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Caso Itallo Bruno: entenda o acordo de delação realizada pelo influencer

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Foto: Reprodução redes sociais

Por Bárbara Rodrigues

A Polícia Civil surpreendeu ao revelar na terça-feira (23) que realizou uma colaboração premiada (delação premiada) com o influencer Itallo Bruno. Com o acordo, ele deixa de responder penalmente pelos crimes de jogos de azar, lavagem de dinheiro e organização criminosa. 

Segundo a polícia, Itallo Bruno confessou sua participação nos crimes e deu informações importantes que vão ajudar a polícia a realizar novas investigações relacionadas aos jogos de azar.

O caso repercutiu bastantes nas redes sociais, e o Cidadeverde.com explica melhor sobre como funciona a delação.

Início da investigação

A investigação se iniciou em agosto de 2023 e seguiu até o mês de janeiro deste ano, quando no dia 11 foi deflagrada a "Operação Jogo Sujo", com foco nos jogos de azar, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

Foram presas 10 pessoas na operação. Entre os presos estava Itallo Bruno, influencer que tinha mais de 700 mil seguidores nas redes sociais e chegava a fazer as rifas de R$ 0,20 a R$ 0,40, com sorteio de casas, motos e carros. Seu pai, mãe, irmão, um amigo e a ex-namorada também foram presos na ação policial. 

A delação

A defesa do influencer decidiu fazer um acordo com a polícia e o Ministério Público, com a realização de uma colaboração premiada (delação premiada). Com isso, o influencer colabora com a investigação, passando detalhes sobre o esquema criminoso. 

Em troca, ele recebe alguns benefícios, no caso do Itallo ele e a família não irão responder uma ação penal por lavagem de dinheiro, jogo de azar e organização criminosa. Para o acordo, ele teve que entregar todos os bens que foram adquiridos de forma ilegal, por meio de jogos de azar, estimado em R$ 5 milhões.

Foto: SSP

“Nessa delação as partes cedem algo para o bem comum.  Ele abriu mão da totalidade dos seus bens, além de um bem de família. Ele reconheceu os crimes cometidos, como lavagem de dinheiro, organização criminosa, e o jogo de azar”, afirmou o delegado Humberto Mácola, na coletiva realizada na terça-feira.

No total, cinco pessoas fizeram o acordo com a Polícia Civil. São eles: Itallo Bruno, seu pai, sua mãe, sua irmã e o amigo Vinícius. Todos representados pelo advogado Lucas Villa. Outras seis pessoas não assinaram termo de colaboração premiada com a Polícia Civil e continuam sendo investigadas. 

Com o acordo, o influencer ainda conseguiu autorização para voltar a atuar nas redes sociais. E ainda na terça-feira (23) fez um novo perfil. 

Foto: Renato Andrade/Cidadeverde.com

 

O que Itallo Bruno relatou para a polícia

A polícia afirmou que com a colaboração premiada, o influencer deu informações que irão ajudar na realização de novas investigações. Como as informações repassadas são sigilosas, os delegados não entraram em detalhes sobre o que Itallo informou, mas seria envolvendo os jogos de azar.

Segundo a polícia, ele ainda admitiu sua participação nos crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa.

“Ele deu elementos novos, abriu um leque e horizonte para novas investigações. Não iremos pormenorizar, porque é objeto de segredo de Justiça”, disse Humberto Mácola sobre a colaboração premiada, que completou que “houve avanços, haverá avanços, essa colaboração premiada garantirá o avanço da investigação, pois ela em momento nenhum pode parar”.

O que vai acontecer com os bens apreendidos

Para conseguir o acordo com a polícia, o influencer também teve que abrir mão de todos os bens, que conseguiu de forma ilegal com os jogos de azar, cerca de R$ 5 milhões em carros, motos e imóveis.

“Os bens que Itallo abriu mão serão revestidos para a Secretaria de Segurança Pública e grande parte dos valores vão retornar para a sociedade por meio de ações sociais”, esclareceu o delegado.

Envolvimento com facção criminosa

Durante a investigação, a polícia descartou o envolvimento de Itallo e de sua família com uma facção criminosa.

Essa situação chegou a ser cogitada devido à negociação de um carro, mas foi apurado que o influencer não sabia que era uma pessoa envolvida com facção

O que defesa disse

Ontem, o advogado Lucas Villa, afirmou que Itallo reconheceu o seu erro que ele planeja voltar as atividades de forma regular, seguindo a lei.

“Ele está tentando dar a volta por cima, é uma pessoa jovem, que começou do zero, mas de forma muito amadora. Agora ele vai explorar as atividades, mas dentro da lei. Foram dois anos de forma amadora e conquistou muito, mas agora será com assessoria adequada e dentro da legalidade”, afirmou Lucas Villa.

Foto: Renato Andrade/Cidadeverde.com

Ele explicou ainda que o acordo vai ajudar a polícia em novas investigações no estado.

“Com esse acordo, o Itallo Bruno, seus familiares e o Vinicius, amigo do Itallo, colaboraram com as investigações e em contrapartida receberam alguns benefícios. O principal benefício é que não irão mais responder mais pelos crimes, e em contrapartida colaboramos com as investigações, colaboramos para que avancem no esclarecimento de outras práticas delituosas que ocorrem no estado do Piauí. Ele vai poder voltar as suas redes sociais, inclusive com autorização para fazer as rifas, desde que autorizado pelas autoridades competentes”, destacou.

Polícia defende acordo

Sobre as críticas em relação ao acordo, apesar da comprovação dos crimes, a polícia afirmou que não se trata de um caso de impunidade, e que a colaboração premiada ajudará a sociedade.

“O instituto da colaboração premiada é lícito e foi criado em 2013 para o avanço das investigações e para a sociedade ter noção do que estava acontecendo. Nesse caso não será um aval, é uma advertência de uma contravenção penal. Ele retornando regularizado, de forma legal, ele estimulará a regularização de outras pessoas. A colaboração visa isso, de que as partes cedam para que o bem comum prevaleça, e nesse caso, o bem comum prevalecerá com o reconhecimento do indiciado que estava fazendo algo errado, e que reconhecendo isso, tem o compromisso de que regularizar essas práticas. Não há o que falar em impunidade, mas em avanço da investigação, a ressocialização dessa pessoa, de que agora ela vai cair em si. Melhor a colaboração, ou seguir com um processo que pode se arrastar”, declarou o delegado Mácola.

Investigação continua

Agora a investigação vai continuar, já que outras seis pessoas não assinaram termo de colaboração.

"Eles não assinaram acordo de colaboração premiada e serão indiciados pelos crimes a eles imputados. Alguns já foram postos em liberdade, porque apresentaram as informações solicitadas pela polícia", acrescentou o delegado Humberto Mácola.

Foto: Renato Andrade/Cidadeverde.com

Retorno as redes sociais

Itallo já retornou para as redes sociais. Ele criou um novo perfil no Instagram e já possui mais de 130 mil seguidores.

 

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