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Crianças autistas x isolamento: como estimular em casa?

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Foto: Pixabay/fotos gratis

Abril é o mês de conscientização sobre o autismo, chamando a atenção da sociedade para a importância de conhecer e tratar esse transtorno. Por afetar a comunicação social e o comportamento, este período de quarentena também se torna propício para explorar o tema, principalmente em relação às crianças com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), que estão em processo de desenvolvimento e longe das escolas. A dúvida é: de que forma os pais podem estimulá-las em casa para que o isolamento não prejudique sua evolução? A professora da Unoeste Danielle Santos, doutora em Educação com ênfase em Educação Especial e Inclusiva, dá dicas de atividades para essas famílias.

Docente do Programa de Pós-graduação em Educação, a Dra. Danielle orienta que os pais proponham atividades estimuladoras que foquem na questão da comunicação. “Há àquelas crianças que apresentam mutismo ou mutismo seletivo e àquelas em fase de apropriação de desenvolvimento da fala. Então, é muito importante que ao invés de reforçar tarefas escolares pesadas, que dependeriam de um professor, que priorizem atividades lúdicas que promovam a comunicação”.

Uma dica da professora é a produção de cartinhas de comunicação. “Com os materiais que têm em casa, como cartolina, caixa de papelão, lápis coloridos os pais podem confeccionar os cartões junto da criança. Esses cartões devem ter uma cor que identifique a categoria. Então, por exemplo, verbos como comer, brincar, andar, vão ser identificados pela cor amarela; alimentos com a cor vermelha; sensações colocadas com a cor azul, e assim por diante. E junto da criança fazer os desenhos para explicitar aquela comunicação. Se é comer, desenhe uma boquinha, baldinho de pipoca... E se tiver revistas pode fazer recortes para trabalhar a motricidade fina”, indica Danielle.

Ainda, neste momento de distanciamento social, é essencial para o autista organizar a rotina dento de casa, para que ele tenha tarefas a cumprir ao longo do dia, fato também importante para toda criança. “Construa com os filhos um cartaz de rotinas. Coloque o nome da criança ou uma foto e estabeleça os períodos com figuras ou por escrito para especificar o que ela vai fazer ao longo do dia. Isso ajuda os próprios pais a organizar tarefas para desenvolver com os filhos e evitar estresse dos dois lados”, recomenda.

Em termos pedagógicos, a docente salienta que promover os mecanismos de comunicação pode aprimorar o processo de desenvolvimento da criança e prepará-la para o retorno escolar. Ela complementa ainda que a escola tem um papel fundamental no desenvolvimento humano, nos eixos formativo e social. “Por isso também precisamos ter estratégias para estimular as crianças em casa por meio da tecnologia digital. Temos formas diversas de aproximar pessoas. Talvez propor encontros virtuais com os amiguinhos ou professora da criança e manter uma aproximação com a escola para obter orientação específica no âmbito pedagógico e trabalhar em complementaridade. No mais, estar em casa com a família é também uma experiência boa que deve ser aproveitada neste momento”.

TEA

Convidado pela Unoeste para falar sobre o assunto no canal do YouTube da universidade, o Dr. Nilton César, médico neuropediatra em São Paulo (SP), destacou algumas características da criança com TEA. A palestra com o tema “O silêncio e o autismo” pode ser conferida na íntegra no canal.

Na ocasião, ele ressaltou que o transtorno do espectro autista é uma série de situação caracterizada pela interação social, ou seja, são prejuízos na interação social, na linguagem e comunicação. “Têm outras coisas que caracterizam. Esse grupo tem um comportamento baseado naqueles interesses e rotinas que são repetitivas, ou seja, eles sempre estão focados em alguma coisa ou restritos em determinadas situações”, explicou o neuropediatra.   

No ambiente escolar, a Dra. Danielle pontua que é comum o professor identificar sinais na criança do espectro do autismo. “Por ser um distúrbio de comunicação, vai perceber na criança dificuldades de fala, de estabelecer contato visual, maior introspecção, irritabilidade com barulho ou com coisas que estimulam muito determinado ambiente. Mas é muito importante diferenciar que quem trabalha na educação não faz diagnóstico clínico. Então, assim que observar uma característica, deve comunicar o sistema educacional, conversar com a família e sugerir o encaminhamento médico para o diagnóstico e o acompanhamento por uma equipe multidisciplinar. Quanto antes souber e mais cedo iniciar a estimulação, melhores resultados teremos na frente”, frisa.

 

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