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Bárbara do Firmino sofre ataques na rede social, mas desde Alberto Silva há alianças improváveis

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Foto: Renato Andrade/Cidadeverde.com

Por Yala Sena

A deputada estadual, Bárbara Carvalho da Silveira Soares Macêdo, a Bárbara do Firmino (Progressistas), 29 anos, enfrenta pela primeira vez a fúria de internautas, que beira a crime de injúria. Desde que anunciou apoio a pré-candidatura de Fábio Novo (PT), à prefeitura de Teresina, a parlamentar é atacada nas redes sociais com falas violentas, sexistas, que tentam difamá-la. 

Expressões como “traíra”, “imatura e sem virtudes”, “sem caráter”, “deputada bananeira”, “Barbará do PT e da Lucy” são algumas das expressões vistas na rede social. Recém-chegada à política, Bárbara é filha do ex-prefeito de Teresina, Firmino Filho, que morreu em 2021. 

Alianças improváveis não são uma coisa nova para a política piauiense. O Cidadeverde.com resgata fatos marcantes que causaram surpresas, uma verdadeira reviravolta, unindo rivais ferrenhos em um mesmo palanque. A diferença este ano são os ataques virtuais em que internautas podem ser identificados e punidos. 

Na década de 70 e 80, a aliança entre Alberto Silva e Lucídio Portella era impensável. Adversário fervoroso, Lucídio chegava a dizer que iria banir Alberto Silva da vida política. Na campanha eleitoral de 1986, os dois deixaram as desavenças de lado e montaram uma chapa vitoriosa sendo Alberto Silva governador e Lucídio Portella de vice, que marcou a história política do estado.

Em 1998, após várias articulações, finalmente o PSDB, pela primeira vez, firma aliança com o PT em uma chapa majoritária ao governo do estado. Na época, o candidato tucano era o Francisco Gerardo e o vice foi o professor Antônio José Medeiros (PT).

Já em 2002 outra surpresa, o governador Hugo Napoleão, na época do PFL, tentando à reeleição, fecha apoio com o PSDB, que indicou o nome de Fernando Said como vice de Hugo, causando novamente impacto na conjuntura estadual. 

A recente aliança entre Lula e Geraldo Alckmin, a surpreendente anunciou do então governador de Pernambuco Eduardo Campos a filiação de Marina Silva ao PSB são exemplos de líderes de espectro político diferentes que podem estar no mesmo palanque.

PT deu uma guinada à direita

O professor Ricardo Arraes, cientista político e professor da Universidade Federal do Piauí (Ufpi), destacou que o PT não é mais um partido fechado.

“Antes, o PT tinha uma visão segregacionista, não aceitava nomes de direita e a escolha era centrada na ideologia. Hoje, o PT deu uma guinada à direita e abriu-se total, por isso é natural essa aliança com a Bárbara”, disse. 

Ricardo Arraes lembrou que cientistas políticos como Giovanni Sartori e Maurice Duverger classificam alianças  entre partidos de espectros divergentes como “esdrúxula”. 

“Qualquer movimento da Bárbara que não seja em uma direção que não fosse a do pai, terminaria gerando esse ruído como está acontecendo agora. Para além dessa questão sexista, porque nós tivemos a filiação de outros deputados para a bancada do PT e não teve a mesma reverberação. Até porque Teresina não é basicamente o colégio eleitoral desses outros deputados que emigraram para o PT. Aqui não. Aqui é o colégio dela. Aqui é onde ela teve uma quantidade expressiva de voto”, disse Arraes.

O secretário Estadual de Planejamento e cientista político, Washington Bonfim, atribui os ataques ao sexismo e também por ela ser jovem. 

“Ela é muito grande e carrega consigo um histórico do melhor gestor que Teresina já teve, que morreu de forma trágica. A grandeza confere essa raiva, essa atitude desproporcional, inclusive do ponto de vista ético porque ataca a família e a pessoa. E esses ataques não deixam de ser a questão da juventude e de ser mulher. A atitude dela é um ato de coragem que reafirma a liderança. Isso mais do que tudo vindo de uma mulher jovem ofende um patriarcado”. 

“É uma tentativa de desqualifica-la, o que é pesaroso já que é uma família que carrega uma dor, e que vai levar essa dor para todo o sempre. É cruel. Fazer desqualificação política é do jogo, mas nesse nível me parece antiético e não acrescenta em nada ao debate que interessa a população”, disse Washington Bonfim.  

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