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Golpe contra idosos seria liderado por advogados; cinco escritórios são alvos do Gaeco

Foto: Arquivo Cidade Verde

Atualizada e ampliada às 12h01

A operação deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Estado, cumpriu mandados de busca e apreensão em cinco escritórios de advocacia na região de São Raimundo Nonato (a 500 km de Teresina). Segundo o Gaeco, a organização criminosa seria liderada por advogados. 

O coordenador do Gaeco, promotor Rômulo Cordão, explicou ao Cidadeverde.com que aposentados com empréstimos bancários seriam cooptados supostamente por advogados, para entrarem com ações no Juizado Especial de São Raimundo Nonato, para pedir anulação dos empréstimos informando que não teriam autorizado o desconto, mesmo tendo sido realizado de forma espontânea.  

"Essas ações faziam o Judiciário incorrer em erro, contestando a agência bancária que não tinha tempo hábil de responder, por ter muitas ações, precisando mostrar cópias desses contratos e assim os advogados ganhavam ações por danos morais e ficando com a maior parte desse dinheiro", explicou Rômulo Cordão. 

O promotor informou ainda que a suspeita recorre em cerca de 16 mil ações que tramitam na justiça de São Raimundo. Cada grupo liderava de mil a quatro mil ações. 

Foto: Ascom MPPI

Foram cumpridos até o momento 29 dos 30 mandados de busca e apreensão sendo recolhidos documentos, mídias, aparelhos celulares nos municípios de São Raimundo, Teresina, São João do Piauí, Dirceu Arcoverde, Bonfim do Piauí e Juazeiro da Bahia. 

O coordenador do Gaeco informou ainda que a maior parte dos aposentados não tinha ciência do golpe, mas alguns sabiam. "Os que sabiam eram atraídos por um trocado fácil, mas grande parte é analfabeta e não entendiam muito bem o que estava acontecendo e se deixavam levar pela conversa dos advogados", disse Rômulo Cordão. 

Os aposentados são chamados de coiotes e por isso o nome da operação.

A Comissão de Prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil, secção Piauí, foi informada da operação e está acompanhando toda ação in locu

Nesta sexta-feira(17) haverá uma entrevista coletiva em Teresina com o balanço da operação.   

Nota de esclarecimento da OAB-PI

A Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Piauí, expressa a sua preocupação com a abordagem do assunto, antes mesmo da comprovação do envolvimento criminoso dos advogados.  É preciso ressaltar que o julgamento deve ficar a cargo da Justiça. O benefício da dúvida, presunção de inocência, contraditório e ampla defesa, valores e princípios constitucionais de alta relevância para a sociedade brasileira, devem ser aplicados pelos responsáveis pela investigação em toda a sua extensão e profundidade, em busca da verdade material, inclusive pela imprensa.

A OAB Piauí não vai se eximir da apuração dos fatos. Será feito todo o acompanhamento do andamento do inquérito policial, com o objetivo de assegurar o correto tramitar do processo e os direitos dos advogados. Estaremos, inclusive, na cidade de São Raimundo Nonato, para ter acesso a todos os elementos da investigação, no que diz respeito à atuação dos profissionais inscritos na Ordem, a fim de averiguar a existência de provas materiais contra as suas condutas. 

Garantimos que toda e qualquer acusação contra os advogados serão devidamente apuradas. Porém, não podemos compactuar com qualquer tentativa de desmoralização da advocacia piauiense e brasileira.

Por fim é importante dizer ainda que qualquer profissional que infrinja a Constituição, Código de Ética e o Estatuto da Advocacia sofrerá as devidas sanções previstas, sem prejuízo do contraditório e da ampla defesa. Mas, com o mesmo rigor, sempre que qualquer colega advogado ou advogada tiver suas prerrogativas violadas, ou for acusado de algum delito sem provas concretas e sem a oportunidade de uma ampla defesa, a OAB Piauí se posicionará em busca da verdade e da Justiça.

 

Caroline Oliveira
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