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Luta pela vida: socorristas do SAMU relatam caos em busca de leitos em hospitais e fazem apelo

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Os primeiros que chegam quando o estado de saúde de pacientes com Covid-19 se agrava, socorristas do Serviço Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) relatam plantões difíceis com o novo pico de casos da doença em Teresina.

Socorristas entrevistados pelo Cidadeverde.com contam que o número de atendimentos triplicou nos últimos dias e que nunca viram uma situação tão caótica como a vivenciada hoje nos hospitais e Unidades de Pronto Atendimento da capital. 

Por falta de leitos, os socorristas chegam a ir em vários hospitais com o mesmo paciente em busca de vaga.

“A situação está horrível. A gente está numa situação em que a maca da nossa ambulância está ficando retida no hospital, na UPA, porque não tem leito para receber paciente. Lamentavelmente chegamos nesse ponto. O paciente fica utilizando no interior da ambulância porque chega na UPA do Promorar, UPA do Satélite, UPA do Renascença e não tem vaga  para receber o paciente. Está difícil a realidade de Teresina. Estamos abalados fisicamente e psicologicamente”, conta o socorrista Girleno França. 

O também socorrista Francisco Alex relata exaustão e diz que falta responsabilidade na população. Ele conta que se sente impotente quando, ao sair do plantão, ver pessoas em  um bar próximo ao SAMU aglomeradas e sem máscara.
Cansado, ele diminuiu o ritmo de plantões nesta chamada “segunda onda” da pandemia “devido à desvalorização profissional” e por causa da exaustão. 

Fotos: arquivo pessoal

Socorrista Girlano França com seu companheiro de trabalho

“Na primeira onda eram muitos casos de gente que entrava conversando na ambulância dizendo que não queria morrer. Hoje as pessoas ficam com um pânico muito maior diante da falta de vagas. Está todo mundo abalado, mexe com tudo, emocional, físico e a desvalorização dá um desânimo maior. 
Alex conta que, devido à falta de leitos, as equipes do SAMU estão enfrentando dificuldades nos hospitais.

“Está tendo um desgaste muito grande das Equipes do SAMU com as equipes dos hospitais dizendo que não pode receber porque não tem vagas. Ambulância fica retida porque o paciente fica dentro da ambulância. O sistema fica prejudicado porquê naquele momento outra pessoa fica precisando ser socorrida e ambulância fica parada”, acrescenta Francisco Alex. 

De acordo com a Fundação Municipal de Saúde, a fila de espera por leitos para pacientes graves com Covid-19 chegou a 187 pessoas em Teresina no final de semana. Atualmente, 100% dos leitos de UTI estão ocupados.

Francisco Alex

Mais de 500 ocorrências Covid em março 

Dados obtidos pelo Cidadeverde.com junto à Fundação Municipal de Saúde, mostram que até esta segunda-feira (22), 555 ocorrências de pacientes com Covid foram atendidas pelo SAMU de Teresina. A média é de 45 atendimentos por dia. 

Em fevereiro a inúmero de ocorrências foi 424, média de 15 por dia. 

Em janeiro, foram 255 ocorrências, com 8 por dia. 

No mês de dezembro o SAMU de Teresina atendeu 209 ocorrências Covid, em média 6 por dia.

 

Por Izabella Pimentel
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