Cidadeverde.com

“Precisamos tratar o agressor”, diz delegada Eugênia Villa sobre feminicídio

Imprimir

Foto: Rebeca Lima/Cidadeverde.com 

Por Rebeca Lima

Em entrevista ao Notícia da Manhã, a delegada Eugênia Villa, criadora da 1ª delegacia de investigação de feminicídio do país em Teresina, destacou que os crimes contra a mulher continuam ocorrendo diariamente e uma das alternativas para a redução seria tratar o agressor.

“Hoje eu já estou mais reflexiva acerca disso [aumento de casos de feminicídio] e estou cada vez mais me convencendo de que talvez a gente tenha que girar essa chave novamente. A lei Maria da Penha já vai completar a maior idade, e nós temos que pensar em novos caminhos, e um dos caminhos, a lei Maria da Penha já prevê, que é justamente tratar o homem, o agressor”, pontua.

Neste último final de semana, duas mulheres foram vítimas de violência em menos de 24 horas no Piauí. No sábado (9), uma mulher de 51 anos, identificada como Salvadora Martins, foi morta estrangulada. O namorado da vítima, identificado pelas iniciais L.R.M., tentou cometer suicídio e confessou o crime após ser preso em flagrante. Já no domingo (10), outra mulher sofreu uma tentativa de feminicídio no Lourival Parente, zona Sul de Teresina. Segundo informações da Polícia Militar do Piauí (PM-PI), o marido da vítima tentou matá-la com uma faca e depois fugiu do local.

De acordo com a delegada, o problema é estrutural, e o tratamento precisaria ser mais radical para que o agressor não crie mais uma relação de poder contra a mulher.

“A prisão não está funcionando para isso, os homens matam e se matam. Aqui no Piauí, é muito comum a automorte, chega a esse ponto. Então é sinal de que a prisão não resolve, é preciso um tratamento mais radical, pedagógico para além da prisão, mesmo que ele seja preso, que dentro da prisão, que nós então pratiquemos algo mais, que ele mude essa visão de que tem o direito de matar uma mulher”, acrescenta.

Eugênia Villa reforça que a educação não é meio exclusivo para a erradicação do crime, mas que os homens também precisam liberar os espaços de poder para as mulheres.

“Do que adianta nós promovermos uma educação para liberdade nas escolas se o aluno ou aluna ver do lado de fora da escola mulheres que não estão ocupando espaço de poder? Então ele vai se deparar com uma dura realidade. Então, do que adianta eu estar na educação se nós mulheres não nos aventurarmos nesses espaços de poder, se esses homens também não cederem espaço para nós”, ressalta.

Você pode receber direto no seu WhatsApp as principais notícias do CidadeVerde.com
Siga nas redes sociais