assim como nas palavras do padre Tony, a assistente social, Betina Barros, de 25 anos, afirma que a caminhada traz temas pertinentes para a sociedade, que precisa não apenas discutir, mas colocá-los em prática, pois “precisamos estar sempre em movimento para que possamos vivenciar uma sociedade mais justa e igualitária”. Com isso, as barreiras do preconceito, por exemplo, poderão ser superadas.

Betina reflete, como profissional do Serviço Social, o qual atua diretamente na garantia dos direitos humanos já estabelecidos, e que busca políticas públicas eficientes e eficazes para promover o enfrentamento da Questão Social, que a Caminhada da Fraternidade é um movimento de grande visibilidade e aborda temas que deveriam ser de interesse de todos, independentemente de classe social, gênero, etnia, religião etc.


Betina Barros, 25 anos (Foto: Roberta Aline)

“A Caminhada torna real a ideia de que nós não podemos construir uma sociedade mais justa e igualitária se não trabalharmos juntos, em comunidade, unindo nossas forças, nossas ideias, enxergando as necessidades de diferentes realidades, saindo de nosso meio e visualizando também o do outro”, conta Betina, que participa da Caminhada da Fraternidade desde os 13 anos, guiada pela mãe e pela avó, que a conduziram desde o seu nascimento a uma caminhada religiosa, fortalecendo a fé e a vivência em uma comunidade cristã.  

Um lar de abraços

É neste derrubar barreiras do preconceito que em 1995 surgiu o Lar da Fraternidade, uma casa de passagem em Teresina que acolhe pessoas soropositivas do interior do Piauí e dos estados vizinhos, mantida 100% com a arrecadação da venda dos kits da Caminhada da Fraternidade, que possui o valor simbólico de R$ 25 cada.  

A casa nasceu com a missão de abraçar os pacientes com HIV/AIDS em vulnerabilidade social, pois muitos pacientes, que fazem tratamento em Teresina, desistiam do cuidado essencial à sua saúde porque não tinham recursos financeiros para se hospedar na capital. Eles também são acompanhados em consultas e recebem orientação sobre o uso de medicamento.

A coordenadora do Lar da Fraternidade, Mara Beatriz Pinheiro, explica que os assistidos são encaminhados pelo serviço social do Hospital De Doenças Tropicais Natan Portela, após uma triagem. “Assim que o paciente passa a ser assistido pela Casa, ele não tem custo de estadia porque tudo vem das vendas dos kits, da solidariedade do povo teresinense. Esse é o principal motivo da Caminhada, acolher essas pessoas no Lar, que antes estavam desamparadas”.

Para Mara Beatriz, o tema desse ano representa a essência do Lar da Fraternidade, e de todos os demais projetos da Ação Social Arquidiocesana, que é abraçar as causas dos menos favorecidos.  Dessa maneira, abraçar o outro faz com que o mundo seja um lugar melhor para todos, sem distinção de classe.

“O tema faz com que as pessoas reflitam se as suas decisões têm impacto na vida de alguém, se estão fazendo a diferença. A gente quer provocar o abraço no sentido de abarcar, de acolher o próximo, assim como também acontece no Lar da Misericórdia, no Centro Maria Imaculada e no Lar de Santana”.

Natural de Parnaíba, Francisco das Chagas, de 50 anos, é assistido pela casa desde 2006, quando descobriu ser soropositivo. Ele conta que não encontrou apenas a solidariedade do teresinense no Lar da Fraternidade, mas também uma família e um novo amor que não o discriminava pela doença. “Eu tive aquele susto porque não tinha família, não tinha ninguém aqui em Teresina para me ajudar. O hospital me mandou para o Lar da Fraternidade. Lá, todos cuidam da gente, desde a coordenação até o pessoal da cozinha, da farmácia. E eu encontrei o amor da minha vida também”.


A declaração de amor do Francisco tem nome: é a Constantina Maria do Carvalho, também assistida pelo Lar da Fraternidade. Natural de São João do Piauí, ela descobriu ser soropositiva há pelo menos 15 anos. O casal está junto desde 2007. “Ele cuida de mim, me protege, fica preocupado com os meus remédios. Parece um pai cuidando de uma criança. A gente pensa que não vai ter mais ninguém para amar a gente, mas Deus nos manda pessoas especiais como ele e todos do Lar da Fraternidade”. 

A manicure Roberta Oliveira compra o kit da Caminhada da Fraternidade todos os anos, pois acredita na transformação social que o Lar da Fraternidade promove na vida dos mais necessitados. 

“É a minha pequena ajuda, que é dada de coração a esse projeto muito importante, pois as pessoas com HIV sofrem não apenas com os sintomas da doença, mas também com o preconceito de muitos da sociedade. Qualquer um de nós podemos um dia ser afetados por ela, pois somos seres vulneráveis. Então, precisamos acolher a todos. Abraçar a todos que precisam de ajuda”.

O Padre Tony Batista ressalta que os presentes na caminhada não estão apenas "vestindo a camisa, mas abraçando com o corpo, com o coração, com a mente e com a alma uma causa: a causa dos mais pobres que ajudamos com a Caminhada da Fraternidade; ajudamos os portadores do vírus HIV/AIDS, que foi como tudo começou; abraçamos a Mãe Igreja de Teresina”. 

Abrace a São Benedito 

Neste ano, a celebração da missa da Caminhada da Fraternidade ocorreu no adro da Igreja São Benedito, fechada desde 2016, após parte do teto do templo desabar devido à queda da sineira e de um dos pontaletes. Com a autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (uma vez que as portas em madeira talhadas da Igreja são tombadas pelo Iphan), a Arquidiocese de Teresina poderá fazer a reforma do templo. 

A obra está avaliada em R$ 1 milhão; por não haver recursos suficientes, uma vaquinha virtual foi aberta para que a recuperação ocorra e o templo volte a ser aberto aos seus fiéis, que tanto sonham com esse momento. O Padre Tony, durante a missa, pediu que todos os presentes olhassem para o templo e declarou: “Vamos todos abraçar a São Benedito. Vamos abraçar essa causa; ela é nossa. Os pobres vão abraçar essa igreja e ela será reaberta”.

Do adro da igreja, após a missa, os fiéis seguiram em caminhada pela Avenida Frei Serafim, no Centro de Teresina, passando pela Avenida Raul Lopes até chegar ao Complexo Cultural da Ponte Estaiada, onde um palco foi montando para atrações musicais. 

A Fé opera 

O arcebispo de Teresina, Dom Jacinto Brito, em sua reflexão, chamou a atenção dos fiéis para o capítulo quinto da Carta aos Gálatas, no qual São Paulo diz: “a Fé opera pelas obras”.  Dom Jacinto reforçou que o apóstolo, depois de enumerar todos os dons do Espírito Santo, destacou que a caridade era o maior deles. Esse dom, que identifica o Espírito Santo de Deus, é o próprio Amor de Deus. E é na caridade que promovemos o Amor de Deus. 

Dom Jacinto também declarou que o Amor nos leva a dar o abraço, que "é o nosso laço de amor no Espírito Santo para abraçar a todos aqueles que o Senhor faz cruzar os nossos caminhos".

E, "sem o Amor de Deus, não teríamos forças para caminhar. Não teríamos braços para ajudar. Não teríamos corações para consolar, para confortar, para aquecer o coração do outro. Não teríamos esse abraço de amor para dar a todos que necessitam”. 

“Nós sabemos que a nossa Caminhada da Fraternidade é uma proclamação de que o amor é mais forte do que o egoísmo. Que o amor é o laço que nos une com todas as pessoas, particularmente com os que mais necessitam e estão mais fragilizados”, relatou o arcebispo, que fez um pedido especial: que todos caminhem unidos porque o Amor é o dom maior de Deus. O Amor promoverá o bem, a caridade e a união entre os povos. 

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