Foto: Reprodução Facebook Vanessa Carvalho

Vanessa estava com a amiga Anuxa quandoi foi atropelada e morreu no local.
 

A Frente Popular de Mulheres Contra o Feminicídio divulgou uma carta aberta à população de Teresina repudiando a cultura machista e feminicida que diariamente ataca as mulheres. O documento também fez um resgate do assassinato da Vanessa Carvalho e lamentou a tragédia que chocou o estado, pedindo por uma justiça célere e justa.

Vanessa estava na companhia da amiga Anuxa Alencar, que sobreviveu do atropelamento provocado, segundo a Polícia Civil, pelo namorado de Anuxa, identificado como Paulo Henrique Campos. O Núcleo de Feminicídio do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) o indiciou por feminicídio e feminicídio tentado.

Para a Frente Popular, o ato do indiciado "expressou misoginia, o ódio contra a vida das mulheres, que sempre é alimentado pelas estruturas de poder patriarcal". 

"A violência que tirou a vida de Vanessa Carvalho atacou, publicamente, a vida de todas as mulheres. por estimular a cultura feminicida e cada vez mais banalizada, que cresce com o apoio silente e mesmo pactuado das gestões governamentais, que nos fazem temer, cada vez mais, os espaços públicos ou privados, mas nos fazem também compreender a importância da nossa luta", destacou.
 

A carta também faz um pedido especial às mulheres. "Precisamos ampliar e fortalecer os espaços de lutas e resistências construídos por nós, mulheres. Precisamos defender, de forma intransigente, a condição primeira de uma sociedade: o direito da mulher viver e viver com dignidade!". 

Carta na íntegra 

FRENTE POPULAR DE MULHERES CONTRA O FEMINICÍDIO

CARTA ABERTA À POPULAÇÃO DE TERESINA 

A Frente Popular de Mulheres Contra o feminicídio vem a público repudiar o permanente alcance da vida das mulheres pela cultura machista e feminicida que abateu a vida de VANESSA  CARVALHO e atacou mortalmente a vida ANUXA ALENCAR. 

O ato do feminicida, Paulo Henrique Campos, expressou misoginia, o ódio contra a vida das mulheres, que sempre é alimentado pelas estruturas de poder patriarcal que se mantém, inclusive, com o pagamento de impostos pela maior parte da sociedade, que somos nós mulheres!

A situação expressa o paradoxo de nós mulheres financiarmos estruturas estatais que nos atacam, tiram nossas vidas e alimentam a cultura de ódio a nós pelas práticas educacionais que desconsideram o machismo cultuado na sociedade; pelos meios de comunicação que camuflam e até aplaudem a realidade; pelo Estado que se omite e assim, permite a violência e o assassinato das mulheres. Enfim, pela cultura misógina que educa as crianças para serem violentas e até feminicidas! 

A misoginia ganhou fortalecimento e status de política de Estado, com as atuais gestões públicas! É uma presidência da república que se declara machista, misógina e inimiga das mulheres! É uma política de estado que se nega a exercer papel educativo de defesa de direitos e da vida das mulheres. Nega-se em fomentar politicas e campanhas  públicas que envolva as pessoas e traga para as salas de aula o tema da desigualdade de gênero, sob justificativa de uma suposta ideologia de gênero, como forma perversa de nominar a luta histórica de nós mulheres em defesas de nossas vidas. Aproveita-se da violência que sofremos historicamente, para propagandear uma falsa ideologia de gênero: machista, misógina e lgbtfóbica.

A violência que tirou a vida de VANESSA CARVALHO atacou, publicamente, a vida de todas as mulheres. por estimular a cultura feminicida e cada vez mais banalizada, que cresce com o apoio silente e mesmo pactuado das gestões governamentais, que nos fazem temer, cada vez mais, os espaços públicos ou privados, mas nos fazem também compreender a importância da nossa luta. E fica cada dia mais patente: precisamos ampliar e fortalecer os espaços de lutas e resistências construídos por nós, mulheres. Precisamos defender, de forma intransigente, a condição primeira de uma sociedade: o direito da mulher viver e viver com dignidade!

Exigimos que a justiça seja célere e justa. Não aceitamos que os poderes constituídos permitem a impunidade ou compactuem com quem ceife a vida das mulheres. Muito menos quando se utilizam de causas vis e injustificáveis. Aproveitar da condição de duas mulheres que se solidarizam numa situação de ameaças e agressões e jogar o carro para matá-las, é injustificável e inaceitável.

Apresentamos nossa solidariedade, com o nosso abraço afetuoso às famílias atacadas. Lamentamos, profundamente, o assassinato de VANESSA CARVALHO e estendemos o nosso afeto e a nossa indignação também, ä família de ANUXA ALENCAR, na forma de nossa força pela luta em defesa das nossas vidas. Conclamamos que se juntem a nós para fortalecer nossa luta. A luta pela vida das mulheres! Não há outra forma de ficar viva se não pela luta feminista!

Vanessa Carvalho, Presente! Hoje e Sempre. Nem Uma a Menos!

Frente Popular de Mulheres Contra o Feminicídio

Carlienne Carpaso
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