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Mãe de bebê queimado afirma que seita seguia um profeta que tem 12 anos

Foto: Arquivo Pessoal


Novas descobertas no caso do bebê de 1 ano e 9 meses que foi queimado em suposta seita no povoado São Bento, zona rural de Teresina. A conselheira Socorro Arrais, informou ao portal Cidadeverde.com, na manhã desta quarta-feira (23), que a mãe contou em depoimento no Conselho da Zona Leste, que a família do marido cultuava um profeta que era um adolescente de 12 anos. 

“Segundo a mãe do bebê, eles cultuavam um adolescente que é membro da família que se dizia profeta e era uma espécie de Deus para eles. Era uma espécie de seita, eles faziam ritual de orações, faziam jejum total sem alimentação, higiene e sem consumo de água, afirmando que queriam quebrar uma maldição”, disse Socorro Arrais.

No depoimento, a mãe garantiu que chegou a questionar que o jejum prejudicaria o bebê – Wesley Carvalho Pereira - mas não foi ouvida. “Ela disse que eles afirmaram que o jejum era para os adultos e crianças”, disse Socorro.

Na residência morava cerca de 10 pessoas da mesma família entre os pais, avós, tios e tias do bebê. Eles frequentavam uma igreja evangélica, mas estavam afastados e isolados. 

“A mãe tem 23 anos, contou sua versão e disse que foi coagida. Ela disse que entregou o bebê para o pai levar para o hospital, ela estava fraca, debilitada, e retornaram sem a criança. Ela disse que saíram com a criança, o pai, os avós e o suposto profeta. Eles garantiram pra ela que eles jogaram o corpo do bebê em uma caieira de fogo”.

É estarrecedor

A conselheira Socorro Arrais, que tem 12 anos de trabalho em defesa da criança e do adolescente, classificou como um “ritual macabro”.

“Não se sabe se a criança ao ser jogada no fogo estava viva ou morta. O bebê poderia estar desmaiado de fome, agora só a polícia vai saber. É estarrecedor, assustador e esse crime não pode ficar impune”, disse a conselheira.

Peritos encontram material

Os peritos do Instituto Criminalística estiveram no local onde o bebê Wesley de Carvalho teria sido queimado. A localização foi apontada pelo pai da criança. No local, os peritos e policiais da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) encontraram material que passará por exame de DNA, que posteriormente será utilizado para confirmar se pertence ao bebê que teria sido cremado. 

O delegado Matheus Zanatta, gerente de Polícia Especializada, disse que a polícia trabalha com algumas hipóteses que foram levantadas por testemunhas e pelos pais da criança. Entre essas hipóteses está a de que a criança morreu de fome após passar 14 dias em jejum. 

“Já o pai da criança afirma que ela morreu de causas naturais, que ele e a mulher encontraram a criança na rede já sem vida. Por conta disso, decidiram fazer a cremação da criança”, relatou o delegado. 

Desaparecimento de Wesley 

O delegado Matheus Zanatta havia informado na sexta-feira (18) que a polícia trabalha com a hipótese de homicídio com ocultação de cadáver em relação ao caso do bebê de 1 ano e 9 meses, Wesley Carvalho Ferreira.

A família alegou que a criança teria sido sequestrada na praça da Bandeira, no Centro de Teresina, no dia 29 de dezembro de 2021. Um dos pontos que levantou a suspeita da polícia, é que o Boletim de Ocorrência foi registrado apenas no dia 9 de fevereiro, 42 dias após o suposto sequestro, e foi a tia da criança que registrou a ocorrência. Além disso, nenhum pertence do casal foi levado pelos supostos criminosos.

A família morava em Altos, mas após o desaparecimento da criança se mudou para a cidade de Teresina. A polícia já realizou uma perícia na casa de Altos, para tentar encontrar provas do que pode ter acontecido com a criança, inclusive encontraram várias roupas jogadas em um terreno. Essas roupas foram recolhidas pela perícia.

A Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente (DPCA) prendeu nessa segunda-feira (21), os pais e dois avós do bebê Wesley Carvalho Ferreira. 

 

Yala Sena e Nataniel Lima
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