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Médicos da rede municipal realizam paralisação e cobram melhores condições de trabalho

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Foto: Ascom/FMS 

Por Adriana Magalhães, Rebeca Lima e Francisco José (TV Cidade Verde) 

Atualizada às 9h15

Os médicos da rede municipal de Teresina realizam, nesta segunda-feira (22), uma paralisação de advertência nos serviços eletivos. Em nota, a Fundação Municipal de Saúde (FMS) destacou que já foi acordado um edital de concurso e que a remuneração dos médicos do município é a maior do Nordeste. (Veja nota na íntegra no final da matéria) 

No Centro Integrado de Saúde Lineu Araújo, os pacientes chegaram cedo para realizar consultas e exames, aqueles que estavam com agendamento para realizar exames laboratoriais conseguiram atendimento, já as consultas precisaram ser reagendadas. 

A dona de casa Lidia Maria da Silva Castro chegou no centro Integrado as 5h, acompanhada do esposo. 

"Deixei meu neto de quatro anos, autista, com a minha sogra de 84 anos. A orientação deles é esperar até o médico se pronunciar se vai vir trabalhar ou não. E estamos aqui esperando. A gente deixa crianca em casa, deixa trabalhar para vir para cá e é esse descaso", desabafou.

Flávio de Jesus Silva acompanhou a mãe, Valdeci de Jesus Silva, de 88 anos, até o Lineu Araújo, para uma consulta com um nefrologista. A idosa mora no bairro Monte Castelo e tem uma cardiopatia grave e por ordens médicas não pode fazer esforço físico. 

"Minha mãe tem só uma veia no coração. O médico disse que ela já nasceu assim, mas só agora que foi descoberta. Ela não pode caminhar e nem subir escadas, mas fizemos tudo isso em vão, aqui hoje", disse o filho. 

Foto: Renato Andrade/ Cidadeverde.com

Quem também acompanhou um familiar para realizar consultas foi Geici Oriano. A jovem levou o pai, Francisco das Chagas Oriano, 75 anos, para dar o retorno de uma consulta com o nefrologista.

"Faltei ao trabalho para trazer meu pai na consulta. E é falta mesmo, porque aqui eles não dão atestado para acompanhante. Dia 25 vou ter que faltar novamente, para trazê-lo de novo", disse. 

Foto: Renato Andrade/ Cidadeverde.com

Em nota, a Fundação Municipal de Saúde (FMS) informou que ficou acordado o lançamento do edital para o mês de março. Segundo o site Glassdoor, a remuneração paga aos médicos do município de Teresina é a maior entre todas as capitais do Nordeste. Além disso, a FMS está elaborando um Plano de Ação para solucionar as condições de trabalho dos profissionais.

Confira nota na íntegra: 

A Fundação Municipal de Saúde (FMS) esclarece que, em relação às reivindicações da categoria médica, foi realizada a reorganização do quadro de pessoal após levantamento “in loco” em todas as unidades de saúde do município da real necessidade de pessoal da instituição, com a aprovação da Lei nº 6.051/2023. Assim, ficou estabelecido junto ao SIMEPI o cronograma de Lançamento de Edital para o mês de Março/2024.

Quanto à questão salarial, as tratativas estão em tramitação junto à Prefeitura de Teresina para avaliação técnica e possibilidade de elaboração de um cronograma de implementação. Destacamos ainda que foi realizada reunião no dia 12 de janeiro com o Sindicato dos Médicos onde ficou acordado um cronograma de execução do concurso em comum acordo com o sindicato, com um entendimento comum do cronograma de execução com pauta prioritária esse tema, seguido da questão salarial de acordo com a disponibilidade orçamentária. 

A FMS registra ainda que, segundo o site Glassdoor, a remuneração paga aos médicos do município de Teresina é a maior dentre todas as capitais do Nordeste. Por fim, no que se refere às condições de trabalho, a nova gestão da FMS está elaborando Plano de Ação de curto, médio e longo prazo para a solução das condições de trabalho dos profissionais e do atendimento à população.

Os pacientes que não são atendidos em virtude da paralisação dos médicos já saem do local com a próxima consulta agendada.

Em entrevista ao Notícia da Manhã, o diretor do Sindicato dos Médicos do Estado do Piauí (SIMEPI), Renato Leal, destacou que a principal reivindicação da categoria é um concurso público, reajuste salarial e melhorias nas instalações das unidades de saúde.

“É uma paralisação decidida pela categoria médica em relação ao cumprimento das promessas do prefeito. Ele, na época de campanha, prometeu a implantação do piso FENAM, concurso público e melhorias nas instalações das unidades de saúde. Até agora, nada foi feito. Entendemos que no início, o primeiro ano de seu governo foi pandêmico, no segundo ano ainda houve reflexo da pandemia. No terceiro ano, sentamos, foi ano passado, e ele elaborou até um acordo que foi encaminhado para o sindicato e aprovado pela categoria. No entanto, logo depois, enviou outro documento dizendo que não poderia ser cumprido”, pontuou.

Renato Leal acrescentou ainda que o prefeito de Teresina, Dr. Pessoa, teria feito uma alteração na carreira médica que não foi aceita pela categoria.

“Ele prometeu lançar o edital do concurso em outubro e não o fez. Sabemos que este ano é um ano eleitoral e há um tempo muito curto para isso. O que mais nos incomodou foi que ele encaminhou um projeto de lei complementar para a câmara e, nesse projeto, ainda alterou a carreira médica. Descobrimos que foi feito outro projeto de lei alterando, que seria votado com urgência. Ele se comprometeu a enviar, mas não enviou essa alteração e agora é um imbróglio”, destacou.

O diretor esclareceu ainda que na sexta-feira (19) houve uma reunião da categoria com a prefeitura, e foi negociado um acordo que deve ser votado em assembleia na quarta-feira (24). Nessa próxima assembleia, a categoria decidirá se realiza outra paralisação, greve ou encerra o movimento.

“Na sexta-feira (19), ele nos chamou para negociar. Foi negociado, mas ele ainda enviará um acordo para ser apreciado na assembleia nesta quarta-feira. No entanto, essa paralisação já havia sido determinada e, além disso, até agora não recebemos o documento. Esperamos que ele o envie, e na quarta-feira, a categoria se reunirá para decidir se aceita e como será o movimento”, finalizou.

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