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“Bem Amado” faz sátira a corrupção e deveria virar cartilha nas eleições

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Por Yala Sena
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Esqueçam a tão falada lei eleitoral e os alertas para a compra de votos. Sem dúvida, a cartilha para o eleitor nesta campanha eleitoral é o filme “O Bem Amado” (1973), longa baseado na obra de Dias Gomes, sucesso da telenovela, e que chega aos cinemas.





Em época de eleição, nada mais atual e didático do que as trapaças do prefeito corrupto, Odorico Paraguaçu, da pequena cidade de Sucupira, interior da Bahia. Não é um filme político, mas uma constatação do que leva um mau voto.

Dirigido por Guel Arraes, o filme faz uma sátira a corrupção e conta com a desenvoltura coronelista e caricatural de Marcos Nanini no papel de Odorico.





A drama se passa entre 1961 a 64, no entanto, é um retrato atualíssimo para uma geração que convive como flagras de propinas, venda de votos,  dinheiro em cuecas, caixa 2, superfaturamento e conchavos escusos. Creio que todo brasileiro, e principalmente o piauiense, deve ir ao cinema e assistir o longa.





O filme conserva o tom da farsa e traça um paralelo entre Sucupira e o Brasil. No entanto, o “Bem Amado” do século 21 passou por remodelagens.  As irmãs Gajazeiras Andréa Beltrão, Drica Moraes e Zezé Polessa viraram peruas, uma delas alcoólatra, mas continuam pudicas e beatas na missão de levar Odorico para o altar.


Zeca Diabo, que ficou imortal com Lima Duarte, ganhou acidez e secura na interpretação de José Wilker.  É um filme engraçado, divertido, e uma adaptação inteligente. Certa vez, Dias Gomes falou que Zeca Diabo é a “justiça bruta do povo” e “um justiceiro sem consciência social”. Wilker conseguiu incorporar isso no personagem.


 


Odorico é um político corrupto, ardiloso que se utiliza de artimanhas para conseguir o que quer. A história é narrada por Neco Pedreira (Caio Blat), um jovem que se apaixona por Violeta (Maria Flor), a filha do prefeito, moça moderna que estuda na capital. Os dois vivem um romance proibido enquanto Odorico sonha em abrir o cemitério, sua principal obra. Por falta de defunto, o prefeito nunca consegue realizar sua meta. Odorico arma situações para que alguém morra, inclusive importando um moribundo.





Estilo cordelístico 


O resto é só assistindo. O autor não poupa nem governistas e nem oposição. Todos são colocados numa mesma balança de corrupção. Todos fazem safadezas. É brilhante a atuação de Matheus Nachtergaele como Dirceu Borboleta. O estilo cordelístico no diálogo entre Violeta (Maria Flor) e Neco (Caio Blat), casal romântico, também agrada os ouvidos.


Tenho uma queda pelo cinema popular brasileiro, apesar de muitos torcerem o nariz. Cinema que nem faz o Guel Arraes, Fernando Meireles sempre são necessários.


O filme é pra rir e refletir. É uma paródia do Brasil de hoje. Tudo parece roteiro atual mesmo sendo escrito na década de 70. Como diz Odorico, o importante não é o pratrasmente, mas o prafrentemente. Vá ao cinema e tire suas conclusões...


 

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