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Pai de Fernanda diz que convite para ela ir a obra foi verbal e no bar

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O pai da estudante Fernanda Lages, Paulo Lages, veio a Teresina nesta quarta-feira (5) acompanhar as investigações sobre a morte da filha de 19 anos, encontrada no dia 25 de agosto nas obras do Ministério Público Federal. Acompanhado do advogado Lucas Villa, ele foi conversar com a equipe da Comissão Investigadora do Crime Organizado - Cico - que acompanha o caso. Antes, concedeu entrevista para a jornalista Dina Magalhães, da Revista Cidade Verde, na qual levanta dúvidas sobre o vigia da obra, acredita na premeditação do crime e afirma estar "sobrevivendo" após a tragédia na família. 


Fotos: Renan Nunes/Revista Cidade Verde

Sobre a morte de Fernanda, Paulo Lages acredita que tudo estava tramado antes mesmo da chegada ao bar Pernambuco, última parada da jovem antes de ir até a obra do MPF na madrugada. Para o pai, se a filha não foi chamada pelo telefone para o local do crime, o convite partiu verbalmente. "A partir da saída dela para esse bar (...) acredito que tenha sido um crime premeditado. No meio dessas pessoas que estavam sempre tinha aquela encarregada de levar, de trazer ou de passar informação", desconfia. "Ela não foi para um lugar a esmo. Ela foi para lá na certeza de que foi encontrar alguém que ela conhecida.  (...) Quando ela viu que na verdade era outro fim, já foi tarde".  



Determinação
A nova viagem a Teresina tem também como objetivo reforçar que o crime não pode ficar impune. "Se for realmente, como a gente acha também que sejam pessoas influentes, tem que pagar. A família não vai aceitar. Nós vamos mover céus e terras para que pelo menos a gente consiga dar esse conforto a ela. (...) Nós temos que acreditar naquilo que a Justiça tem em mãos e levar realmente os criminosos, sejam eles ricos ou pobres, ou preto ou branco, ou do olho azul ou do olho preto, eles terão que pagar.", declara o pai.

"Se a pessoa que cometeu isso achou que a Fernanda não tinha família, se enganou. Se achava que ela vivia jogada em Teresina, sem nenhum tipo de assistência, se enganou também," acrescenta.

Ingênua
Paulo Lages não crê em "queima de arquivo", apesar de não descartar tal hipótese. "A Fernanda, o que tinha de 'boniteza' externa ela tinha de ingenuidade. Não tinha uma pessoa que ela não falasse: é minha amiga".


Ex-vereador do município de Barras, o pai da vítima lança mais dúvidas sobre o depoimento do vigia da obra. "Quem garante realmente que a Fernanda chegou lá só? A história do vigia? (...) O vigia é conivente de duas formas. Ele é conivente em ter participado e saber o que aconteceu", aponta. Paulo Lages acredita que ele pode ter sido orientado para seus depoimentos. 

Impunidade
Paulo Lages também não crê que o crime ficará impune pela dimensão que tomou. "Eu nunca ouvi falar em termos de uma pessoa ser assassinada, principalmente uma jovem, que esse crime tenha tomado tantas proporções. Esse crime já ultrapassou a barreira da capital. Ele tem realmente que ser desevendado. Está em jogo não só a vontade da família de achar o criminoso como também dos governantes".

O pai da jovem também falou da dor que ainda enfrenta. "Só me resta isso. Eu não estou vivendo, estou sobrevivendo. Tem uma diferença nisso aí. Ela era tudo pra mim. (...) 
A Fernanda era o xodó do pai, é diferente (...) A gente acorda e vê que aquilo é a realidade, dá vontade de sumir".

Fábio Lima

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